segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Escritor ou repórter?

"Quem cruza a ponte Pedro Ivo Campos e vê a ilha crescendo diante dos olho, não imagina sobre o que exatamente está pisando. Não ocorre a ninguém que, sob aquele um quilômetro e meio coberto por três camadas asfálticas, trinta metros acima do mar, há muito mais do que apenas cabos, dutos e sapatas. Naquele espaço entre o topo das pilastras de sustentação e as quatro pistas expressas que desembocam na ilha, pulsa um coração. Ou melhor, vários corações.
Tal como uma variada e às vezes indesejável flora intestinal, o arcabouço que sustenta a Pedro Ivo virou um imenso albergue para desqualificados, excluídos marginais, em geral. De nada adiantam portões de ferro, cadeados reforçados e grades com uma polegada de diâmetro, separando os compartimentos do esqueleto, para coibir a invasão. Não há obstáculo que desencoraje um miserável sem-teto a ocupar uma cobertura daquelas, com vista para a baía Sul e esplêndida localização. E o que é melhor: de graça, o que por si só compensaria o incômodo do trânsito barulhento e do vento que circula sibilante pelas frestas".

Os dois parágrafos acima são um trecho de "As Covas Gêmeas", romance policial cuja trama se passa em Florianópolis e foi publicado pela editora Brasiliense há poucas semanas. Quem conhece o mínimo de texto jornalístico e o de romances, sabe que o autor não é um escritor pura e simplesmente, mas, sim, um repórter que, a partir de agora, enveredou pelo mundo da ficção.

Afinal, só um jornalista tem olhos para identificar as sentenças perpetuadas no texto acima. Digo mais, só um repórter que - quantas vezes? - passou pela área descrita, lembraria de contar quantas camadas de asfalto estão na citada ponte. E, arrisco dizer, só a mente detalhista de um repórter teria a "sacada" de fazer uma alusão ao mercado opressivo imobiliário de uma capital turística.

Este repórter é o meu particular amigo Marco Antônio Zanfra, sabe-se lá o motivo, frequentador deste humilde blog. Ainda que de longe, acompanhei a gestação do livro e, por motivo de trabalho, não pude ir ao lançamento do mesmo. Fiquei em dívida com o Zanfra, pois eu mesmo estava na expectativa por ler a obra. Lembro de ter perguntado detalhes, queria saber do que se tratava mas ele, como não poderia deixar de ser, só desviou o assunto, guardando a surpresa. Ora! quer saber o que há num livro vá comprar para ler.

Hoje cumpri este ritual. Atrás de um presente para outra pessoa, lembrei de me presentear. Ali na livraria Catarinense do Calçadão da Felipe Schmidt, adquiri meu exemplar. A ansiedade no deslocamento até o Ticen só não era maior do que o calor insuportável de Florianópolis. E, no ônibus, passando pela ponte Colombo Salles, justamente ao lado da Pedro Ivo, já havia devorado os dois primeiros capítulos. Vai ser difícil manter o controle e não ler tudo de uma vez, pois a história pede isso.

É estranho ler o texto romanceado de um colega de quem sempre me acostumei a ler os textos jornalísticos. Mas o estilo Zanfra - uma autoridade em reportagem policial - está lá, ainda que disfarçado, na espreita como o detetive Marlowe (sim, alusão total e direta ao Maior de Todos os Detetives, Phillip Marlowe, cria do genial Raymond Chandler).

Antes de começar este post, me perguntava se há diferença entre escritor e jornalista. Sim, há. Várias. Mas isso pouco importa. Bobagem discutir isso. O que interessa é a qualidade do texto, quer seja romanceado, quer seja um relato da realidade. Melhor quando é possível unir características das duas escolas.

Eu, particularmente, prefiro a ficção. Da realidade já sei o que esperar. E me dá muito medo. Melhor ter medo de algo que não vai acontecer. Mas isso é tema para uma outra atualização deste blog.

Zanfra, meu amigo, muito obrigado pelo presente de Natal.

quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Retomada de curso

Quem acompanha a política catarinense sabe que, por umas 48 longas horas, a possibilidade de minha carreira profissional ser levada de volta para a Secretaria de Estado da Educação foi imensa. O susto passou e, Deus queira, o plano original está mantido para 2011: o rumo para trabalhar é Brasília. Morando ou não aqui na capital federal.

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Trabalho

Brasília, 22h17. Sessão na Câmara Federal vai a todo vapor. Quem é que disse que deputados (e seus assessores) não trabalham?

Mundo pequeno

Semana rica em encontros e reencontros com antigos conhecidos, desde amigos até colegas, passando por rostos brevemente notados durante a maluquice de uma campanha política. Em Brasília desde o último sábado, já encontrei três amigos de faculdade (Lucio Lambranho, Diógenes Botelho e Jefferson Dalmoro), com quem trabalhei nas redações de O Estado e A Notícia, em Florianópolis.

Também conversei pessoalmente com o João Paulo, um colega gente finíssima que eu só tinha contato via Twitter (@didadiabrasilia). Ainda vi pelos corredores do Congresso pessoas que estavam na campanha eleitoral, em um momento ou outro, sei lá em quais cidades. D´alguns não recordo o nome, outros acabaram ficando mais próximos, como a colega Jaque Bassetto. O mundo, de fato, é muito pequeno.

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

Ao vivo, em Brasília

Nesta que é a primeira postagem em Brasília fico pensando no desespero dos colegas repórteres de Florianópolis, todos atrás de novidades - há dias - sobre o colegiado do governo Raimundo Colombo. Lembrei de como é terrível ser repórter de política no final do ano. Mas também não é muito agradável para repórteres de esporte, por exemplo. Há um vácuo de pautas, as fontes somem, entram em férias, as grandes matérias praticamente inexistem.

Disso eu não tenho a menor saudade. Nestas horas acho excelente ser assessor de comunicação. Desejo sorte aos colegas, gostaria de poder ajudar mais, porém não disponho de informações que eles querem: nomes confirmados no primeiro, segundo ou em qualquer escalão do governo. Alguns até já desistiram de me procurar.

Também penso que não defini minha situação profissional para 2011. Ainda náo sei se virei morar em Brasília ou se me tornarei freguês das companhias aéreas fazendo idas e vindas semanais para Santa Catarina. Isso, ao menos, certamente garantiria uma milhagem fabulosa.

Sobre o Rio de Janeiro.. não há o que falar. Só ficam as dúvidas sobre o real sucesso desta operação toda, sobre como o Estado fará para ocupar decentemente o lugar dos traficantes e oferecer a dignidade que os moradores das favelas cariocas necessitam. E, pensando melhor, se no Rio levaram pouco mais de duas horas, quanto tempo se levaria para tomar o Morro da Cruz, em Florianópolis? Ou lá não existem traficantes?

Digo mais, só há tráfico porque há consumo. Passou da hora de acabar com a hipocrisia da sociedade brasileira. Sim, quem consome, financia o tráfico. Provem o contrário e mudo meu discurso.

Futebol? Deu tudo certo para os times de Florianópolis, no final das contas. Ótimo para a cidade, que terá dois clubes na Série A, representando mais dinheiro arrecadado com torcidas visitantes, mais exposição na mídia nacional, etc e tal. Só espero que a rivalidade entre Avaí e Figueirense se mantenha no limite civilizado das piadinhas.

Para finalizar e voltando à minha questão profissional: trabalhar no Congresso é tudo de bom e mais um pouco para quem é jornalista. Desconfio que seja muito mais excelente para quem está repórter. Espero, muito em breve, me provar que é assim também para quem está assessor de comunicação.

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Mudança de hábitos

Há meses venho fazendo um check up geral. Meses, explico, em função da agenda atribuladíssima que foi minha vida durante a campanha para o Senado. Agora, finalmente, estou finalizando o assunto. Eu também vinha pensando em melhorar minha alimentação e voltar a praticar algum tipo de atividade física.

Achei melhor ir em um especialista no assunto e, após uma bateria de exames, surpresa! Meu fígado contém 30% de gordura, o que, tecnicamente, me deixa à beira de uma cirrose hepática. Meu susto foi gigante, pois não bebo o suficiente para isso. O médico provou por A + B que a cirrose não vem apenas do consumo de álcool. Estou colhendo agora os "frutos" de uma vida sedentária e uma alimentação nem um pouco balanceada.

Gahei uma coleção de remédios para tomar por 15 dias e uma dieta braba pelo mesmo período. Estou sem massas, sem arroz, sem churrasco, sem cerveja. Só na base de queijo branco e peito de peru, saladas verdes (só gosto de alface) e carne grelhada, além de barras de proteína e maçã e chá verdes. Honestamente, fome não estou sentindo. Para minha surpresa, esta alimentação frugal dá "sustânça". O diabo é ficar sem sentir o gosto das coisas boas de uma "dieta dos campeões".

Amanhã tenho que fazer aquele teste da esteira, acho que para medir capacidade pulmonar e resistência. Só então virá o programa de exercícios em uma academia. O recado foi claro: ou para agora e cumpre, ou enfrente consequências muito mais graves em curto período de tempo. Agora, nem me perguntem o investimento financeiro nisso tudo. É, como diz um deputado conhecido meu, "de chorar em alemão de trás para frente".

Florianópolis sem segurança

Ainda não sei o que me assusta mais:

- o secretário de Estado da Segurança confirmar que há nos presídios de Santa Catarina uma facção criminosa nos moldes do PCC paulista, o PGC (Primeiro Grupo Catarinense)

ou

- ele reconhecer que o tema era conhecido mas, até pouco tempo, simplesmente foi tratado como, palavras dele, se não existisse.

A matéria de hoje do Diário Catarinense, manchete de capa, mostra isso tudo e um pouco mais. A reportagem é um reflexo da onda de assaltos que tomou conta da capital de todos os catarinenses nas últimas semanas. O texto do colega Rafael Martini pode ser lido aqui.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Vou falar.. só um pouco

O que me agrada é que, apesar de eu ter atualizado pouco este blog, quando o faço, gero murmúrio. Dois visitantes, um cliente antigo e outra ainda novata, reclamaram do post anterior. Ao primeiro, digo que o blog é meu e escrevo nele o que desejar. Se ele pode ser ranzinza, eu também posso. Para a segunda, pense bem... ao ficar sem dizer nada, acabei dizendo muitas coisas...

Fico contente também em registrar a presença de Maria Fernanda Ribeiro, saudosa colega dos tempos do jornal Bom Dia Jundiaí. Jornalista extremamente competente que merece espaço em qualquer redação que se preze. Seja bem-vinda e volte sempre. Agora que a eleição passou, a tendência é que este blog retome suas atualizações regulares.

Para finalizar o dia, afinal sou filho de Deus e estou de folga, sobre a eleição... democracia deve ser respeitada. Uma maioria decidiu um rumo, vamos nele, fiscalizando e ajudando no que for possível. Mas acho legal lembrar que praticamente metade do eleitorado deixou claro que deseja mudanças. Estou neste grupo. Passou da hora de mudar para melhorar. Torço para que vencedores não se apeguem com vendettas e idéias retrógradas.

segunda-feira, 25 de outubro de 2010

Não vou falar

* Não vou falar sobre futebol, pois meus times estão bons que é um nojo

* Não vou falar sobre política, pois não aguento mais esta briga boba

* Não vou falar sobre minha vida pessoal, pois estou em meio à outra transição dolorosa

* Não vou falar sobre música, pois estou afastado há mais de seis meses deste mundo maravilhoso

* Não vou falar sobre uma eventual mudança para Brasília, pois ainda estamos em campanha

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Só algumas palavras

Sobrou um tempinho para tirar o pó aqui do blog. Nem registrei o resultado do primeiro turno da eleição em Santa Catarina. No fim das contas, deu tudo certo para a equipe da qual sou integrantes. Venceram os candidatos que apoiamos, corremos o Estado, conheci várias cidades, muita gente nova, rimos, tivemos momentos de alta tensão, má alimentação, raras horas de sono, muitas latas de Red Bull, mas valeu a pena.

Minha idéia era fazer um "diário de bordo" ao longo de toda a campanha, mas as características mencionadas acima impediram isso. Uma pena. Talvez rendesse um bom número de histórias. E como ainda estamos em campanha, agora no segundo turno, dentro do pleito nacional, a saga continua. Acabei deixando meio de lado, mas, se rolar uma folga após a eleição, se me vier a paciência necessária, quem sabe eu não lance aqui alguma das passagens ocorridas na estrada.

Confesso que, particularmente, tive alguns dias em que a vitória me pareceu distante. O investimento do governo federal na campanha do adversário foi forte. Mas, no dia da eleição, assim que saiu a primeira parcial do TRE, me tranquilizei. Tenho colegas que prestam serviço para o PT, lamento por eles, mas eleição é igual tênis, não há como existir empate. Só um pode ganhar.

Mal terminou a festa da comemoração e já fomos à estrada novamente. Os candidatos eleitos da polialiança estão passando pelas sedes das 36 regiões administrativas de Santa Catarina. É o famoso "Obrigado meu povo", para agradecer os votos. De quebra, aproveitam para pedir votos para o candidato José Serra. Já me perdi nas contas de quantas cidades visitamos, mas sei que esta semana tem mais: Quilombo, Xanxerê, Seara, Concórdia, Joaçaba, Lages, Caçador, Videira, Curitibanos e São Joaquim.

Consegui na última semana até ver meus pais. Tive a chance de passar algumas horas com eles em três dias. Meu velho eu não via há mais de um mês, a mamma, talvez um pouco menos. Ela, por sinal, quebrou o pé no dia da votação, mas, ainda bem, já está caminhando, quase pronta para a próxima.

Ainda não consegui rever os amigos, contar as novidades, então, de certa forma, o blog pode me ajudar nisto. O Twitter acabou se transformando em uma ferramenta mais acessível, mas não pretendo abandonar esta plataforma aqui. Escrever é preciso, tuitar é um passatempo.

Volto assim que puder. Abracci per tutti!

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

On the road 7

Um longo update nos roteiros pelo interior do Estado. Já não perco mais tempo tentando calcular, mas fácil poderia dizer que na média, são mais de cinco municípios por dia. As viagens iniciam nas terças e só têm acabado nos domingos.

Dormir, sempre entre da uma às cinco/seis da manhã. Claro, eventuais cochiladas durante os deslocamentos de uma cidade para outra são sempre bem-vindas.


São Bento do Sul
Rio Negrinho
Schroeder
Guaramirim
Massaranduba
Jaraguá do Sul
Araquari
Joinville
Barra Velha
Chapecó
São Miguel do Oeste
Descanso
Iporã do Oeste
São João do Oeste
Itapiranga
Mondaí
Riqueza
Caibi
Palmitos
São Carlos
Atalanta
Agrolândia
Trombudo Central
Braço do Trombudo
Pouso Redondo
Itajaí
Rio das Antas
Matos Costa
Caçador
Concórdia
Alto Bela Vista
Major Vieira
Papanduva
Itaiópolis
Mafra
Três Barras
Canoinhas

terça-feira, 31 de agosto de 2010

On the Road 6

Amanhã começa mais um roteiro no interior. A lista inclui:

Araranguá
Sombrio
Jacinto Machado
Ermo
Turvo
Meleiro
Forquilhinha
Criciúma
Içara

Quinta-feira:
Blumenau
Joinville
Campo Alegre
São Bento do Sul
Rio Negrinho

Sexta-feira:
Carreata
Guaramirim
Massaranduba
Jaraguá do Sul
Araquari
Joinville

Vai um Red Bull aí?

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Lá vai a notícia

A campanha tem me permitido participar, ainda que indiretamente, de coberturas jornalísticas. É empolgante rever colegas e, em alguns casos, correr literalmente atrás da notícia.

Foto: Alessandro Bonassoli


A caminhada dos candidatos da coligação As Pessoas em Primeiro Lugar pelo Centro de Joinville, semana passada, foi um exemplo disso. Não resisti à tentação de registrar o trampo de vários colegas. Nas imagens abaixo estão Antonio Carlos Mafalda, J.L. Cibils e Giovanna Locatelli. Mas vários outros têm suado a camisa na cobertura desta eleição, quer seja pelas assessorias de imprensa, quer seja por jornais, rádios e TVs. À todos, minhas considerações.


On the Road 5

Correria ampla, total e irrestrita. Tempo livre é algo cada vez mais raro com a proximidade da eleição. Na estrada, nos raros momentos em que consigo sinal de Internet, este é totalmente dedicado aos afazeres da assessoria de imprensa. Ler e responder e-mail é coisa praticamente abolida. Atualizar o blog então, caso de extinção.

Hoje, por um breve momento, consegui uma janela para retomar o blog, que já começava a cheirar mofo.

Depois das viagens às 36 regiões, já passamos por uma boa quantidade de cidades catarinenses. Nas duas últimas semanas isso se acentuou, sempre com passagens rápidas, ora para carreatas, ora para comícios. Não parei para contabilizar a quilometragem, pois há trechos feitos via aérea e isso daria um trabalho imenso para confirmar. Como detesto matemática, números e coisas irritantes do tipo, não cogitei fechar isso.

Então vamos à lista..

São José (duas vezes_
Chapecó
Joinville (quatro vezes)
Palhoça
Campos Novos (duas vezes)
Lages
Jaraguá do Sul
Blumenau
Angelina
Rancho Queimado
Anitápolis
São Bonifácio
Tubarão
Erval Velho
Capinzal
Ouro
Lacerdópolis
Salto Veloso
Iomerê
Curitibanos
Santa Cecília

Claro que São José e Palhoça não podem ser consideradas "viagens", pois estão aqui ao lado de Florianópolis.

Entre todas, não posso deixar de registrar o impacto que me causou a ida a minha terra natal, Curitibanos. Há uma dúvida sobre a quantidade de veículos que participaram da carreata, certamente a maior na história da cidade. Alguns falaram em mil, eu e os demais colegas assessores de imprensa calculamos 700. O fato é que as duas principais ruas ficaram completamente tomadas pela fila e quem conhece Curitibanos sabe que a extensão da avenida Salomão Carneiro de Almeida, por exemplo, é muito grande.

Sobre isso, mais um registro. Foi estranho rever locais, casas, prédios que ou estão completamente modificados ou já não existem mais. Onde eu morava é um exemplo disso. Há anos que minha velha morada já foi demolida e substituída por uma imponente residência. Mas desta vez bateu um sentimento estranho. Saudosismo puro, acredito. Ao menos as duas pracinhas onde eu e meus saudosos amigos de infância jogávamos bola ainda estão lá.

Nesta semana, é claro, tem mais estrada pela frente...

sábado, 24 de julho de 2010

Quem não chora, não... se elege

Pensando bem, vou fazer um registro. Até agora, só um candidato e uma candidata me pediram voto.

E olha que, ultimamente, tenho convivido com muitos, muitos, candidatos. Sei lá, acho estranho, como desejam se eleger se não pedem voto?

Sem updates

Tenho muita coisa para contar destas duas primeiras semanas de campanha Estado afora. Mas depois de dormir só duas horas de quinta para sexta e quatro horas de sexta para sábado e ainda ter que levantar amanhã, domingo, às 6 da madrugada, vou me reservar o direito de dormir um pouco mais.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Vai começar a campanha

Começa amanhã. Vou para a estrada em uma campanha política. Quem diria? Jamais imaginei - mesmo quando iniciei a faculdade de Jornalismo - que um dia eu iria trabalhar neste ramo. Nunca fui fã de Política. Na verdade, na adolescência, o assunto me era completamente alheio. Eu apenas via comentários na TV esporadicamente. Mas não entendia nada do que os jornalistas da época tanto falavam.

O interesse só surgiu durante minha passagem pela Folha de S.Paulo, em Ribeirão Preto (SP), quando fiz algumas matérias. Anos depois, no extinto AN Capital, tive uma meia dúzia de pautas sobre o assunto. Me interessei mais quando fui editor na rede Bom Dia de jornais. Minha editoria era outra, mas nos plantões de finais de semana as colunas de política passavam pelo meu crivo. O estilo do texto e, talvez até mais, os sub-textos começaram a despertar minha curiosidade.

De volta, outra vez, em Florianópolis, graças ao colega Mauro Geres, a quem sempre serei devedor por duas oportunidades únicas em minha carreira, acabei finalmente virando repórter do setor no Notícias do Dia. E que delícia era cobrir Assembléia Legislativa. Foi um pouco mais de um ano de muita diversão, pautas desafiadoras. Principalmente para quem estava começando a se inteirar dos fatos. Entender leva muito mais tempo, acredito.

Infelizmente, o salário de repórter me fez desejar mudar de profissão. Não foi preciso, acabei virando assessor de imprensa de um político. Hoje estou no "outro lado do balcão". O desejo de cobrir uma campanha estadual finalmente será saciado, de outro modo. Não na cobertura por um jornal. Mas tá valendo. Vou lá aprender mais coisas. É hora de crescer mais um pouco. O ritmo, claro, será puxadíssimo, como mostra o roteiro abaixo. É assustador, estressante, nos mantém distante geograficamente de nossas famílias, mas estou contando as horas.

14/07 - Blumenau - 19h30

15/07 - Brusque - 9h, Timbó - 14h30, Jaraguá do Sul - 19h30

16/07 - Canoinhas - 9h30, Mafra - 14h30, Joinville - 19h30

17/07 - Itajaí - 14h


19/07 - Caçador - 19h30

20/07 - Curitibanos - 9h, Campos Novos - 14h30, Videira - 19h30

21/07 - Joaçaba - 9h30, Seara - 14h30, Concórdia - 19h30

22/07 - Xanxerê - 9h, Quilombo - 14h30, Chapecó - 19h30

23/07 - Lages - 19h30

24/07 - São Joaquim - 9h



26/07 - Ibirama - 19h30

27/07 - Taió - 9h, Ituporanga - 14h30, Rio do Sul - 19h30

28/07 - Laguna - 9h, Braço do Norte - 14h30, Tubarão - 19h30

29/07 - Araranguá - 14h, Criciúma - 19h

30/07 - Palmitos - 9h, Itapiranga - 13h30, Dionísio Cerqueira - 14h30, Rio do Sul - 20h

31/07 - Maravilha - 9h, São Lourenço do Oeste - 14h



02/08 - Grande Florianópolis - 19h30

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Direita ou esquerda?

Nos últimos meses, tenho ouvido amigos e colegas ligados ao PSDB dizendo que a imprensa é "toda petista". Folha de S.Paulo, Veja, Diário Catarinense, O Globo, UOL, o jornaleco "devezenquandário". Tanto faz. Estão todos "a soldo de Moscou". Ok, esta frase ninguém disse, mas foi irresistível empregá-la.

Agora ouço e leio colegas e conhecidos do PT acusando a mídia de ser tendenciosa. "Não divulgam os fatos positivos do governo Lula", bradou um. "São contra a Dilma", me garantiu outro.

Ora, de fato, não há como agradar gregos e troianos. E, claaaaro, a culpa é da imprensa. Convenhamos, na imprensa - assim como em qualquer outro ramo da atividade humana - hai gentes e gentes. Uns torcem pro Inter, outros pro Grêmio. Alguns gostam de feijão, há aqueles que preferem arroz. E é óbvio que há jornalistas "de esquerda" e outros "de direita". Particularmente, não sou de nenhum destes lados. Sou apenas jornalista. Volto a dizer, jornalista não deve ter partido político. Deve ser profissional. Mas esta,claro, é somente a minha humilde opinião, que só vale prá eu mesmo.

terça-feira, 6 de julho de 2010

Reflexão metálica

Vi o Iron Maiden em 1992 no ginásio do meu glorioso Internacional.

Entrevistei o mestre Kai Hansen e o Gamma Ray antes do inesperado show no Capoeirão.

Assisti, entrevistei e ganhei um autógrafo personalizado de Ronnie James Dio na véspera de um histórico show do lendário frontman em Santo Amaro da Imperatriz.

Assisti Megadeth, Faith No More, Dark Tranquillity, Motörhead, Ozzy Osbourne, Alice Cooper, Manowar, Savatage, Helloween, Slayer. Iron Maiden mais umas 3 vezes pelo menos.

Tive a grata satisfação de ver Moonspell (e na platéia tinha um mano fantasiado de Mephisto!).

Cobri show do Overkill e minha matéria com texto que ligeiramente zoava a Argentina foi publicada em uma revista do país vizinho.

Estava no Kreator com o Destruction fazendo o opening act e antes o Frank "Blackfire" Gosdzik veio me cumprimentar.

Não só vi o The Gathering como ainda lasquei um beijo (no rosto!) na Anneke Van Giersbergen após a entrevista coletiva.

Anthrax, Blind Guardian, Nightwish.

Matei a fissura ao ver a primeira e única Doro.

Viajei de Florianópolis até Belo Horizonte de ônibus - 23 horas de estrada - para ver Mercyful Fate.

Realizei o sonho de ver o Rage ao vivo (e tocaram uma pérola do Avenger!). E o Stryper é ainda melhor ao vivo.

REALIZEI O SONHO DE VER O QUEENSRÿCHE. Com direito à camiseta autografada e foto com o Geoff "melhor do munto" Tate.

Entrevistei Blackie Lawless e depois VI O FUCKIN W.A.S.P.!!!

Sim, Udo Dirkschneider é o cara. Sim, David Lee Roth é o cara e tocou o melhor show de rock and roll de todos os tempos.

Tomei várias com os caras do Grave Digger na Vila Madalena depois de um dos 2 ou 3 shows deles que já pude assistir.

AC/DC na pedreira Paulo Leminski em Curita. Quase 25 anos depois, vi o Metallica.

Glenn Hughes em Floripa!! Judas Priest com Ripper Owens. Judas Priest com a formação clássica e Whitesnake abrindo a noite.

Testament tocando "Sins of Omission" em Curita.

Eu tava no histórico show do Ramones abrindo pro Sepultura, na tour do Chaos A.D., em Balneário Camboriú.

Rodei por Sampa com Warrel "Sanctuary" Dane e Jeff Loomis. Tirei foto com os 2 e o Zé do Caixão. Apareci num vídeo pirata de um dos shows do Nevermore em Sampa.

E, agora posso dizer, Neil Peart é mesmo um gênio.

Nebula na chopperia do SESC Pompéia.

Mas, definitivamente, os dois momentos mais HEAVY METAL de toda a minha vida foram:





Rob Halford... tocando duas faixas do incomparável FIGHT!

Fui ao Rock In Rio para ver somente estas duas músicas. Iron Maiden pouco me importava naquela noite (o show foi bem mais ou menos, por sinal).

E iria novamente DE SÃO PAULO AO RIO DE JANEIRO NUMA VAN LOTADA.

Não sei se foi por eu não ter visto o Fight ao vivo. Ou se porquê boa parte do público que estava naquele Rock In Rio não tinha a menor idéia de quem era Rob Halford. E isto é um sacrilégio para quem se diz fã de rock pesado.

Talvez tenha sido porque a agressividade na música do Fight me ajudou muito a colocar para fora toda uma série de frustrações que vivi no início dos péssimos nos 90. A tristeza por ver um verdadeiro irmão sucumbir diante das drogas, derrotas pessoais em vários campos. A mediocridade da Florianópolis de então. A sensação de imobilidade profissional, pessoal e cultural em uma província que era ainda mais provinciana.

"Nailed To The Gun" e "Into The Pit" foram o ápice daquele Rock In Rio prá mim. Momentos que continuam vivos em minha memória, de onde não podem ser arrancados.

segunda-feira, 21 de junho de 2010

On the Road 4

Faltou atualizar a série "On the Road" nas últimas semanas. Só agora vi que o post mais recente sobre minhas andaças pelo interior de Santa Catarina havia parada na já saudosa viagem pelo Oeste e Extremo-Oeste do Estado.

Com as passagens pelos municípios abaixo, cé finita a fase de pré-campanha. Agora é aguardar a convenção para iniciar a campanha propriamente dita. Aí sim, a quilometragem vai se multiplicar.

Na série abaixo, nenhuma cidade desconhecida. Em todas eu já havia passado. Canoinhas, claro, não se encaixa nisso, afinal não passei lá, afinal se contar todas as vezes que estive na terra natal da minha mamma, praticamente daria uma vida. Nesta visita mais recente, infelizmente, não pude rever ninguém da famiglia, nem meu afilhado Yuri, pois do evento fomos sob um frio daqueles, direto para São Bento do Sul.

Maracajá
Criciúma
Canoinhas
São Bento do Sul
Jaraguá do Sul
Navegantes

terça-feira, 15 de junho de 2010

Copinha

Copinha do Mundo sem graça esta, não? Ao menos até este momento, de 13 jogos, seis empates. Não ouvi falar de nenhum grande jogo. Ok, estou comentando sobre o comentários de terceiros (afinal, ainda não tive tempo para assistir alguma partida). A tal Itália de quem tanto falavam foi decepcionante. Na Argentina, também não vi nada assim tão extraordinário. Alemanha fazer 4 a 0 na Austrália nada mais é do que pura obrigação.

A cobertura da imprensa que me chega demonstra que esta não é uma Copa "daquelas". Suspeito que será um torneio burocrático, com os de sempre chegando à decisão. Tomara que isso mude. Ainda tenho curiosidade sobre a Espanha, se vai, finalmente, desencantar.

Palpite para logo mais? Brasil 2 a 0 sobre a Coréia do Norte.

domingo, 6 de junho de 2010

Discursando com o inimigo

Política e políticos não são mais surpreendentes. Ou, ao menos, não deveriam mais ser. Mas ver o deputado estadual Joares Ponticelli (PP) no palanque do PSDB na noite da última quinta-feira foi algo no mínimo curioso. Certamente o crítico mais aguerrido, feroz e ousado do governo catarinense (leia-se PMDB e PSDB), o parlamentar era só sorrisos ao lado de todas as lideranças tucanas que lotaram o palanque de Prezalino Ramos Neto, o Preto, que exatamente neste domingo, disputa a prefeitura de Maracajá.

Sim, eleição municipal. A bucólica cidade do Sul do Estado teve os vencedores do pleito cassados em 2010 e a segunda chance de eleição suspensa pela Justiça Eleitoral. Prezalino, presidente da Câmara, herdou o cargo interinamente. O caso é que, nos poucos meses que pilotou a prefeitura, conseguiu fazer uma boa administração e virou candidato. Mas para bater o PMDB local, foi necessário uma coligação com o PP. Coisas da política catarinense. Amigos lá nem sempre são amigos aqui e vice-versa.

Ponticelli foi recebido pacificamente no palanque em Maracajá. Mas era nítido o ar sério e distante de alguns tucanos de alta plumagem. Fiquei imaginando se o parlamentar do PP não iria fazer nenhuma crítica ao governo Leonel Pavan. Claro que não o fez. Está certo ele. Estratégia e estratégia. E a chance de conquistar mais uma vice-prefeitura deve fazer valer a pena a proximidade com adversários declarados. Por trás de tanta harmonia também deve estar o interesse de uma coligação para a eleição ao governo do Estado com os tucanos. O tema agrada parte do PSDB, mas desagrada outra fatia significativa do partido. É só mais um capítulo da confusa configuração do quadro eleitoral catarinense para este ano.

sábado, 29 de maio de 2010

On the Road 3

Mais uma semana na estrada. Embarcamos no Aeroporto Internacional Hercílio Luz na noite de terça-feira e rumamos para Chapecó. No dia seguinte, após uma entrevista do chefe na rádio Super Condá, caímos na estrada, de micro-ônibus, até São Lourenço do Oeste.

De lá o rumo foi São Miguel do Oeste, onde passamos a noite, para ir até Maravilha, na quinta-feira. Naquela noite, a correria foi grande em um evento com mais de 600 pessoas em Chapecó. Sexta levantamos cedinho para ir até Xanxerê, Concórdia e Joaçaba. De lá continuamos até Treze Tílias, cidade que sempre quis conhecer e nunca antes tive oportunidade de ir. A comitiva, com 15 pessoas, se divertiu jogando boliche, espantando o frio ao redor de uma lareira e tomando uma sopa espetacular antes de ir para o ótimo Hotel Tirol.

Este lugar, por sinal, é altamente recomendável. Excelentes instalações, comida muito boa e diárias bem acessíveis. Preciso voltar lá a passeio, para conhecer mais a cidade colonizada por austríacos. Hoje cedo o micro-ônibus nos conduziu para Caçador onde, finalmente, encerramos o roteiro. É só uma pré-campanha.

quarta-feira, 19 de maio de 2010

On the road 2

Update nos roteiros:

Lages
Curitibanos
Blumenau
Joinville
----
Brasília
----

Próxima semana? Oeste e Extremo-Oeste de Santa Catarina.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Alvo do CQC

Dia corrido na Câmara Federal. Muitos alcaides catarinenses participando da Marcha dos Prefeitos. Movimento intenso, entra e sai no gabinete, corredores lotados de gente, muita, muita gente, reivindicando mil coisas diferentes, protestando contra mais um monte de outras.

Final da tarde, meu assessorado conversa com um dos prefeitos no saguão no lado de fora do Plenário. Eu ali por perto, só de olho no movimento, procurando algum colega, algum conhecido, tentando ainda me acostumar com a doidêra que é esta Babel. Lá no fundo noto a equipe do programa "CQC", da TV Bandeirantes.

Assim que o chefe se despede do prefeito, discretamente eu o chamo e explico quem é o repórter, o quê é o "CQC". Ele ainda não tinha visto a atração, mas sabia de alguns detalhes. Ok, recado passado, vamos em frente. Bastaram três passos para Danilo Gentili "colar" no meu assessorado.

Três perguntas rápidas e o chefe se saiu muito bem. Passou na prova de fogo. Talvez, por isso, duvido que as imagens entrem na edição final do programa. Mas que foi divertido, ah, isso foi.

domingo, 16 de maio de 2010

Dio eterno

Volto a atualizar este blog em um dos dias mais tristes da minha vida. Ronnie James Dio um dos músicos mais admiráveis da história, uma lenda do rock morreu nesta manhã, vítima de um câncer de estômago.

Cantor do ELF, Rainbow e Black Sabbath, além de sua vitoriosa carreira solo, Dio era um rockstar gente finíssima. Nada de escândalos, bebedeiras, bizarrices ou envolvimento com drogas. Quem o conheceu - eu tive a honra de entrevistá-lo em um dos dias mais felizes destes meus 37 anos de existência - sabe que era um gentleman. Sempre atendeu aos fãs e aos jornalistas com muito respeito, carisma, educação e bom humor.



A última apresentação dele que pude ver ao vivo foi no dia 5 de dezembro de 2001, no Credicard Hall, em São Paulo. Passei uns 15 dias, pelo menos, lamentando para meu amigo David Torelli - quando ainda trabalhávamos na Century Media - que minha música preferida jamais seria tocada pelo mestre Dio. Na noite do show, eis que o dono de uma das vozes mais poderosas deste planeta anunciou: "Invisible". Quase caí das cadeiras superiores do Credicard Hall. E quem conhece tal casa de espetáculos sabe quão alto é isso.



Há algumas semanas, ou seriam meses?, quando a notícia de que Dio estava encrentando um câncer começou a se multiplicar na Internet eu pensei que isso não era nada. Um homem como ele não morre, imaginei. Doenças deste tipo são reservadas aos seres humanos comuns, afinal de contas. Como é que um cidadão vive 67 anos, mais de 50 deles dedicados à música, ao rock, ao heavy metal, com amplo sucesso, fãs ao redor do mundo todo, pode perecer de algo tão bobo quanto um câncer?

Mas a realidade é cruel. A vida continua, o mundo gira e rockstars, ídolos, astros, são tão humanos quanto todos nós no final das contas.

Não lembro a data exata em que ouvi a voz única de Ronnie Dio. Mas certamente foi em 1983, ano em que minha vida mudou, logo após eu descobrir o Kiss. E então chegou nas minhas mãos uma fita k-7 do Iron Maiden, um LP do Black Sabatth (ainda com Ozzy nos vocais), outro do Accept. Até que um dia me explicaram que o Ozzy enlouqueceu, brigou com Tony Iommi e montou uma banda própria. Para o seu lugar, entrou um baixinho que inventou o sinal dos "chifrinhos" que representava o heavy metal. Ele era americano, mas tinha um sobrenome italiano. Ao escutar "Holy Diver", o álbum com aquela enigmática capa, tive uma sensação mágica que só sentiria ao ouvir outras peças magníficas, como "Operation: Mindcrime" (Queensrÿche), "Master of Puppets" (Metallica), "Século XX" (Overdose), "Hall of the Mountain King" (Savatage), "Killers" (Iron Maiden), "W.A.S.P." (W.A.S.P.), "Abigail" (Kind Diamond), "Reign In Blood" (Slayer), "Creatures of the Night" (Kiss), "Balls To The Wall" (Accept) e "Schizophrenia" (Sepultura), não necessariamente nesta ordem.



A vida é estranha. Cresci sonhando em assistir ao vivo tantos ídolos da minha adolescência. Mas isso era em uma época em que shows internacionais no Brasil eram uma raridade. Ainda mais de bandas que tocam rock pesado. Não havia Internet, telefone celular, fotografia digital, computadores eram coisas de filme americano. Mas o progresso, lentamente, chegou ao Brasil. O País começou a deixar de ser arcaico e, aos poucos, mais e mais ídolos vinham até nós. E um belo dia anunciaram que Dio iria tocar em Florianópolis. Na verdade, em Santo Amaro da Imperatriz. Era dezembro de 1995, mais precisamente no dia 1º, quando eu estava no Hotel Cambirela, ao lado de alguns outros fãs, para entrevistar o mestre!

Foi um dia mágico. Dio entrou na sala e mostrou-se a gentileza em pessoa, a alegria e a felicidade de conversar conosco, a quem instistiu em chamar de amigos, eram nítidas. Usei meu ainda parco conhecimento no inglês e fiz várias perguntas. Ele brincou comigo quando questionei sobre o Black Sabbath. O diálogo foi mais ou menos assim:

"I hope this isn´t a forbidden subject", comecei. "No, go ahead, ask, my friend", ele respondeu. "About Black Sabbath...", indaguei. "No, i don´t speak about this", afirmou Dio, já rindo com a minha cara, obviamente, patética e decepcionada. "I´m kidding. Of course i´ll answer to you", ele continuou.

Ao final da entrevista, todos receberam seus autógrafos com a tradicional frase "A magic to..." que ele sempre assinou para seus fãs. Naquela tarde, meu velho vinil do "Holy Diver" voltou para casa com a frase "A special magic to Alessandro", como pode ser visto neste link. E esta é uma história que não me canso de contar. É bobo, eu sei. Infantil muito provavelmente. Mas é real.

O setlist tocado na noite de 2 de dezembro de 1995 naquele antológico show na New Time, uma danceteria do vizinho município de Santo Amaro da Imperatriz, foi mais ou menos assim:

* Intro (someone scanning through radio stations)
* Stand Up And Shout
* Strange Highways
* Don't Talk To Strangers *
* Evilution
* Pain
* Guitar Solo
* Pain
* Mob Rules *
* Children Of The Sea *
* Holy Diver
* Heaven And Hell *
* Man On The Silver Mountain **
* Drum Solo
* Heaven And Hell *
* Jesus Mary & The Holy Ghost
* Hollywood Black
* The Last In Line
* Rainbow In The Dark (encore)
* We Rock (encore)
* Here's To You (encore)
* Da sua passagem pelo Black Sabbath
** Da sua passagem pelo Rainbow



Hoje, lamentavelmente, Dio passou, seguiu em frente em sua trajetória. Deixou, felizmente, sua arte, sua música, sua mágica. Não teremos mais o prazer de vê-lo ao vivo, mas estará sempre vivo.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

On the road

De uns tempos para cá, não tem outro programa entre quintas e sábados: é estrada e mais estrada.

Até o momento, desde que deixei a Secretaria da Educação e passei a assessorar o deputado federal Paulo Bauer, passei pelas seguintes cidades:

Brasília
-------------
Bela Vista do Toldo
Porto União
Três Barras
-------------
Criciúma
Forquilhinha
Criciúma
Treviso
Siderópolis
Içara
Tubarão
------------
Imbituba
São Martinho
Tubarão
Araranguá
Maracajá
------------
Jaraguá do Sul
Navegantes
Camboriú
Navegantes
Balneário Camboriú
------------

E amanhã tem mais: Rio do Sul é o destino certo. Mas não é de se estranhar que o roteiro possa ganhar mais paradas.

terça-feira, 4 de maio de 2010

A fila no Cartório Eleitoral de Florianópolis desce a rua Esteves Júnior até a esquina com a rua São Francisco e por esta sobre até a metade da íngreme subida. Preferia acreditar que é o amplo interesse da população em regularizar sua situação com a Justiça Eleitoral para participar das próximas eleições.

Este seria o mundo ideal. Mas, na verdade, hoje é o penúltimo dia para quem ainda não fez ou transferiu o título de eleitor. Brasileiro, como diz o ditado, deixa tudo para a última hora. Desconfio que, de fato, tamanho interesse é apenas garantir a possibilidade de participar de um dos vários concursos públicos existentes, pois o título é documento obrigatóriio para quem deseja participar destas seleções.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Resposta

Marco Antonio Zanfra é daqueles jornalistas de verdade. De ampla experiência, nome respeitado, não mede esforços para... fazer jornalismo. Um crítico por natureza. Pergunta sem medo de incomodar. E isso me faz manter a mesma admiração que aprendi a ter pelo seu trabalho quando fomos colegas no extinto jornal O Estado. É meu leitor há tempos. Fiel e severo. Não deixa passar nada. E isso é ótimo. Ok, o blog é meu, escrevo nele o que desejar, mas sempre é bom ter fiscalização.

E no post anterior, o Zanfra avaliou que cedi espaço semelhante ao da revista Veja para o pré-candidato do PSDB, José Serra. Perguntou ainda se isto está no contrato do meu assessorado que, não há segredo algum, pertence ao mesmo partido do ex-governador paulista. Na verdade, cedi um grande espaço para eu mesmo. Aqui é o único lugar onde posso ser repórter, já que os salários irrisórios oferecidos pelos veículos de comunicação de Santa Catarina me forçaram a ir para o setor de assessoria de imprensa, o "outro lado do balcão".

Fiz no texto abaixo uma análise do político e pré-candidato José Serra. Inclui minhas impressões sobre ele, fazendo comparação com uma época anterior da vida pública dele, a qual eu testemunhei. Reportei o que ele estava fazendo naquele momento retratado pelo texto e com quem. Emiti opinião - afinal, como dito acima, o blog é meu. Mas em momento algum eu disse "vote nele" ou "não vote nele". Não sou de partido político algum, defendo a tese de que jornalista não deve ter partido político. Pode, no máximo, prestar serviços a tais agremiações. Obviamente, já fui convidado a me filiar ao partido do político para o qual eu presto serviço. Declinei. Nem por isso, a pessoa que contrata minha mão de obra me demitiu. Em quem eu vou votar é um problema só meu. Minhas ideologias também. Não interessam à ninguém, a não ser que eu resolva contar.

Esta resposta é para quem ler o texto abaixo e o comentário do meu amigo Zanfra, que me garante audiência e muitos momentos de reflexão. Desconfio até que muitas vezes ele me questiona como castigo, por eu não me dedicar mais, tanto quanto eu gostaria, à leitura do blog dele (cujo link está no menu ao lado). :)

domingo, 2 de maio de 2010

Serra aprimorado?

Jornalistas e goleiros têm algo em comum. Não basta cumprir com suas funções a contento de patrões (clubes de futebol e torcidas, jornais ou assessorados). É preciso ter um pouco de sorte. Não sou goleiro, apesar de sempre ter sempre "preferido" jogar em tal posição, já que no início da fase onde se decide quem sabe jogar futebol e quem não sabe - ali pelos 10 ou 11 anos de idade - tive a certeza de que sou um perna de pau incorrigível. Em minha carreira de jornalista, acabei fazendo um golzinho aqui, outro acolá. Nada que me garantisse uma vaga em alguma seleção nacional ou contrato no exterior.

Ontem, o fator sorte me ajudou. Acompanhando meu assessorado durante a passagem por Santa Catarina de José Serra, ex-governador de São Paulo, tive a oportunidade de ser um dos três ou quatro jornalistas que testemunhou a entrevista que o pré-candidato do PSDB à presidência concedeu ao colega Paulo Alceu, veterano repórter e colunista político da imprensa nacional. Em um estúdo improvisado no Aeroporto Internacional de Navegantes, Serra falou por quase uma hora, para o programa "Conexão News", que será exibido em Santa Catarina na próxima terça-feira pela Record News.

Fotos: Alessandro Bonassoli

Estilo: Jornalista Paulo Alceu mistura humor discreto e questões afiadas

Notei um aprimoramento na postura do candidato. Ao contrário das campanhas de 2002 e 2004, que acompanhei de perto pois morava na capital paulista, Serra está menos arisco, mais simpático. Seu esforço para não parecer tão carrancudo como era no passado, é quase imperceptível, é praticamente natural. Creio que algum marqueteiro fez por merecer os vencimentos. Exatamente como aconteceu com o atual presidente, Luis Inácio Lula da Silva, na última eleição.


Efeito-defeito: Na falta de qualidade do retratista, brincadeirinha com o ar mais sociável do pré-candidato tucano

Paulo Alceu conduziu a entrevista com seu estilo habitual. Um bom humor discreto junto com perguntas afiadas, na veia. Serra recuou apenas quando indagado sobre a postura de seus adversários ou de críticas que recebeu de Ciro Gomes. Preferiu não comentar, demonstrando cavalheirismo. "Não é meu estilo [entrar na política de troca de acusações]", defendeu-se.

Fez juras de amor a Santa Catarina, onde deu alguns dos primeiros passos na vida pública, quando fazia política estudantil. "Convoquei a Assembléia da UNE [União Nacional dos Estudantes] em janeiro de 1969, na Assembléia Legislativa, em Florianópolis", afirmou.


Passado: Serra atesta amor por SC ao lembrar de início da vida pública

Sobre a proposta de criar o ministério da Segurança Pública, Serra explicou que há a necessidade "de jogar o governo federal" na questão. Sobre as críticas do PT que o acusa de inchaço da máquina pública caso isso aconteça, foi enfático: "não vamos botar gordura no governo, mas músculos". Sobre as comparações que possam surgir durante a campanha entre as duas últimas adminitrações, com o seu partido comandando o País por oito anos e com o PT nos últimos oito, o ex-governador paulista deu a entender que tal tópico é desnecessário. "Fernando Henrique e Lula não são candidatos", argumentou, deixando a entender que ele e Dilma Roussef são os nomes a ser comparados pela mídia e pelos eleitores. "Ninguém terceiriza o governo" e "governo não é uma gincana" foram outras frases ditas sobre o tópico.


Campanha: Ex-governador evita trocar farpas com adversários mas afirma que FHC e Lula não são os candidatos

Para Santa Catarina, Paulo Alceu tentou extrair a opinião de Serra sobre a questão local. Quem assistir ao programa verá que o jornalista procurou identificar a opinião do pré-candidato em relação às possíveis variações no cenário eleitoral catarinense. Serra não mediu palavras e afirmou o que já havia dito aos interlocutores de PSDB, PMDB e DEM: prefere um palanque único. "Espera-se a melhor unidade possível. Gostaria que se pudesse manter a Tríplice Aliança", falou. Mas garantiu, para alívio dos seus correligionários, que não virá aqui ditar regras. "Eu sou de fora. Mas é claro para mim que, quem for sozinho, não irá bem", sentenciou.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Quer dançar, quer dançar, o Tigrão vai te ensinar

Pensei em incluir este post na sessão "Realidade ou ficção" que os leitores mais antigos talvez recordem. Mas pensei melhor e isso seria um erro, pois o trecho a seguir é a mais pura realidade.

Depois de um longo e estafante dia, que iniciou às 6h50 e só acabou às 19h50, e de uma espera de mais de 20 minutos por um ônibus que me trouxesse do Centro ao bairro Pantanal, vi uma daquelas coisas raras. O ônibus não estava muito cheio e, assim que entrou em funcionamento, um dos passageiros levantou-se e foi ao setor de ligação entre as duas partes do veículo (sim, aquele já popular latão duplo que faz a linha "UFSC Semidireto").

Com fones de ouvido, o cidadão - na faixa dos 20 e tantos anos de idade - começou a cantarolar, aparentemente acompanhando alguma música que saía dos seus fones de ouvido, e a dançar. Freneticamente, para espanto e graça dos demais usuários do quase sempre monótono sistema de transporte da capital de todos os catarinenses. Sem olhar para trás, como se fosse o único ser vivo naquele carro, o rapaz dançou incansavelmente. Não como Jennifer Beals fez em "Flashdance". Parecia mais Carla Perez na fase É o Tchan. Enquanto a turma se esbaldava a rir, ou melhor, a gargalhar, o distinto foi até o chão, como se a boquinha da garrafa estivesse colada no piso do ônibus. Haja joelhos!

Foi assim até descer, na Beira-Mar Norte, logo depois do Shopping Center. Garantiu a alegria da noite de muita gente, pessoas que estavam mal-humoradas com o mau tempo e o trânsito caótico de Florianópolis. Engraçado como os transportes públicos são costumeiramente palco para cenas assim, digamos, diferentes. Ok, algumas são bizarras. Lembro de mais uma ou duas acontecidas aqui mesmo. E mais algumas no metrô de São Paulo. Acho até que já as comentei neste blog. Prometo, assim que tiver tempo, reler antigos posts e, se forem casos inéditos, prometo disponibilizá-los.

terça-feira, 20 de abril de 2010

A vida muda e o repórter sonha

Quando comecei a prestar serviços para o então secretário de Estado da Educação Paulo Bauer, logo após as últimas eleições, sabia que ele era um político e candidato. A tendência era buscar a reeleição como deputado federal. Quase dois anos depois, ele agora é pré-indicado para disputar vaga no Senado. O plano B? pode disputar o governo do Estado, caso Leonel Pavan não encare a parada.

Mesmo depois de 37 anos de vida, ainda me surpreendo com as mudanças "no roteiro". Incrivel como o ser humano faz uma programação - quer seja pessoal ou profissional - e a vida altera tudo, de uma hora para outra, sem sequer telefonar, mandar um e-mail ou deixar um recado no blog para te dizer "olha, não vai ser do jeito que você imaginou, viu?".

Falando em mudanças, foi doidêra a primeira semana na Câmara dos Deputados. Não deu tempo nem para encontrar velhos parceiros que habitam a Capital federal. Só consegui falar com Jefferson Dalmoro e Lúcio Lambranho pelo telefone, mas nada de encontrá-los ou tomar uma gelada. O Diógenes Botelho, pior ainda, descobri que ele trabalha no mesmo prédio onde fica o gabinete onde vou trabalhar e sequer cheguei a conversar com o colega.

Nos dois primeiros dias fiquei meio deslumbrado com tanta gente, tanta notícia, com tanta informação ao mesmo tempo. Foi empolgante ver as comissões e o plenário funcionando, os colegas em cima do lance, cobrindo o dia-a-dia do parlamento. Deu uma saudade gigante de ser repórter. Mas quis o destino que eu fosse para lá trabalhando "no outro lado do balcão". Agora entendo o que comparsa Evandro Spinelli falava sobre Brasília. É adrenalina pura, é jornalismo de verdade, acontecendo o tempo todo, todo o tempo. É sonho de repórter se tornando realidade.

domingo, 18 de abril de 2010

Cai a ficha da violência constante

Começa a cair a ficha agora, domingo à tarde, sobre um episódio de ontem pela manhã. Ouvi as vizinhas da casa ao lado gritando "ele tá ali, mais para a direita", "subiu", "mais prá lá" e como as frases passaram a ser repetidas, abri a janela para ver o que acontecia. Eram policiais perseguindo alguém.

Um dos dois rapazes que assaltaram a tradicional Padaria do Tio, aqui no bairro Pantanal, no prédio ao lado de onde moro. Os proprietários, por sinal, são meus vizinhos de porta. Sorte que os ladrões levaram quase nada financeiramente e não machuram fisicamente nenhuma das pessoas que estavam no estabelecimento. Por sorte, um carro da Polícia Militar estava sendo abastecido em um posto de combustível daqui de perto na hora em que os vizinhos chamaram socorro.

Tudo acabou sendo um grande susto. Mas é muito mais assustadora a presença constante da violência ao redor da gente. Ainda mais em uma cidade tipo Florianópolis, que uma década atrás não era violenta. O número de assaltos e assassinatos eram praticamente irrisórios se comparado ao das grandes capitais brasileiras. Impressiona ainda mais o fato de que os dois assaltantes eram foragidos do centro de "recuperação" de menores infratores aqui da Grande Florianópolis. Pelo que me disseram, ao menos um deles já teria dois homicídios no currículo. E tudo, obviamente, em função das drogas. O velho chavão do adolescente que se torna usuário e depois passa a cometer pequenos - mais tarde, maiores - delitos para bancar o vício ou pagar a conta com os traficantes. E nós, que não temos nada a ver com tal situação (quero dizer, com a manutenção do comércio de entorpecente), acabamos nos tornando vítimas deste mundinho assustador.

Cada vez mais penso que morar em Florianópolis não é bom. Não tão bom quanto já foi.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

Jornalistas e o seu dia

E hoje é "dia do jornalista". Tenho cá minhas dúvidas sobre a utilidade de tal efeméride. O twitter tá bombando com mensagens sobre a data. Maior parte dos comentários, claro, é feita por coleguinhas de profissão. Algumas interessantes, outras bem humoradas.

Na TV Câmara, a sessão de hoje no legislativo federal também já registrou muitas menções ao tal dia. Honestamente, 99% delas são meras mensagens de caráter eleitoreiro. Deputados tentando atrair a atenção de nós jornalistas, supostos formadores de opinião. Caros parlamentares, jornalista não vota por causa de tapinhas nas costas ou mensagens de solidariedade.

Certo, derrubaram a obrigatoriedade do diploma, mas só dizer que não são favoráveis à isso é insuficiente. É preciso muito mais para ganhar nossa admiração. Criar, votar e fiscalizar projetos de Lei decentes, que beneficiem não só nossa (desunida) categoria, mas também a toda a população é um bom começo, uma boa maneira de ter nossa atenção.

Cada vez mais misterioso

Estou acompanhando a derradeira temporada de "Lost". Está cada vez mais perto o final, mas ainda não empolgou. Sempre fui contra que todos os mistérios fossem explicados, mas os autores estão explicando pouco ou quase nada e criando ainda mais dúvidas.

Refletindo sobre isso, lembrei de um velho post, que pode ser relido aqui. Mantenho as mesmas expectativas daquela época.

Erro básico

Esta confusão das gratificações para o funcionalismo público tem tudo para custar caro para vários políticos catarinenses. Nem quero saber quem é o culpado, mas errou feio. E na quase véspera das eleições.

Nada mais primário do que irritar funcionalismo público em ano eleitoral. O brasileiro esquece até perdoa erro de político, afinal é um povo semi letrado. Mas mexer no bolso do vivente, ah, isso não tem perdão.

quinta-feira, 1 de abril de 2010

Saidêra

Apesar de já ser 1º de abril, este post não é uma mentira. Aviso aos colegas repórteres, editores, colunistas e pauteiros que NÃO sou mais assessor de imprensa da Secretaria de Estado da Educação. Com a desincompatibilização do deputado federal Paulo Bauer, que deixou o cargo oficialmente ontem para reassumir seu mandato em Brasília, eu também abro a vaga e passo a cuidar da assessoria de comunicação dele.

Nos próximos três meses, vou dividir o tempo entre Florianópolis e Brasília. Depois, quando o meu cliente definir sua candidatura (reeleição? senado? governo?) passarei alguns meses pelo interior do Estado, em campanha total, ritmo de 23 horas, seis dias por semana. Nada que vá assustar um ex-repórter da Folha de S.Paulo e ex-editor da rede Bom Dia.

Até o momento, não há uma definição sobre quem me substituirá na coordenação de comunicação da Secretaria. Mas a gloriosa ASCOM conta com duas experientes jornalistas de carreira (Suely Aguiar e Beatriz Menezes) e dois competentes estagiários (Carmelo Cañas e Jéssica Butzge) para atender às demandas da imprensa e divulgar as várias pautas muito boas sobre a educação catarinense. O telefone celular (48) 8843-4962 não estará mais comigo, mas continuará servindo para a assessoria da Secretaria, cujo número fixo é (48) 3221-6161. Assim que tiver definido meus novos contatos, divulgo aqui no blog.

Aproveito para agradecer o apoio e a cobertura que os vários colegas de rádios, televisões, jornais e websites garantiram durante minha passagem pela Secretaria. Peço desculpas por qualquer coisa e conto com vocês agora em minha nova empreitada profissional. Apelo para que todos lembrem que a Educação rende inúmeras pautas positivas e o setor, em Santa Catarina, é um manancial vasto de boas histórias, de muitos acertos, de projetos inéditos no País. Basta querer sair da insensata cotidiana busca por más notícias.

Reclamando na madrugada.

1) Não tô nem aí para o Big Brother Brasil. Ainda bem que acabou. Lavagem cerebral coletiva é dose para elefante. Taí algo que deveria ser crime, inconstitucional, proibido até embaixo d´água. E ainda reclamam que o País não vai prá frente. E o que me deixou de cara foi a quantidade de pessoas esclarecidas que passaram a se preocupar dioturnamente com os destinos daquele povo "confinado". Ah, se a TV Cultura tivesse a mesma audiência!!!

2) UFa! Terminou o drama do Caso Isabella. Justiça foi feita. Agora, colegas pauteiros, façam-nos o favor de esquecer o assunto. O que era aquela cobertura intensiva e abusiva da Globo?

3) Árbitro de futebol que prorroga jogo até os 49 minutos do segundo tempo merece cadeia.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Carro é o que não falta

Das duas uma: ou a auto escola é muito boa ou o trânsito de Florianópolis vai ficar ainda pior. Fui agendar minhas aulas práticas e só consegui vaga para daqui um mês!!

Não é a toa que, dizem, Florianópolis já tem, proporcionalmente, mais carros do que a cidade de São Paulo. Engraçado é que ainda se vê muito carro velho trafegando pelas ruas da capital catarinense. Sei lá, acho que deveriam criar uma lei obrigando quem troca de veículo colocar o antigo para demolição/destruição. Talvez não ficasse tão pior quanto já é o trânsito deste município.

sexta-feira, 19 de março de 2010

Radioator

Eu já fui ator. Ou melhor, "radioator".

Sim, paralelamente ao primeiro emprego como jornalista, tentei carreira no ramo artístico. Brincadeirinha! Dica via tweeter do amigo Alexandre Gonçalves (@agenteinforma) me fez relembrar de um passado completamente esquecido: as aulas de rádioteatro do Curso de Jornalismo da UFSC.

Eram decorridos 1996 anos do século passado quando no famoso "tronco específico" do currículo novo, agora velho, do citado curso, voltou a existir a disciplina de "Rádioteatro". Cinco aulas por semana, sempre à noite, eram a alegria da galera. Os raros momentos onde era possível colocar a imaginação para funcionar e criar histórias e estórias hilárias na maior parte dos casos. Muitos talentos ali surgiram, outros ali despontaram para o anonimato. O que importava - e continua importando - era o bom humor, horas de descontração total para esquecermos das matérias para as aulas do Nilson Lage ou do Scotto e dos textos das teorias da Comunicação e do Jornalismo (Sérgio Weigert, Barbara Freitag, Agnes Heller e as maledetas esferas da percepção da insuportável Escola de Frankfurt!!).

Pensando melhor, graças à esta maravilha da invenção humana, a Internet, anonimato nada! No site Rádio Ponto UFSC está parte do acervo criado por várias turmas de então futuros jornalistas.

Além do próprio Alexandre Gonçalves e este que vos fala, a lista inclui roteiristas, locutores, atores, diretores, maquiadores, cabeleireiros e outros bichos tipo Giancarlo Proença (@gianproenca), Diógenes Fischer (@diogenesfischer), Jefferson Dalmoro (@jeffdalmoro), Anita Dutra (@anitadutra), Lauro Maeda, Mutley (@fabiobianchini), Andréa Beron, Eduardo Buckhardt, Bob Barbosa, Flávia Danova, Mariana Ortiga, Maurício Frighettto (@frigas), Karina Manarin (@kmanarin), Alessandra Mathyas (@alessandramathy), entre vários nomes do mesmo calibre. Não posso deixar de mencionar a presença dos para sempre saudosos Pedro Saraiva e a primeira e única Nathan Manfroi.

Vale a pena interromper o tempo e se dedicar à audição de pérolas como Luna Caliente (que continua aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui e aqui), "Arnaldo, cala a boca!", a adaptação impagável de "Eduardo e Mônica", "Ópera do Malandro" (que continua aqui e aqui) e minha humilde adaptação para o clássico "Noite na Taverna", de Álvares de Azevedo (Paradise Lost, Dream Theather, Basil "Conan, o Bárbaro" Poledouris, Sepultura na trilha sonora!!!). Mas estes são só alguns exemplos, há muitos outros importantíssimos.

Bom divertimento!

quarta-feira, 17 de março de 2010

Pesquisas

O Ibope lançou hoje mais uma pesquisa sobre intenção de votos para a presidência do Brasil. José Serra (PSDB) aparece com 35%, cinco pontos percentuais na frente de Dilma Rousseff (PT). Tucanos comemoram, petistas dizem que é questão de tempo para este cenário se inverter.

Ah, tenham paciência! A eleição será em outubro, muita pesquisa será feita até lá. E, na boa, sete meses antes do pleito, pesquisa não define vencedor nem derrotado. Tudo, simplesmente tudo, pode acontecer até lá. Adianta gastarem dinheiro com isso? não tem notícia acontecendo no mundo não? Na política, a imprensa não tem coisa mais útil para publicar?

Na minha opinião, pesquisa de intenção de voto é igual impedimento no futebol: deveriam deixar de existir. Geram perda de tempo, mudam o foco do que realmente importa e podem complicar uma disputa.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Coisas do Bonassoli II

Ao vivo de Curitibanos...

- Mais do que lamentável o assassinato do cartunista Glauco. Pelo visto, morreu de um modo "bobo" (se é que existe algum modo "não bobo" para se morrer). Tragédia pouca é bobagem. Vai fazer muita falta.

- Na quinta-feira tive mais uma passagem "a jato" por Canoinhas, onde cobri três inagurações de obras da Educação. Uma na cidade, outra em Três Barras e mais uma em Bela Vista do Toldo. Ao menos desta vez pude rever meu afilhado. Nada como a alegria de uma criança para fazer a gente esquecer dos problemas. Me assustou o fato do Yuri já ter quase 4 anos. O tempo passa, infelizmente, muito rápido.

- Falando em tempo, ainda ontem cheguei aqui na minha terra natal. Tecnicamente, eu não vinha para Curitibanos há uns 13 anos. Passei aqui três anos atrás mas não vi nada e mal falei com os familiares. A passagem do ano passando então, nem se conta. É estranho o cara voltar, rever os lugares da infância onde brincou, cresceu, viveu, riu e chorou. Muita coisa está difente apesar do lugar, que já está vivendo um momento irreversível de retomada do crescimento, insistir em parecer a mesma pacata cidade de vinte e tantos anos atrás.

Hoje saí para almoçar e reencontrei um antigo comparsa da infância, Side Provesi, que eu não via desde 1985, talvez 1987. Percebi que, em função de inúmeras razões, simplesmente perdi o contato com a velha turminha da rua. É muito tempo. Perdido. Todo mundo fala isso, mas a gente sempre acaba deixando de lado as partes boas do passado. Se afasta de quem foi ou continua sendo importante. Ao invés de somar amigos, acaba-se subtraindo. Foi estranho ficar olhando para as pessoas que entravam no restaurante na vã tentativa de lembrar se era algum conhecido. Os mais novos, obviamente eu não tenho como conhecer. Entre os mais velhos revi rostos que trouxeram memórias, mas nada de lembrar nomes. Na turma que aparenta ser da minha faixa etária, a sensação foi pior. Tirando o amigo ainda bem resgatado, não achei ninguém.

- Apesar da folga autorizada pelo chefe, estou de plantão hoje. Celular ligado direto, internet e o que for necessário. Já marquei e desmarquei visita, marquei reunião, corrigi texto, orientei colega de outra assessoria sobre como lidar com um deputado da oposição e enviei notas para a imprensa. Falta agora um press release sobre o...

- evento na Câmara dos Vereadores, ontem à noite, que foi excelente. Acabei sendo citado na sessão solente (transmitida ao vivo por uma das rádios da cidade) para alegria e orgulho dos meus pais, que estavam presentes. Meu chefe, de modo gentil e leal, revelou que o Cedup que o Estado vai construir em Curitibanos (R$ 10 milhões e 800 mil de investimento) foi sugestão minha. Provei a ele que a região acabou empobrecendo nas últimas décadas graças à decisões administrativas equivocadas e que o governo estadual precisava estar mais presente em um município que crescia muito entre as décadas de 70 e 80 mas que estagnou e, pior, perdeu espaço na economia ao ter vários distritos se emancipando e levando empresas que rendiam muitos impostos. A migração de pessoas desassistidas de outros locais menores também fez crescer a pobreza e até a violência. Ainda hoje li manchete do bom jornal local - "A Semana" - sobre um casal preso com crack. Não é este tipo de modernidade que Curitibanos necessita.


Histórico: E não é que o chefe (à esq.) me elogiou ao conhecer meus progenitores?

Uma escola de nível médio profissionalizante pode, com total certeza, ser uma excelente ferramenta de desenvolvimento econômico, social e cultural para a cidade e para o Estado. Assim que a licitação for assinada, dentro de 18 meses a unidade precisa ficar pronta. Terá capacidade total para três mil alunos, com 60 professores, nove laboratórios e até oito cursos. Não vou negar, o sentimento de orgulho por poder ajudar minha cidade é imenso. Isso, obviamente, não vai pro press release.

terça-feira, 9 de março de 2010

Coisas do Bonassoli

Licencinha para falar da minha vida privada:

- 7,5 é a nota que o site do Detran de Santa Catarina mostra desde ontem à tarde para minha prova escrita de primeira habilitação. Sim, eu disse PRIMEIRA! Por que? Não gostou? Problema é meu se, aos 37 anos, eu não sei dirigir!

O desabafo é porque basta o cidadão masculino maior de idade afirmar que não sabe dirigir para ser olhado como se fosse leproso. Ou coisa pior.

- aproveitei o ítem acima para tentar corrigir outra limitação: a maldita regra dos porquês! :)

- Surpresa negativa de hoje pela manhã ao receber uma fatura de um cartão de crédito do qual não sou mais - graças à Deus - cliente/dependente: R$ 35 ainda a pagar, apesar de eu já ter pago toda a dívida.

- Surpresa positiva de hoje pela manhã: na verdade, é a empresa do tal cartão que me deve R$ 11!! Ok, não é muito, mas melhor ganhar R$ 11 do que pagar R$ 35.

- Se nada mudar - e nesta vida de assessor de imprensa do secretário de Estado da Educação a agenda muda infinitamente - na próxima quinta-feira voltarei à minha terra natal. Há quase 3 anos não vou a Curitibanos. Uma vergonha, praticamente um crime, para um curitibanense que vive de orgulho e paixão pela gloriosa cidade. Ok, passei por lá ano passado, mas foi, literalmente, uma passagem, não vi nenhum dos meus familiares ou amigos de uma saudosa infância, onde as manhãs frias de inverno eram lotadas de conhecimento na então Escola Básica Arcipreste Paiva, o popular Colégio Santa Terezinha, e as tardes - ainda bem - aparentemente infindáveis eram só alegria e brincadeira com velhos comparsas que não revejo há muito mais tempo do que deveria.

- Uma pena que a viagem também seja bate-e-volta: o secretário Paulo Bauer vai à Câmara de Vereadores falar para a comunidade sobre a escola profissionalizante de nível médio que o Estado vai construir em Curitibanos. Mas não posso negar que há toda uma expectativa por, pela primeira vez, desde que migrei de lá para Florianópolis, em dezembro de 1982, trabalhar no lugar onde nasci. É um mixto de orgulho, realização e saudade de pessoas que não podem estar presentes fisicamente para me ver e compartilhar, mais uma vez, uma só, o conhecimento e a orientação que ajudaram a formar meu caráter.

- Emoção às 10h50 não estava no programa do dia.

quarta-feira, 3 de março de 2010

Futuro da comunicação

Profissionais da comunicação durante cobertura da inauguração do ginásio de esportes da Escola de Educação Fundamental João Café Filho, no município catarinense de Anchieta. Entre fotógrafos, repórteres e cinegrafistas, uma pequena "jornalista".

Fotos: Alessandro Bonassoli


Espero que, se ela resolver abraçar a profissão quando crescer, o piso salarial seja, pelo menos, equivalente à uns R$ 3 mil atuais.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Aniversário com ar de lançamento de candidatura

O governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) completou ontem 70 anos de idade. Iniciou o dia ganhando bolo de parabéns pela manhã, na inauguração da rede wireless e de seis quadras cobertas do Instituto Estadual da Educação (IEE), em Florianópolis. Encarou tranquilamente um mínimo protesto de um grupo de 2 ou 3 alunos, fato exageradamente destacado pelo Diário Catarinense.

O ápice da data aconteceria horas depois, à noite, em Joinville. A festa estava programada para 1500 convidados, mas avalio que estavam lá pelo menos 500 pessoas a mais. Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, secretários de Estado, senadores catarinenses e o governador do Paraná, Roberto Requião, amigo de LHS há décadas, prestigiaram o atual gestor de Santa Catarina. Ex-prefeito de Joinville, a maior cidade do Estado, foi deputado estadual e federal, ministro, presidente do maior partido do País e entrou para a história como o primeiro governador catarinense a conseguir ser reeleito.

Em meio à crise institucional e política surgida com as acusações contra o seu vice, Leonel Pavan (PSDB), Luiz Henrique vê ameaçado o seu sonho de chegar ao Senado. Mas, ontem, a crise ficou de fora do restaurante onde a festa de aniversário aconteceu. LHS foi calorosamente recepcionado e aplaudido. E já não falou como governador de Santa Catarina. Seu discurso foi nitidamente nacional. O palco onde uma banda animava a noite minutos antes, se transformou em um palanque de campanha. Não faltou nem o apoio de outra referência política. Requião não se conteve: "E com pessoas como meu amigo LHS no Senado o Brasil vai caminhar para as verdadeiras e necessárias mudanças", bradou o governante do Estado vizinho para delírio da massa peemedebista.

E Luiz Henrique discursou pedindo um presente para o próximo aniversário. "Quero uma reforma política que revogue a presença do financiamento privado, que alimenta o Caixa 2 nas eleições". Pediu ainda que a mesma reforma "revogue a reeleição e a loucura de uma eleição a cada dois anos". Aparentemente, ninguém lembrou que o próprio LHS é governador reeleito.

Defendeu ainda mais ao citar a necessidade de programas gratuitos de televisão e rádio realmente gratuitos, "acabando com o pré-programa, fazendo com que os candidatos apareçam com a sua cra, sem maquiagem" para os eleitores. Curiosamente, LHS lançou ao público um argumento que, de certa forma, contradiz o seu apoio ao prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PMDB). "Quero uma reforma política que reforce a fidelidade partidária. Em caso de mudança de siglas, o político fique duas eleições sem se candidatar", disse o candidatíssimo Luiz Henrique. Berger trocou de legendas sistematicamente, conquistando duas eleições consecutivas em São José e outras duas seguidas na vizinha Florianópolis.

Quem esperava um balanço sobre as duas gestões de LHS, ficou a ver navios. O tom do discurso foi claramente voltado às eleições de outubro. Para muitos, salvo revés gravíssimo, ele já seria o dono de uma das duas vagas do Senado reservadas para Santa Catarina. Resta aguardar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O tempo é implacável

Mestre Marcelo Soares detectou os efeitos do tempo em uma das musas da década de 80. Tawny Kittaen, estrela de vários vídeo clipes do Whitesnake, era uma unanimidade entre os adolescentes e jovens da época. Os motivos podem ser vistos no clipe abaixo:



Mas o tempo é cruel e não perdoa nem mesmo as deusas da beleza. Atualmente, a senhora Kittaen está... digamos.. bem diferente.



Para feios ou bonitos, não há dúvida, o destino é um só. Perdoem, não resisti à tentação de encerrar o post com uma frase de boteco.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Lost ou Bud?

Tudo na vida é uma questão de prioridades.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Só entende quem é headbanger

Para minha surpresa e alegria, fui citado pelo mestre Renê Müller no blog Tra-La-lá. O post anterior alertou o meu velho amigo sobre os 40 anos do Black Sabbath.

Mestre Renê muito me deixa feliz com o crédito. De fato, a música é dividida em ABS (antes do Black Sabbath) e DBS (depois do Black Sabbath). Ao contrário do que muitos alardeiam, não foi o Led Zeppelin quem criou o heavy Metal. Como pode uma banda que gravou um reggae - "D´yer Mak´er" - (nada contra o Led e a música) ter criado um estilo como o metal? O jornal britânico Times também lembrou da data.

Mas Iommi, Osbourne, Butler e Ward, sim. Estes são os responsáveis pelo estilo mais pesado, polêmico e longevo do rock. A mídia e os detratores atestam constantemente que o heavy metal morreu, mas ele continua vivo, forte, firme, eterno. Não há moda que o supere. São 40 anos de nascimento, crescimento, êxtase, superação, renascimentos (sim! no plural) e alegria para a sua legião de fãs. Só entende quem é headbanger, quem vive o heavy metal, um estilo maior do que uma religião, do que uma associação, do que o clube de futebol mais famoso e vitorioso do mundo.

Nada se compara ao heavy metal em termos de devoção, dedicação e respeito por parte de seus fãs. "Black Sabbath", o álbum, iniciou tudo. E aquele sino continua soando a cada dia, 40 anos depois. A voz de Ozzy Osbourne continua perguntando "What is this that stands before me?", a guitarra do mestre Tony Iommy ainda ecoa, diariamente, ao redor do planeta. Os tons graves e soturnos do contrabaixo de Terry "Geezer" Butler ainda impressionam, assustam, enlouquecem, como uma história de H.P. Lovecraft, enquanto as batidas de Bill Ward conduzem o mundo rumo ao êxtase.

Long live the black witch!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Black Sabbath

Há exatos 40 anos, Tonny Iommi, Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Bill Ward mudaram a história da música. Lançaram "Black Sabbath", o primeiro álbum da banda de mesmo nome. E, com ele, criaram um novo estilo musical, o heavy metal.

Ao contrário do que a mídia sempre prega, o estilo está vivo, novamente no underground, mas cada vez mais forte.

Fica aqui uma singela homenagem aos mestres.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Memória Valhalla

Há tempos que venho pensando em resgatar minha humilde colaboração com a extinta revista Valhalla, depois Rock Hard-Valhalla. Já pensei várias formas e formatos, mas sempre adiei o projeto. Há um longo tempo, conversei com o Eliton Tomasi, criador e editor da revista. Expliquei meu desejo de perpetuar o material que produzi, desta vez na Internet. Parceiro e compreensivo como sempre, Eliton me autorizou a reproduzir neste blog as entrevistas e resenhas que produzi naquele período excelente, onde pude - mais uma vez - unir minha profissão com minha paixão: a música pesada.

Hoje, do nada, veio a vontade de iniciar isso tudo. Ainda não sei se vou postar todo o material, mas um deles eu não poderia deixar ficar esquecido: a entrevista com Vladimir Korg, vocalista e compositor de bandas lendárias da cena heavy metal brasileira como Chakal e The Mist. Há aqui um orgulho pessoal pela oportunidade de conversar com um dos meus ídolos, a exemplo do que aconteceu quando da histórica passagem de Ronnie James Dio em Santa Catarina, ou a entrevista com Josh Christian, guitarrista do Toxik. Como sempre, as versões publicadas na revista foram editadas em função da limitação de espaço. Optei por baixar aqui a versão na íntegra. O texto é de março de 2005.


O lado instigante da lendária cena mineira

Por Alessandro Bonassoli

O Chakal foi uma das bandas mais importantes da frutífera e essencial cena metal de Minas Gerais nos anos 80. A banda está na ativa e lançou recentemente o agressivo "Demon King". O lendário vocalista Korg comenta mais sobre esse trabalho e toda a carreira dessa banda fundamental

Vladimir Korg é um dos principais cérebros do metal nacional. Líder do Chakal - grupo surgido em Belo Horizonte/MG, na criativa década de 1980, foi um dos responsáveis pelo fortalecimento da cena mineira enacional. Mais tarde, participou de dois álbuns clássicos do extinto The Mist, que o consagrou como um dos principais letristas do estilo no País. Depois de alguns anos afastados, Korg e o Chakal voltaram em 2003 com "Deadland". Em 2005, lançam "Demon King", CD do mais alto nível, pesado e agressivo como o thrash metal deve ser. Para falar deste trabalho e de sua carreira, Korg atendeu a Valhalla com exclusividade.


"Demon King" é a resposta para quem não entendeu que "Deadland" (de 2003) era um projeto conceitual? O novo trabalho é pesadíssimo e certamente vai figurar na lista dos melhores deste ano. A impressão é que somente agora o Chakal está voltando à ativa, que "Deadland" foi apenas um "ensaio". Na minha opinião, este é o melhor álbum do Chakal, mais forte até do que o clássico "Abominable Anno Domini".



VK)Não acho que o "Demon King" seja uma resposta para nada. Acho que ele é mais uma pergunta do que uma resposta. Todas nossas questões atuais estão nesse trabalho. A covardia da guerra em pleno século XXI onde agimos com ignorância e preconceito. E não é a nossa intenção apontar um ou outro país como culpado, todos nós temos nossa parcela de culpa em qualquer conflito que exista hoje no mundo. Mas não queremos fazer nada panfletário. Somos músicos e nos expressamos assim. Está é nossa maneira de dizer que estamos sofrendo e indignados. Não conte com a gente para liderar nenhum movimento pró-qualquer-coisa, somos músicos. Quanto ao "Deadland", o Chakal se sente recompensado por termos vendido a prensagem toda e termos conseguido bons resultados. Não foi um trabalho palatável e nos orgulhamos disso. Mas somos honestos o bastante para falarmos que nos orgulhamos dele e fizemos o que tínhamos que fazer. Sabíamos que muitos ficariam boiando, mas tínhamos que prosseguir. Pretendo um dia retomar esse tema e agora com Mark o trabalho terá uma outra cara, e isso só me instiga mais. Acredito que desde o "Abominable" todos os discos são apenas um ensaio. O Chakal é uma banda essencialmente palco. Temos agradecido todos os elogios e estamos muito felizes com a resposta. Até agora só tivemos uma resposta negativa e desdenhosa mas realmente não temos o perfil necessário para sermos reconhecidos pelos críticos daquela revista e realmente hoje temos orgulho de não sermos o que eles querem que nós sejamos. Somos o Chakal e não nos dobramos a ninguém.


Todo este peso e agressividade, este thrash de alta qualidade tem a ver com a nova formação, reunindo três dos integrantes da versão clássica do grupo com o Andre (ex-Vultur) na segunda guitarra? Seria aliar a experiência com a juventude?


VK)Estamos com as garras afiadas. Quem nos encontra fora dos palcos sempre fala que somos tímidos e inofensivos, mas quando adentramos aos palcos ficamos ferozes. Nossa formação agora será considerada no futuro como a clássica. Estamos nos sentindo começando a acertar onde dói. André é peça fundamental na banda. Posso dizer que o Chakal não existe mais sem ele. É como Mark, Wiz e agora o Giuliano que trouxe finalmente uma certeza na cozinha. A máxima de que “ninguém é insubstituível” não está cabendo muito no Chakal.


As letras são outro diferencial, como qualquer trabalho composto por você. Ao contrário da maioria das bandas nacionais, que se preocupam em falar sobre fantasia tipo castelos e dragões ou sobre satanismo, você sempre investiu em letras inteligentes. A crítica social de "Morlock Will Rise", que fala sobre preconceito, e a crítica política, algo latente em "War Drums" e "Mastered Dogs", são exemplos disso. Por sinal, não há como não ler estas duas últimas sem pensar em George W. Bush e na hipocrisia da sociedade norte-americana. Falar sobre estas temáticas é questão de engajamento? de tentar abrir os olhos do seu público para coisas realmente importantes na vida de todos nós ou é meramente uma questão de maior facilidade para tratar sobre isso?


VK)Poucos tem a sua paciência para escarafunchar as letras. Tento sempre deixar algumas coisas para as pessoas descobrirem e viajarem. Fiz isto muito no The Mist. Não posso falar que minhas letras são mais inteligentes do que outras e que nunca falarei de dragões. Adoro letras satânicas e muitas delas acho divertidas. Falo sobre satanismo mas de forma alegórica e isso com certeza não será desculpa para que eu não apodreça no inferno. Se o catolicismo estiver certo e tudo o que eles falam for verdade, eu estarei hierarquicamente confortável no inferno. Brinco com o imaginário coletivo. As coisas que falo estão todos os dias nos jornais. Tropeçamos nelas diariamente. Mas não tento com minhas críticas influenciar ninguém, posso estar errado e não quero esta responsabilidade. Sou um irresponsável... Se quisesse ser o bonzinho não estaria fazendo Heavy Metal, estaria buscando mais visibilidade na mídia e não tocando para um público restrito. Amo o Heavy Metal, apesar de que gosto de muitos outros estilos. Mas o Heavy Metal é algo que não consigo me desvencilhar. Encontro pessoas nas ruas que conheciam o Chakal na década de oitenta e eles sempre perguntam: “Vocês ainda estão nessa?” A maioria deles eram super radicais e hoje nem se quer ouvem Black Sabbath. Desconfio muito dos radicais de plantão, a maioria deles hoje estão em alguma igreja pedindo perdão e dando dinheiro a pastores evangélicos.


Ainda sobre a temática do CD, à primeira vista, a faixa título aparenta ser alguma exaltação ao satanismo. Mas lendo seu texto com mais calma, a impressão que tive foi novamente sobre Bush, Bin Laden e outros tiranetes que volta e meia aparecem com idéias de dominar o mundo através da guerra. Qual a mensagem de "Demon King"? É mesmo uma alegoria sobre as guerras e o terrorismo?


VK)Minhas letras estão abertas. Por favor, entendam-na como quiserem. Mas mexam nela, mudem de lugar as estrofes, brinquem à vontade. Só não me peçam para decifra-las. Aí não tem graça. É como contar o final do filme. Sua percepção é perfeita. Se você reconhece isso nas minhas letras é porque você está indignado também. Se minha letra for suporte para que esta indignação saia, me sinto muito feliz por isso.


Uma novidade neste trabalho foi a inclusão de um cover para "Evil Dead", do seminal "Scream Bloody Gore", do Death. Por quê um cover? Qual motivo levou vocês a optarem por esta faixa em especial? Além de ser uma homenagem ao saudoso Chuck Schuldiner, não há como não ver um link entre a letra da faixa com "Dead Walk" do primeiro álbum do Chakal.


VK)Eu adoro essa música. Eu tinha um show pirata do Death onde esta música era uma parte realmente evil no set list da banda. A música é grandiosa e é tudo que o Heavy Metal é. Adoramos toca-la. Ela é simples, direta e rápida. Tentei ser fiel ao original sem copiar o estilo do Chuck. Fizemos com respeito e temos nojo daqueles que acham que foi “oportuno” a inclusão da música no disco. O "Demon King" se comportaria da mesma forma com a não inclusão do cover. Não precisamos disso. Poderíamos colocar a "Metal Gods" do Judas mas preferimos a do Death. Esperamos que os fãs do Death, como nós, gostem da nossa versão. Quanto a "Dead Walk", ela sempre revive de alguma forma na nossa carreira....


O Chakal surgiu na década de 1980, em um momento único do metal no País, onde a cada mês aparecia uma banda nova e de qualidade. Vocês são de uma geração que impulsionou o estilo no Brasil, ao lado de Sepultura, Mutilator, Overdose e Dorsal Atlântica, entre outros. Mas era uma época em que não havia tanta facilidade para comprar instrumentos, para gravar e para lançar discos como hoje em dia. O que vocês mantém daquele momento para seguir sua carreira atualmente?


VK)Nossa garra para continuar. Temos visto pessoas que foram muito importante para a história do metal underground no País dizer que tem vergonha dos álbuns que compôs, dos show, das maquiagens e etc... Isto me deixa nervoso porque se eles estão falando isso agora é porque nunca foram sinceros no passado. Foi tudo vaidade estúpida! Só para terem fãs e darem autógrafos... Isto me enoja Sempre pensamos na música, no metal brasileiro, no terceiro mundo entrando pela porta da frente na música underground.


A cena atual é muito maior, com mais bandas gravando e aparecendo, mais shows nacionais e internacionais acontecendo país afora, apesar de ainda existir muita desunião e radicalismo. Parte do público reclama que não há espaço para o metal, mas, paradoxalmente, vira as costas para os grupos que conseguem espaço na mídia mainstream. Até que ponto este tipo de pensamento underground é correto?


VK)Existe uma auto afirmação estrutural no underground. Ser true ou não. Isto é uma bobagem. Música é música. A união sempre foi um target a ser atingido. Mas só que essas querelas de ser true ou não, ou ter cabelo ou não, ou ser capeta ou não fica uma coisa estúpida tipo: “Minha banda fede mais a enxofre que a sua.” “Meu cabelo é maior que o seu.” A banda que eu gosto é mais pesada que a sua”. Uma infantilidade, pois a música fica em segundo plano. Heavy Metal é música, arte underground. Espinhos, cara feia, cabelo grande são periféricos e que o Heavy metal pode muito viver sem isto. Mas se tirarmos a música, fodeu!

O público pode nos chamar de qualquer coisa contanto que ela venha acompanhada de metal no final. É claro que quem nos chamar de New Metal nós mandaremos ir tomar no cu. Somos velhos demais para sermos chamados de new. Repito que esses radicais de plantão tem o tempo contado no underground. Eles mesmos se expelem. O mainstream não tem nada de corrupto. Ele em si não. Ele dá uma estrutura melhor, maior. O glamour, as facilidades, os excessos, estes são pontos que se o artista for medíocre ele é engolido e sua mediocridade aparece nos atos e incomensuravelmente em seu trabalho. A honestidade do artista não pode ser corrompida se sua essência, sua vontade e seu respeito para com o próprio trabalho forem concretas. Você vê isso. Acredito que o vocalista do Nirvana foi totalmente exaurido de sua criatividade. Ele preferiu se matar do que ter o cheiro do tal desodorante Teen Spirit. Porque isto não aconteceu com um Neil Young, ou puxando a farinha para o meu saco, com o AC/DC. Nas configurações nacionais da MPB. Veja o pobre coitado do Caetano Veloso, rico mas imbecilizado, não pode mais viver sem vender um milhão de cópias. Enquanto isso, um Chico Buarque está mais preocupado com a pelada do fim de semana do que a possibilidade de ter um disco de ouro idiota pregado na parede. Ele não tem nada para provar para ninguém. A música dele é aquela, sempre foi e sempre será. Ele compartilha a arte dele da forma que ele conhece, sem criar polemicas, sem chamar atenção para si. Ele faz isso com a música. Não que eu goste imensamente do trabalho dele mas aprecio intensamente a sua honestidade. E é claro, aprecio a maneira como ele tem todas as mulheres do mundo nas mãos....


O que é necessário para a cena se fortalecer definitivamente?


VK)É isto. Honestidade! Respeito pelo trabalho do outro. Faça o que está a fim de fazer. Em 1994, todos estavam mais preocupados em parecerem com o Sepultura do que tudo. A música não tinha mais importância. O Heavy Metal nacional não tinha mais importância se não tivesse uma repercussão no exterior. Isso me cansou! As pessoas compunham com medo. Medo da música. Medo da própria música. Eu tinha uma banda de cover de Ramones e mandei tudo às favas e fui me divertir, fui viver e não ficar preocupado se minha composição iria render dólares. Fazer as “bases para gringos”. Acho quase todos os álbuns da década de noventa sem expressão, sem criatividade... O Sepultura nadou de braçada neste mar de bandas acéfalas. Eles provaram que estavam léguas a frente de todos porque não tinham medo da música que faziam. Enquanto isso, a maioria ficava se mijando de medo quando lançava um disco: “Será que vai dar certo?”


Falando no passado, não há como esquecer que você fez parte do, infelizmente, extinto The Mist. Sua presença nos dois primeiros trabalhos, "Phantasmagoria" (1990) e "The Hangman Tree" (1992) foi marcante. O grupo tinha nível para ter ido muito mais longe do que foi se tivesse mantido aquela linha musical. Por qual motivo você saiu? É verdade que a Music For Nations ofereceu um contrato para o The Mist, mas você recusou por achar que gravar por um selo que, naquele momento, até poderia ser apontado como mainstream, seria um afastamento do underground?


VK)De jeito nenhum! Isto nunca aconteceu. Um contrato com a Music for Nations seria muito bem vindo. E hoje também. Não tenho nada contra meu trabalho ser difundido fora do país. Isto é totalmente irreal. O motivo para que eu não continuasse foi que aquelas pessoas não tinham nada a ver comigo. Percebi que eu estava no The Mist apenas para estar em uma banda. Percebi também que eu não estava sendo honesto comigo mesmo. Gostei muito de fazer o "Phantasmagoria," mas detestei o "Hangman Tree". As letras do álbum talvez sejam as melhores que já fiz, mas o astral era uma bosta. Hoje percebo a importância do álbum na minha carreira e agradeço por ter tido paciência para fazê-lo.


A Cogumelo relançou “The Hangman Tree” em CD, mas nunca fez isso com o “Phantasmagoria”. Há algum plano para isso? Vocês certamente devem possuir material ao vivo ou sobras de estúdio que poderiam sair como bônus. Isso seria bom não só para os fãs do The Mist, mas para a nova geração, que não teve a oportunidade de conhecer o grupo.


VK)Isto depende da Cogumelo e não quero mais me meter nisso. O João paga os meus direitos e ponto final. Não tenho intenção em mexer com os trabalhos do The Mist. Agradeço a todos os fãs que respeitam o meu trabalho naquela banda. Gosto muito do "Phantasmagoria," como falei. Aquilo para mim é o The Mist.


Em “Demon King” há vários momentos, como a própria faixa-título, o riff de “Christ In Hell” e em “Human Remains Banquet”, que nos remetem à sonoridade do The Mist. Isto foi intencional, mera coincidência ou se deve ao fato dos grupos mineiros daquela época terem, em sua maioria, muita similaridade, à exemplo do que houve na Bay Area?


VK)Não tenho certeza disso. E nós não reconhecemos muito esses riffs. Se alguma coisa desse disco se parece com o Mist poderia ser o vocal, mas o riffs são do Mark e não é bem o estilo do Mark os riffs do The Mist, apesar do Mark gostar muito do trabalho do The Mist.


Houve um período em que você se afastou do metal, criando projetos completamente diferentes, mas sem nunca usar sua história do Chakal e do The Mist para se promover, numa prova de respeito aos seus fãs. Um exemplo disso foi com o (bom) grupo punk rock Junkie Jesus Freud (de 1993). Apesar da qualidade, aquele trabalho não chegou a ter a repercussão que merecia, mesmo tendo uma boa distribuição em todo o País. Ao quê você atribui isso? Faltou mais investimento por parte da gravadora?


VK)Aquele trabalho foi a coisa mais legal que aconteceu na minha carreira. Não sei o que deu errado ou sei lá se deu errado. Tivemos oportunidade de grava-lo e isso já foi uma grande experiência. A Cogumelo investiu no trabalho sem pensar em retorno. Investiu porque estava capitaneado por mim e tenho a sorte de ter a Cogumelo como parceira em tudo o que eu faço. As portas da Cogumelo sempre estiveram abertas para mim como artista, não posso reclamar. Se não fosse ela ter comprado a briga com o "Deadland", o Chakal talvez jamais teria voltado. Poderíamos até estar tocando mas com uma estrutura pior. Estamos conscientes que somos um produto de uma gravadora independente. Se existir uma gravadora interessada em nos dar uma estrutura melhor, estamos abertos. A Cogumelo tem mérito em nosso trabalho também e se formos um dia reconhecidos por uma gravadora de porte maior será um reconhecimento também para a Cogumelo.


Ainda pensando no passado, o Chakal resgatou na faixa “The Masque Of The Red Death” duas características do thrash oitentista: a alusão à obra de um escritor clássico como Edgar Allan Poe e a gravação de uma instrumental baseada no dedilhado em um violão. Por sinal, esta é uma das mais bonitas que já ouvi. Quem teve a idéia de retomar este tipo de música que andava meio esquecida?


VK)Mark. Dono da música. Eu só a nomeei. Mas não houve a intenção de recordar nenhum momento oitentista. Ele mostrou o dedilhado e pediu para incluí-lo e é claro que ninguém vai podar o Mr. Mark.


Durante a divulgação de “Deadland”, você chegou a dizer que não via problema no fato do Chakal não ter conseguido sair do país. Você ainda pensa deste modo? A banda e a gravadora não planejam nada para o exterior? Falo não só em licenciamento do álbum (como está isso?) mas, também, em tours fora das fronteiras brasileiras.


VK)Gostaríamos muito de sair do país, mas não vamos fazer nossa música para isso. Se ela tiver porte para atravessar as fronteiras, será ótimo. Para nós ainda é difícil ter estrutura financeira para almejar isso e sonhamos que isso um dia aconteça. Somos músicos e estamos precisando e procurando pessoas interessadas em trabalhar conosco para gerenciar nossa carreira fora. A Cogumelo está tentando ampliar seus horizontes na Europa e entrando em contato com gravadoras e distribuidoras. Nós estamos também tentando fazer nossa parte.


Belo Horizonte foi, por alguns anos, o centro do metal no país. Com o sumiço de grupos como Chakal, Overdose, Mutilator, Sarcófago e a decadência do Sepultura, a cena aparentemente estagnou. Qual a situação atual? Nomes como o Drowned e Eminence vêm tentando marcar seu território no país. Além deles ainda há aquela movimentação do passado, com intenso trabalho de fanzines e muitos shows? Quais nomes poderão se destacar em breve?


VK)Absolute Disgrace, Pathologic Noise, Extreme Hate, tem muitas bandas que tem potencial. Flagelador e Apocalyptic Raids do Rio também gosto muito. Gosto muito do Metal do Rio de Janeiro. Tenho saudades do saudoso Explicit Hate... BH é uma cidade insana. Aqui não tem braços cruzados na hora de show. É sempre uma zona. Tocar em BH deveria ser uma honra para as bandas iniciantes. Lembro do Krisiun falando isto em um show. O Krisiun é um exemplo de banda que não esquece o passado e por isso é respeitada em todo o lugar que vai. Por isso merece ser hoje o nome que nos representa lá fora.


Para finalizar, quais são as metas do Chakal a partir de agora?


VK)Tocar. Sempre tocar. Isto é que nos mantêm até hoje. Por isso, produtores estejam a vontade:chakal@bhzo.com.br. Gostaríamos também de expressar toda nossa alegria de responder perguntas tão bem formuladas. Foi uma entrevista muito legal e esperamos ter correspondido. Um abraço a todos e ouçam "Demon King". Seu reinado está chegando.... STAY METAL !!!!!