quinta-feira, 21 de abril de 2011

A noite em que o Motörhead salvou Floripa da mesmice

A noite da última quarta-feira, 20 de abril, véspera de feriado, marcou Florianópolis. Ao menos, para o público fã de rock and roll. Finalmente, a ilha das praias, dos playboys, das filhinhas de mamãe, do pagode, da música eletrônica, das persistentes e insistentes bandas cover, da mediocridade cultural, deixou de ser mocinha.

Lemmy "Is God" Kilminster, Phill Campbell e Mickey Dee mudaram tudo. Sim, meros mortais, o Motörhead, uma lenda viva - com o devido direito de assim ser chamado - do rock veio, viu, tocou, arrebatou. Tiraram Floripa para da mesmice e fizeram-na cair na vida, depois de uns pequenos, discretos e distantes flertes com o rock and roll.

Fotos: Alessandro Bonassoli


O palco foi o do Floripa Music Hall. Pequeno, apertado. Mas para o Motörhead isso é o suficiente. Não há firulas e trejeitos, efeitos especiais, telões de plasma, fogos de artifício. Apenas guitarra, baixo, bateria e vários Marshall. E, claro, alto volume, muito alto, o mais alto de todos. No programa rock and roll, sujo, pesado, muito pesado, como deve ser. Nada de baladinhas dançantes. Só "Good night, we´re Motörhead and we play rock and roll!". Aí vem o repertório que se não é perfeito - muitos clássicos da banda ficaram de fora -, hipnotizou o público. 1300? 1700? tanto faz, não importa a quantidade de afortunados.



Não há mais como fazer um set list perfeito para uma banda que está na ativa, ininterruptamente, há 3 décadas. Senti falta de "Orgasmatron", de "Over Your Shoulder", "Deaf Forever" e "Bomber". Mas as versões matadoras de "Iron Fist", "Killed By Death" e "In The Name of Tragedy" valeram a pena, apesar da acústica péssima do local. Na linha de frente, no "gargarejo" ficou complicado ouvir boa parte do repertório. Ok, não interessa. Esperamos que esta não seja a primeira e última, pois Lemmy e seus comparsas voltam ao Brasil quase que anualmente.



A história de Florianópolis e o rock pesado é um tanto conturbada. Tivemos por aqui... Helmet no extinto festival M200 Summer, Rata Blanca, Gamma Ray, Deep Purple, Glenn Hughes e o Voices Of Rock (reunindo um time de super vocalistas). Há ainda o show de Sepultura e Ramones que, apesar de marcado e anunciado para a capital de todos os catarinenses, acabou acontecendo em Balneário Camboriú. Houve ainda a antológica passagem de Ronnie James Dio na vizinha Santo Amaro da Imperatriz e o lendário embuste do Século XX, o show do Accept que não aconteceu. Nesta seara, recentemente teve outra traquinagem com a não vinda do Blind Guardian.



Claro, nacionais como Dr. Sin, Sepultura, Krisiun, Ratos de Porão, Korzus e Angra já fizeram algumas "visitas de médico". No início dos anos 90, o movimento underground aqui foi bem mais ativo, com Genocídio e Leviaethan, entre outros, fizeram cabeças serem balançadas. Certamente, estou esquecendo alguns nomes mas, muito mais do que lembrá-los, espero que Florianópolis entre de vez no rol das cidades brasileiras que tem, recebe e produz rock and roll.




Imagens da campanha

Estas estavam no celular, desde a campanha eleitoral, em 2010. Tiradas numa madrugada fria - fria mesmo - de Chapecó. A neblina sobre a estátua do Desbravador gerou uma imagem ao mesmo tempo bela e tétrica.


Fotos: Alessandro Bonassoli