terça-feira, 30 de setembro de 2008

Tá na rede... é candidato

E por falar em inovações na campanha eleitoral de 2008 não se pode deixar de falar no uso da Internet. Os candidatos se viram obrigados a utilizar apenas um site dedicado à apresentar suas propostas. Nada de blogs ou Orkut.

Virou pauta:

Fatos e versões

Antes do post:

Como diz nas entrelinhas a frase ali acima, este blog NÃO é um blog jornalístico. O acúmulo de posts sobre as eleições é mera coincidência pois, afinal de contas, sou jornalista e, atualmente, cubro Política.

A idéia original, ainda na primeira versão deste local, era só expressar minhas opiniões sobre "de tudo um pouco". Inclusive, sobre jornalismo. Repito isso porque me reclamaram que ando falando pouco sobre música, televisão, futebol e outras tranqueiras tradicionais destas paragens virtuais. Mas ali abaixo já lasquei um widget sobre "Lost" (tudo bem que a contagem regressiva que deveria aparecer não tá funcionando, mas isso é mero detalhe).

Bom, dito isso, vamos ao novo post, que é sobre... política! :)

Domingo passado, antes e após o debate com os candidatos de Florianópolis vivenciei um curioso fenômeno. Nos corredores e no estacionamento da RIC Record conversei com assessores de campanha dos seis candidatos presentes ao duelo verbal. Três deles, uma taxa de 50%, me garantiram que "pesquisas internas" apontam os respectivos assessorados no segundo turno.

Ontem, entrevistando o coordenador de uma das campanhas, ouvi isso novamente. Não me aguentei e mandei bala:

- Bom, ou todos vocês estão me mentindo ou quem faz as pesquisas para vocês é quem mente. Só há duas vagas - na prática, uma - no segundo turno. Como é que três estariam classificados?

Fatos e versões. Mistérios e intrigas. Vou sentir saudade desta vida de repórter. De Política.

Candidatos ao mar

Com todas as alterações que a Justiça Eleitoral impôs para esta eleição o processo ficou "engessado". A reclamação é de partidos, candidatos e, reconheço, de nós da imprensa também. Mas não se pode negar que as rígidas determinações deram mais qualidade e transparência à corrida por vagas nas câmaras e prefeituras. E para ganhar a atenção do eleitorado, já que showmícios - Deus seja louvado! - estão proibidos, foi preciso improvisar.

E neste ponto, a única novidade veio da coligação Amo Florianópolis (PP/PTB). A foto abaixo mostra mais uma barqueata, que Esperidião Amin e seu vice, Renato Marques, criaram. Uma boa idéia, que remonta à origem da cidade e evita as insuportáveis carreatas, barulhentas e que pioram ainda mais o trânsito de Florianópolis. A idéia, por sinal, foi adotada por Nildomar "Nildão" Freire (PT).

Foto: J.L. Cibils/Divulgação

Inovação: Menos barulho, menos trânsito

Agora, esta imagem feita pelo colega J.L. Cibils é engraçada. Notem as pernas dos candidatos. Me digam se não parece algum clipe de música baiana: "Dança da Barqueata".

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Fogo "amigo" II

Quem conhece um pouco da política de Florianópolis e passou hoje à tarde pelo Café Badesc e viu a cena abaixo pode ter se assustado. De um lado da mesa, a candidata do PCdoB, Angela Albino. No outro, o deputado estadual Edison Andrino, ex-prefeito de Florianópolis e emedebista histórico. Ou seja, integrante do partido do candidato Dário Berger.

Quem conhece um pouco mais da política de Florianópolis não se assustaria. É público e notório o fato de que Andrino não engole Berger. Isso desde que o atual prefeito da cidade migrou do PSDB para o PMDB, ano passado, à revelia do parlamentar, que presidia a sigla à época. Andrino tem aversão ao assunto e já me disse um bom número de vezes que nada tem contra o alcaide da Capital.

Foto: Luis Prates/Divulgação

Sessão da tarde: segundo turno no cardápio?

A conversa entre Andrino e Angela vai render muitas especulações. Ninguém confirma nada, mas a imagem é forte. Não se pode deixar de considerar que a candidata do PCdoB poderia estar articulando apoios para um eventual segundo turno. O resultado do Ibope, que a deixou tecnicamente empatada com Cesar Souza Junior (DEM), mesmo que em terceiro lugar, reavivou o ânimo da militância da comunista.

Claro, eles poderiam alegar que o assunto era meramente a campanha de Tiago Andrino, filho do deputado, que é da mesma sigla da vereadora. :)

Fogo "amigo"

A disputa interna na Esquerda da Capital chegou à Justiça. O PT entrou na semana passada com uma ação cautelar contra a coligação Inovar Florianópolis (PCdoB – PDT). A meta é impedir que Angela Albino use uma mensagem de apoio do presidente Lula em seu horário eleitoral.

Segundo o presidente local do PT, Gilberto Del´Pozzo, as imagens só poderiam ser usadas caso as siglas estivessem coligadas. "O Lula apóia o candidato do PT e em Florianópolis é o Nildão", disse Del´Pozzo. O dirigente me disse agora pouco ao telefone que "hoje até o Cesar Souza Junior, que é PFL [atual DEM], e sempre foi oposição ferrenha ao Lula, tece elogios ao presidente".

O coordenador da campanha de Angela, João Guizoni, lamentou o episódio. “O PCdoB apóia o presidente Lula desde 1989 e a fita veio do Palácio do Planalto endereçada à nossa candidatura. Ele reconhece o nosso apoio. Não fomos nós que pedimos as imagens. Isso mostra que o PT está equivocado”, avaliou. Insisto em dizer, a Esquerda florianopolitana errou, mais uma vez.

Debate acende a fogueira da eleição de Florianópolis

E o debate com os candidatos a prefeito de Florianópolis, ontem à noite, na RIC Record foi, sem dúvida, o melhor de todos até o momento. O clima esquentou várias vezes e, nos bastidores, surgiram até possibilidades de mudanças no atual quadro, que indica o prefeito licenciado Dário Berger (PMDB) com ampla vantagem e um suposto lugar tranqüilo no segundo turno.

Fotos: James Tavares/Notícias do Dia

Cesar Souza Junior: Primeiro erro

Como bem observou o colega Carlos Damião, infelizmente, estas informações "de cocheira" não podem ser publicadas. Candidatos e assessores, antes e após o debate, sempre contam ou deixam escapar novos dados, mais informações. Temas quentes, mas sempre, infelizmente, sem provas. A avaliação do Damião pode ser lida aqui.

Particularmente, achei que Cesar Souza Junior (DEM) cometeu seu primeiro erro de campanha. A questão para Esperidião Amin - se não seria melhor o ex-governador tentar vaga no Senado - lhe rendeu uma daquelas réplicas desconcertantes do candidato do PP, que replicou algo do tipo "vejo dificuldades na sua ida para o segundo turno".

E quando eu indaguei o democrata sobre sua eventual composição de secretariado, ele deslizou e saiu pela tangente. Gostaria de saber se ele vai convidar integrantes das outras duas legendas da Tríplice Aliança (PMDB e PSDB) apesar do racha iminente na base de sustentação do governo Luiz Henrique da Silveira. O deputado estadual foi com uma básica "terei um time competente", mas evitou entrar na polêmica.

Uma pena. Será mais uma pergunta que ficarei sem resposta, como a que fiz para Nildomar "Nildão" Freire (PT) no primeiro debate desta campanha, na TVBV. Até hoje ele não me disse como pretende governar, se eleito, sem ter a maioria na Câmara dos Vereadores.

Falando em Nildão, o homem foi para o debate com a corda toda. Chegou apostando com Afrânio que reclamaria no ar sobre o resultado das pesquisas. E não é que ele botou a boca no trombone mesmo? Disse com todas as letras que os questionários polêmicos seriam contratados à mesa do governador. Depois, bateu boca com o prefeito e elevou o tom de voz como ainda não havia feito nesta campanha. O que é isso companheiro, Nildão?


Dario Berger: Troca de farpas e afagos para "algumas" Esquerdas

O prefeito licenciado, como sempre tem feito, foi o último a chegar e o primeiro a sair. Pura estratégia. Apesar da invejável posição nas pesquisas, parece temer conversas de bastidores ou tenta evitar o contato com os adversários. Ontem, mais uma vez, foi a vítima geral. Na saída, inclusive, comentou com seu bom humor - sim, ele é bem humorado! - comigo, com o Damião e o Polidoro Júnior, que também era um dos jornalistas convidados:

- Vocês, por favor, me ajudem. Pois aqui estão todos contra mim!


Nildão Freire: Tom elevado

Berger comete um erro básico, apesar de ser um homem muito inteligente. Todas as críticas que lhe são feitas acabam inevitavelmente interpretadas como ataques pessoais. Que nada, prefeito... é assim mesmo, afinal o senhor está no lugar que os outros ambicionam ter. Aí, ao vivo, o peemedebista não tem aquele ar controlado da propaganda eleitoral gratuita. Seu nervosismo fica nítido e, mais de uma vez, a impressão que se tem é que ele vai tomar alguma atitude radical contra os opositores. A não ser que seja uma estratégia arriscada: se fazer de vítima para tentar angariar a simpatia da população. Nos resta esperar para ter certeza.


Afrânio Boppré: Questões amenas

Comentaram comigo hoje algo que me intrigou ontem. Berger aparentou uma tentativa se se aproximar - ou agradar - o PT e o PSOL. Suas questões para Nildão e Afrânio Boppré, respectivamente, foram sempre amenas. Mesmo uma troca de farpas com o petista não lhe abalou. Seria uma tática para buscar apoio das militâncias destas siglas contra Angela Albino (PCdoB)? Afinal, ela é a escolhida como nova inimiga número 1. O embate entre ambos, em alguns momentos, pareceu conseguir mudar algo que sempre foi sedimentado: o até então inabalável ar de tranqüilidade da candidata da coligação Inovar Florianópolis. Por outro lado, o resultado da pesquisa do Ibope claramente renovou Angela e seu vice, Tico Lacerda (PDT). O empate técnico com Souza Junior promete fazer desta que é a semana final uma nova campanha para a chapa.


Angela Albino: Inimiga número 1 do alcaide

E Amin? Ah, como sempre, foi o melhor em termos de retórica e bom humor. Não poupou Berger, fez caras e bocas impagáveis (pena que as câmeras não mostraram) e desfilou uma retórica sempre contundente. Ainda tenho minhas dúvidas sobre um eventual sucesso de sua campanha, mas, na conversa, ainda não existe candidato que o supere em Santa Catarina. É sempre garantia de momentos engraçados para quem está nos bastidores. Sobre ele também vou reclamar que fiquei sem resposta.


Esperidião Amin: Caras e bocas

Minha tentativa de lhe arrancar quais projetos dos adversários seriam utilizados caso fosse eleito ficou no ar, como era de se esperar. Perspicaz, não citou nenhum. Usou o espaço para responder que vai usar idéias "boas", sim. Então tá, Esperidião, fica para uma próxima.

sábado, 27 de setembro de 2008

4, 8, 15, 16, 23, 42

Quando o campeão não vence

Certas coisas, só o Brasil faz por você...

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

Durma-se com um barulho destes

Sobre o post abaixo, eis a nota oficial que a coordenação da campanha da coligação Inovar Florianópolis divulgou agora pouco. Será que a campanha vai esquentar, finalmente?

Nota de Esclarecimento Público:


Após análise da questão relativa ao uso de bens e servidores públicos pelo candidato Dário Elias Berger, a Coligação Inovar Florianópolis (PCdoB/PDT) entendeu haver elementos suficientes para ajuizar ação com pedido de cassação de registro ou diploma, pelas seguintes razões:

Em meados de Julho de 2008, o candidato Dário Elias Berger autorizou a divulgação de placas institucionais para promoção da sua imagem e pessoa; Não foi a toa que o Juiz da 101ª Zona Eleitoral condenou o candidato a pagar multa superior a R$ 25.000,00;

Depois, o candidato e sua Coligação foram condenados pelo TRE/SC a pagar multa de R$ 5.320,00, por uso de bens e servidores públicos, no caso relativo às filmagens da Central de Vigilância da Guarda Municipal de Florianópolis;

Em análise dos fatos e provas recolhidas, verificou-se que o candidato utilizou indiscriminadamente bens, materiais e servidores públicos para realização de suas propagandas eleitorais;

Assim ocorreu com as dependências da Escola Brigadeiro Eduardo Gomes. Para lá foram levados entre 20 a 30 atores no papel de alunos e funcionários, tendo a escola pública sido utilizada como estúdio privado e de propriedade exclusiva do prefeito; O episódio é extremamente preocupante porque no dia após as filmagens, os alunos ficaram sem aulas por conta da precariedade da obra, haja vista que a caixa d'agua da escola estourou;

Na seqüência, para tratar do assunto relativo às Policlínicas, houve inauguração de atendimento 24 horas em período eleitoral, cujo evento, que foi custeado pelo erário público, apresentou forte conotação eleitoral a favor do candidato à reeleição, com a presença do Secretário Municipal de Comunicação, Prefeito em exercício, Candidatos e Vereadores e o Governador do Estado;

Após a inauguração, o candidato foi flagrado por várias vezes dentro da Policlínica Sul. Lá utilizaram tomadas de energia elétrica para funcionamento dos seus equipamentos de filmagem; para desenvolvimento do seu roteiro de propaganda eleitoral, utilizaram servidores e todos os aparelhos hospitalares disponíveis: estetoscópio, aparelhos odontológicos, cirúrgicos, etc.;

A campanha eleitoral do candidato à reeleição foi quase toda produzida com a utilização de bens e servidores públicos, condutas vedadas que afetam a igualdade de oportunidades e legitimidade das eleições.

O uso indiscriminado de bens, equipamentos e servidores públicos caracteriza conduta vedada, porque não se tratou de simples filmagem de ambiente público, mas típica utilização de bens públicos para composição ilegal de propaganda eleitoral;

Houve, inclusive, distribuição de cestas básicas, e recentemente o candidato passou a anunciar que ele fará a inauguração da Policlínica do Continente, o que caracteriza privilégio exclusivo do atual prefeito. Todos os indícios e circunstâncias mostram a intenção clara do candidato à reeleição de quebrar a igualdade, para assim obter mais quatro anos de mandato. Em período de rigor da legislação eleitoral, cumpriu-nos, assim, denunciar o uso abusivo da máquina pública, em prol da legitimidade das eleições no Município de Florianópolis.

João Ghizoni
Coordenador da Campanha
Coligação Inovar Florianópolis
PCdoB - PDT

A disputa vai para a Justiça

Coordenador de campanha da coligação Inovar Florianópolis, João Ghizoni, acaba de me confirmar que a disputa com Dário Berger (PMDB) vai para a Justiça Eleitoral. Até às 17h de hoje, representantes da candidata Angela Albino (PCdoB) entram com pedido de cassação da candidatura do prefeito licenciado da Capital.

"Vamos pedir também cassação do diploma dele caso o processo não seja julgado até o final do processo eleitoral e se ele, eventualmente, vier a ser eleito", explicou Ghizoni. O motivo seria o suposto uso da máquina pelo atual prefeito durante a campanha. O advogado de Dário, Rogério Olsen, não havia sido oficialmente informado do fato. "Se formos citados, vamos nos defender. Mas não vemos nenhuma procedência nos argumentos", comentou.

Duvido muito que surja o resultado esperado pelo PCdoB. Mas se acontecesse, o quê poderia se esperar desta eleição?

Detalhes

São só detalhes. Curiosidades. Mas nesta hora de decidir em quem vai cuidar do nosso dinheiro, das nossas cidades, informação não é demais. Faltam só 9 dias para fazer as escolhas que podem transformar nossas vidas em algo mais tranqüilo ou simplesmente prejudicá-las ainda mais.

Altos e baixos

Nem sempre se pode fazer uma boa reportagem. Para o texto abaixo a fonte do Departamento de Administração Penal (Deap) me forneceu um dado estimado. Na correria para fechar a matéria daquele dia e para concluir a especial do final de semana, não fiz uma nova checagem. Erro básico de apuração. Isso não tem desculpa.

Resultado: minha amiga e colega Natália Viana, que trabalha para um jornal concorrente, conseguiu a quantidade exata de presos que vão ficar sem votar. Espero que a excelente ilustração do Mendes tenha desviado a atenção dos leitores e que estes não tenham notado que a minha matéria estava incompleta.

Aula de economia aplicada

Esta veio pelo glorioso Gladinston Silvestrini.. mas diz ele que não é o autor da pérola. É daquelas "verdades" que rolam pela internet:


Para entender a atual crise econômica:

O seu Biu tem um bar, na Vila Carrapato, e decide que vai vender cachaça na caderneta aos seus leais fregueses, todos bêbados, quase todos desempregados.

Porque decide vender a crédito, ele pode aumentar um pouquinho o preço da dose da branquinha (a diferença é o sobrepreço que os pinguços pagam pelo crédito).

O gerente do banco do seu Biu, um ousado administrador formado em curso de emibiêi, decide que as cadernetas das dívidas do bar constituem, afinal, um ativo recebível, e começa a adiantar dinheiro ao estabelecimento tendo o pindura dos pinguços como garantia.

Uns seis zecutivos de bancos, mais adiante, lastreiam os tais recebíveis do banco, e os transformam em CDB, CDO , CCD, CBF, UTI, OVNI, SOS ou qualquer outro acrônimo financeiro que ninguém sabe exatamente o que quer dizer.

Esses instrumentos financeiros alavancam o mercado de capitais e conduzem a operações estruturadas de derivativos, na BM&F,cujo lastro inicial todo mundo desconhece (as tais cadernetas do seu Biu ).

Esses derivativos estão sendo negociados como se fossem títulos sérios, com fortes garantias reais, nos mercados de 73 países.

Até que alguém descobre que os bêubo da Vila Carrapato não têm dinheiro para pagar as contas, e o Bar do seu Biu vai à falência. E toda a cadeia sifu.

Se todos os clientes caloteiros do Seu Biu resolvessem pagar suas dívidas, a soma total seria de R$ 470,32 , mas o Banco Central vai ter que injetar no mercado algo em torno de R$ 123.525.183,21 para salvar alguns fundos de investimenos que não possuem capital para honrar os seu compromissos referentes aos clientes caloteiros do Seu Biu, evitando assim uma grave crise sistêmica no mercado financeiro .

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

Os astros e os políticos

Há alguns dias o Upiara me pediu para postar aqui os PDFs da matéria sobre as previsões astrológicas dos candidatos de Florianópolis. A pauta, publicada no jornal Notícias do Dia, inicialmente me pareceu... hã? estranha. Mas, na entrevista com a astróloga já percebi que o texto tinha tudo para ficar interessante. Espero ter conseguido isso. Agora, com certeza, as caricaturas do Mendes, um dos melhores artistas da imprensa catarinense, ficaram muito boas.

Eis os arquivos, em formato JPG:


segunda-feira, 15 de setembro de 2008

São José e o debate

Terminado o debate entre os candidatos a prefeitura de São José na Record News ficou claro que, apesar de todos apresentarem boas propostas, não se pode afirmar quem será o vencedor em 5 de outubro. Nas ruas e nos bastidores, há uma suposta polarização entre o atual prefeito, Fernando Elias (PSDB) e o deputado federal Djalma Berger (PSB).

Mas não são poucos os que atestam um crescimento de Círio Vandresen (PT). Apoiado pelo PP de Esperidião Amin e com a frase de "somos do partido do presidente Lula", o ex-padre pode mesmo surpreender. A presidente estadual da sigla, Luci Choinaki, me confirmou na última sexta-feira, durante o lançamento do plano de governo de Nildomar Freire, candidato na Capital, que São José é uma das esperanças mais fortes dentro do partido.

Foto: James Tavares/Notícias do Dia


Muito bem articulado, o candidato do PSTU, Carlos Müeller, apresentou um discurso coerente e não esbravejou tanto contra a burguesia e o imperialismo norte-americano, como, tradicionalmente, sua legenda costuma fazer. Tem sua cota de boas idéias mas a falta de estrutura financeira e a postura ainda, digamos, agressiva demais, dificilmente deve conquistar a simpatia do eleitorado.

E o PMDB? Bem, honestamente, a vereadora Adeliana Dalpont não me convenceu. Não sou conhecedor dos meandros da política josefense, até por não ser o setorista que cobre o município no jornal Notícias do Dia. Mas me pergunto se o partido do governador Luiz Henrique da Silveira não teria um nome mais forte do que o dela. Nada contra a candidata. Apenas achei seu discurso sem impacto. A pergunta que fez para Vandresen, questionando se ele não achava melhor ter uma mulher no comando da cidade, foi um exemplo. Deixou a bola sobrando para o adversário capitalizar em cima. Como, de fato, ele acabou fazendo. Neste caso, ao menos, para ela ficou a promessa de uma vaga no secretariado do petista, se este se eleger.

O atual prefeito perdeu muito tempo trocando acusações com Adeliana. Talvez querendo se vingar da marcação cerrada que a oposição lhe fez na Câmara dos Vereadores. Berger, ao lado dele, apenas sorria e contabilizava pontos. Fernando Elias realmente mostrou propostas e sabe discursar. É um político experiente. Mas pecou ao, de certa forma, poupar o principal concorrente.

Na minha avaliação, o deputado federal se saiu melhor. Foi pouco alvejado pelos demais e teve maior desenvoltura ao falar com os telespectadores. Não voto em São José nem atesto a honestidade ou desonestidade de qualquer um dos concorrentes neste pleito, mas creio que Berger coletou mais lucros que os demais após este debate.

domingo, 14 de setembro de 2008

São José e a campanha

Faltam 30 minutos para o início do debate com os candidatos a prefeitura de São José na Record News. O movimento em frente ao prédio da emissora, no alto do Morro da Cruz, é intenso. Por sinal, bem maior do que o registrado no debate com os candidatos ao comando de Florianópolis.

Um carro de som toca no último volume o jingle do candidato Djalma Berger (PSB). Na pista, sob controle da Polícia Militar, vários militantes dançam e cantam. O clima não é de confronto, apesar de algumas trocas de vaias. As bandeiras em maior número são, até o momento, do PSB e do PMDB da candidata Adeliana Dalpont. A empolgação realmente impressiona. Aparentemente, a campanha em São José é muito mais animada do que aqui na Capital.

sábado, 13 de setembro de 2008

A eleição de agora é a de 2010

Foi produtivo, jornalisticamente falando, o lançamento do plano de governo de Nildomar "Nildão" Freire, candidato do PT em Florianópolis. O evento, que cobri para o jornal Notícias do Dia, foi realizado ontem à tarde em um hotel no Centro da Capital e reuniu os líderes do partido no Brasil, no Estado e na cidade.

Além de Gilberto Dell´Pozzo, que dirige a sigla no município; Luci Choinaki, chefe em Santa Catarina; e de Ricardo Berzoini, comandante petista em todo o País; vieram de Brasília o deputado federal Claudio Vignatti e a senadora Ideli Salvatti. O objetivo do encontro - que reuniu vários militantes e candidatos a vereador - quase passou despercebido. Ficou nítida a preocupação em rebater os resultados das pesquisas eleitorais.

Luci e Ideli lembraram que o partido já ganhou eleição "perdida" antes. A senadora, habilmente, ainda desdenhou ao citar que no pleito que a levou ao Senado, o Ibope a mostrava em quinto lugar na véspera da eleição. "Doze horas depois, eu estava em primeiro lugar", comentou. Berzoini afirmou que existem institutos de pesquisa sérios e que outros podem ser comparados com pizzaria. "Me vê uma meia calabreza e outra meia muzzarela. Trabalham por encomenda", brincou.

Momentos antes da entrevista, Gerson Basso, candidato à vice na chapa de Nildão e presidente do PV em Florianópolis e no Estado, também questionou as pesquisas. "Na eleição passada, eu sozinho com 3 candidatos a vereador, fiz os 3% da última pesquisa", lembrou. Está intrigado como agora, uma coligação pode ter o mesmo desempenho, sendo que "o PV foi o partido que mais cresceu em Florianópolis". Fato, por sinal, comprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Eles negam e vão negar sempre. E eu faria o mesmo. Mas o fato é que o desempenho está realmente muito abaixo do esperado. Nildão e Luci incitaram os militantes presentes ao dizer que "a campanha começa agora". O candidato chegou a citar que há militantes já desanimados. "É para isso que servem as pesquisas, para desanimar", sugeriu Ideli.

Particularmente, continuo achando que tudo ainda pode acontecer nesta eleição. Não há candidato eleito nem candidato derrotado. Bom, talvez uma das chapas não tenha a menor chance. Mas as outras seis, todas estão no páreo. Faltam poucas semanas, mas muita coisa ainda pode acontecer. O prefeito licenciado Dario Berger (PMDB) tem se preocupado demais em pedir direitos de resposta. E, justiça seja feita, seus adversários também já fizeram o mesmo. Mas não é isso que nós eleitores queremos. Precisamos conhecer as propostas deles. Não adianta Dário dizer o que já fez como prefeito. Também não nos interessa o que Esperidião Amin (PP) já produziu como governador e na prefeitura. Isso é passado. Isso era meramente a obrigação de ambos. Deles e dos outros cinco candidatos precisamos saber quais são as alternativas que propõem para melhorar o estado caótico que Florianópolis se encontra. Ou alguém realmente ainda acredita que aqui é o paraíso?

Ainda na coletiva de ontem, nem Berzoini nem Luci quiseram expôr as expectativas do PT no Estado. Se saíram com respostas paliativas. Algo bem compreensível. Não iriam se arriscar a divulgar altas expectativas. Ou baixas. Luci se limitou a dizer que alguns municípios a briga é promissora, mas prefere "esperar o 5 de outubro".

Para descontrair o ambiente e demonstrar otimismo, Nildão brincou que Marta Suplicy deve desculpá-lo, mas posse em 1o. de janeiro é muito melhor em Florianópolis do que em São Paulo. Então, Berzoini ficou convidado a vir para a capital catarinense. O presidente nacional do PT se saiu bem ao dizer que o ideal é marcar a posse de ambos em períodos diferentes do mesmo dia. Fé nunca é demais.

Em termos nacionais, minha colega Renata Moreira, do Diário Catarinense, questionou Berzoini sobre a provável indicação da ministra Dilma Russef para a vaga de substituta do presidente Lula em 2010. Muito político, o deputado federal alegou que Dilma lhe agrada muito e que ela tem potencial, mas que "outros filiados têm o direito de pleitear a vaga". Aproveitei a deixa para indagar se ela acha que ela está pronta, pois na cerimônia das obras do PAC, há alguns meses, o discurso da ministra foi entediante, cansativo e extremamente técnico, irritando até a militância petista. Berzoini não me contradisse nem deixou de concordar comigo. Deu a entender que ela pode melhorar.

Para Santa Catarina, Basso deixou claro que a coligação de 2008 em Florianópolis deve se repetir em 2010 para o pleito estadual. Praticamente, lançou a candidatura (óbvia) de Ideli Salvatti com o PV trabalhando em conjunto. "Se iniciou aqui um namoro que pode virar noivado e tem tudo para se transformar em casamento", argumentou o presidente dos verdes. Ideli sorriu, brincou, tentou despistar, mas não negou nada. E Nildão também não. Ao contrário, abriu um largo sorriso. Basso disse ainda que Florianópolis é a única cidade do País onde PV e PT estão juntos. Berzoini referendou a idéia ao dizer que vê com bons olhos a aproximação dos dois partidos e lamenta que isto não esteja ocorrendo em outros Estados.

Realmente, a eleição de 2010 começou.

sexta-feira, 12 de setembro de 2008

Osama, 7 anos depois

O dia de ontem foi caótico. Mil coisas ao mesmo tempo, perdi a hora, perdi a penúltima aula de italiano antes da primeira prova do semestre. "Que beleza!", como diria um filósofo contemporâneo. Ok, vai parecer "desculpinha", mas que se dane! Acabou passando batida uma efeméride - ô palavrinha péssima, não? - que lembrei na quarta-feira, na redação: o 11 de setembro.

E só lembrei hoje, quando visitei pela primeira vez o Certezas Biodegradáveis, blog da querida amiga Ana Paula Lückman. Ela fez lá a pergunta básica sobre onde você estava no dia dos atentados terroristas nos Estados Unidos?

Era uma manhã meio cinzenta de São Paulo. Eu estava às voltas com minha ronda diária nos sites das bandas que integravam o cast da gravadora alemã Century Media Records, da qual eu era assessor de imprensa no escritório sul-americano. Era o sagrado momento de cavar notícias para lançar no site e depois enviar para a imprensa.

Estavam na sala comigo o David Torelli, um dos irmãos que não vieram via família, e Viviana Torrico, gerente do escritório e que cuidava da assessoria para os países latinos. Curiosamente, quem nos trouxe a notícia foi o chefe da casa, Eric de Haas, um holandês que simplesmente não vê televisão. Entrou na correria e eu até pensei que era uma das brincadeiras dele. Nos disse para ver o site do UOL.

Nos 2 primeiros segundos, pensei que era mesmo uma brincadeira do Eric. Tipo aquelas páginas fake de sites que a turma te envia, zoando com teu nome. Lembro que pensei "puxa! os caras estão melhorando, agora além de zoarem com os outros, ainda mandam com arquivos em flash". Mais 2 segundos de "peraê! tem algo estranho aqui". Só então caiu a ficha. Era a História acontecendo.

Ficamos todos uns bons 20 minutos atônitos, esperando por mais atualizações. Não lembro se havia alguma TV na casa, que ficava bem atrás da estação Vila Madalena do Metrô. Ainda antes do almoço fui para a banca de jornal, ver se já havia alguma edição extra. O jornaleiro citou que não sobrou nada. Rapidamente, tudo havia sido vendido. Consegui apenas uma edição extraordinária de uma revista semanal. Era o exemplar que ele havia guardado pensando em um cliente tradicional, mas que no dia não apareceu.

E se passaram 7 anos. Nenhum dos responsáveis foi preso ou morto. Os Estados Unidos massacraram o Iraque e o Afeganistão. Perderam milhares de soldados, gastaram uma fortuna que salvaria alguns países do Quarto Mundo. Outros atentados aconteceram em países diferentes e mais vidas se perderam. E nada além disso acontece.

quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O balanço da Aliança

Ainda entendo muito pouco - ou quase nada - de Política para comentar isso. Mas fica difícil acreditar nos líderes da Tríplice Aliança, a coalizão que dá sustentabilidade ao governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Na última segunda-feira, depois da vistoria às obras de restauro da Catedral Metropolitana de Florianópolis, ao responder minhas questões e às do colega Moacir Pereira, LHS respondeu que "não há crise".

Horas antes, na Assembléia Legislativa, o presidente da casa, deputado Julio Garcia (DEM) no seu eterno tom apaziguador me garantiu que "eleição na terra, tempo de guerra. Mas isso é passageiro e vamos resolver os problemas". Logo depois, o líder do Governo no parlamento, deputado Herneus de Nadal foi o único a reconhecer que a situação preocupa. "Não há como negar, mas é algo natural, pois são questões locais. E já passamos por isso antes", concluiu.

No início daquela noite, por telefone, o deputado Marcos Vieira, líder da bancada dos tucanos também amenizou o entrave. Perguntei se uma eventual cassação da candidatura do seu partido, Clésio Salvaro, em Criciúma - motivada por uma ação impetrada pelo PMDB de LHS - poderia gerar uma retaliação. Será que Salvaro não se rebelaria, passando a ser o voto decisivo para as CPIs que a oposição tenta, incansavelmente mas sem sucesso, abrir na Assembléia? "O deputado Salvaro tem dado mostras que está com o governo. Não acredito que ele vá fazer isso", argumentou Vieira. Segundo ele, apesar dos ânimos acirrados, "não é nada que uma boa conversa não possa resolver". O tom de boa vizinhança, porém, contrastou com a cobrança: "o que esperamos é que haja bom senso de todas as partes", citou o tucano.

Ontem, na volta dos parlamentares à Assembléia, para mais uma semana de trabalho dobrado por causa do Calendário Eleitoral, a expectativa minha - e, acredito, entre os demais colegas - era por uma pequena guerra no Plenário. Ao invés das críticas contundentes das bancadas do PP e do PT eu estava pronto para registrar bate-boca entre os aliados.

Que nada! O clima foi irritantemente morno. Nem mesmo um novo entrave surgido pela manhã impediu o clima de camaradagem e "tudo está bem" que os homens de paletó e gravata tentaram demonstrar. A reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deveria ter votado a liberação para um pedido de empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). São US$ 300 milhões para investir em construção de rodovias e revitalização de outras. Mas Joares Ponticelli (PP), o crítico mais incisivo do atual governo na Assembléia, soliticou mais informações sobre o processo. O presidente da CCJ e relator da matéria, Romildo Titon (PMDB), queria a votação. Acabou ficando numa saia justa, pois o democrata Gelson Merísio deixou de lado o apoio que dele era esperado e apoiou a solicitação de Ponticelli.

"É melhor que seja agora do que lá na frente, quando tudo estiver encaminhado. Se alguém achar alguma falha, a perda de tempo será maior", despistou Merísio, com a intenção de assegurar que não foi uma retaliação pelo apoio que LHS tem oferecido aos candidatos do PMDB nas campanhas da Capital, Criciúma, Joinville e Balneário Camboriú. Cidades onde PSDB e DEM estão na briga e com chances. O líder dos tucanos também tentou me convencer disso. "O PSDB continua na base do governo", citou Vieira. Merísio, porém, deixou no ar que a aparente calmaria pode cessar. "Até as eleições não vamos criar problemas no Plenário ou nas comissões. Depois é outra história. Será um novo momento político que precisa ser avaliado", comentou.

Eles negam, mas a bancada do PMDB (com apoio dos deputados federais) lançou nota de apoio ao ex-governador Eduardo Pinho Moreira. Um afago no presidente estadual do partido, criticado publicamente pelo atual vice-governador, Leonel Pavan, que preside o PSDB em Santa Catarina. Em outro almoço, o da bancada tucana, quem ganhou solidariedade foi Pavan e Salvaro.

Será que algum mortal gostaria de estar no lugar de Luiz Henrique da Silveira? Estou fora. E eu que sempre pensei que apenas no jornalismo era preciso lidar com tantos egos e interesses. Na política a coisa é muito pior.

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