Semana passada revi a série de TV "Planeta dos Macacos", baseada no filme de mesmo título, um clássico da ficção científica. Não lembrava que Roddy McDowall - que viveu o personagem Cornélius no filme - era um dos astros do seriado que eu assisti na minha infância, em Curitibanos.
Foi maravilhoso rever aqueles episódios que, à época, me assustavam. Agora, noto como os roteiros eram tão inteligentes quanto o do filme. Acessei o Internet Movie Database para fuçar mais algumas curiosidades e descobri que 2008 é o ano do 40º aniversário do longa. Imediatamente ofereci a pauta no jornal e preparei o material. Tudo estava programado para que a matéria fosse publicada na quarta ou quinta daquela semana. Mas "n" coisas forçaram o adiamento para a terça-feira desta semana, dia 8.
Ironia do destino, dois dias antes, morreu Charlton Heston, astro de "Planet of the Apes". Canastrão, ativista armamentista. Sim. Não se nega isso. Mas prefiro lembrar dele vivendo seus personagens marcantes, como o astronauta George Taylor, do filme citado neste post e na matéria abaixo, publicada originalmente no jornal Notícias do Dia.
Quem também lamentou a perda e fez uma honesta homenagem à Heston foi o Marco Zanfra. Vale acessar.
Planeta dos Macacos
Quatro décadas de um clássico
Alessandro Bonassoli
abonassoli@jornalnoticiasdodia.com.br
Há 40 anos, no dia 8 de fevereiro, quando o público saia das salas de cinema de Nova York, o assombro era intenso. Não só pelos efeitos especiais fantásticos para a época ou pela trama inteligente, mas, também, pela seqüência final, na qual Taylor – personagem vivido pelo astro Charlton Heston, morto aos 84 anos no último sábado – descobre diante da Estátua da Liberdade semi-enterrada em uma praia deserta o grande segredo de "O Planeta dos Macacos". Quatro décadas depois, o longa que, junto com "2001 – Uma Odisséia No Espaço", colocou a ficção científica entre os gêneros mais fortes do cinema, a história se mostra tão atual quanto o período em que foi lançada.
Heston: canastrão e galã
Em 3978, três astronautas colidem em um planeta diferente, onde macacos inteligentes dominam o mundo e humanos não falam e são escravizados. O argumento que poderia parecer pobre ganhou com o roteiro de Michael Wilson e Rod Serling (da clássica série de TV "Além da Imaginação") a força necessária para discutir com maestria racismo, a ameaça de um conflito nuclear, escravidão e diferenças étnico-sociais. Assuntos que, infelizmente, ainda estão em pauta.
Eternos: Zira, Cornélius, Zaius e Taylor, coleção de personagens imortais
Dirigido por Franklin J. Schaffner, que selaria sua carreira com obras como "Patton", "Os Meninos do Brasil" e "Papillon", "O Planeta dos Macacos" teve ampla resposta de audiência, fazendo dos US$ 6 milhões investidos pela Fox uma pequena fortuna de US$ 34 milhões, um dos maiores lucros da década. Indicado ao Oscar de Melhor Figurino e Melhor Trilha Sonora, ficou com um Prêmio Honorário para Maquiagem, já que à época esta categoria ainda não recebia as estatuetas douradas. Justo tributo ao trabalho de John Chambers. Ele fez atores e atrizes encantarem e assustarem travestidos como os intelectuais chimpanzés, os administradores orangotangos ou os temíveis e militarizados gorilas.
Futuro: Este sim, foi um final surpreendente
O longa virou máquina de dinheiro uma década antes do fenômeno "Guerra nas Estrelas". Com ele, a Fox inaugurou a mania das continuações, com mais quatro filmes entre 1970 e 1973, embolsando outros US$ 82 milhões, uma série de TV com 14 episódios transmitidos em 1974, outros 14 episódios em desenho animado, um gibi da Marvel Comics (publicado entre 1974 e 1977) e toda uma linha de brinquedos, jogos, camisetas, canecas e vários colecionáveis. Em 2001, Tim Burton fez uma versão bem pessoal do filme, com Mark Wahlberg, Helena Bonham-Carter e Tim Roth. Mas nem mesmo a atuação extraordinária de Roth ajudou a repetir o sucesso.
Sucesso: Cartaz do longa-metragem original
Baseado no livro homônimo do francês Pierre Boulle, o filme original tinha no elenco outros nomes de peso, como Roddy McDowall (no papel de Cornelius, e que atuou nas quatro continuações, além do seriado), Kim Hunter (Zira) e Maurice Evans (Dr. Zaius). Cogitou-se o nome da belíssima Ursula Andress para viver Nova, mas ela perdeu a vaga para a também encantadora Linda Harrison, então namorada de Richard Zanuck, chefão do estúdio.
Pode se dizer que "O Planeta dos Macacos" foi o precursor de uma tendência de Hollywood, divisor de águas para um estilo ou o ápice da carreira de um astro. É tudo isso mas, com certeza, ganhou a imutável condição de clássico do cinema mundial.
Um comentário:
Pô, Magoo, depois de ler esse material todo, fico até com vergonha de minha "notinha de rodapé" no blog Fala, Zanfra! Parabéns pelo material: isso é que é jornalista; o resto é torcedor do São Paulo nesta segunda-feira roubada.
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