quinta-feira, 31 de dezembro de 2009

Estratégia política de fim de ano

Deve ser estratégia política o fato de integrantes de algumas siglas enviarem mensagens positivas de Fim de Ano para jornalistas. Eu, mesmo não trabalhando mais em redação e atuando como assessor de comunicação de um político de uma legenda da "direita", recebi mensagens de dois partidos da "esquerda". Coloco entre aspas as orientações pois acrfedito na falência dos conceitos de "direita" e "esquerda" na política brasileira.

Achei sintomático que nenhum partido ou integrante da "direita" tenha se lembrado de fazer o mesmo. Nem reclamo, eu também não me recordei de enviar mensagens para ninguém. Bom, talvez minhas matérias na editoria de Política do jornal Notícias do Dia tenham agradado alguns e desagrado outros. Enquanto repórter, se desagradou, fico feliz. Sinal de que consegui fazer jornalismo, fiscalizando e questionando atos e intenções. Quanto a ter agradado, porém, me preocupa. Tomara que tenha sido pelos fatos afirmados na frase anterior. Sou daqueles que defende a impossibilidade de jornalista pertencer ao quadro de um partido político, qualquer que seja. É plenamente possível com profissionalismo prestar serviços para uma sigla, para um candidato, para um político eleito. Mas vestir a camisa, defender a bandeira, ter carteirinha, aí, na minha humilde opinião, não dá. Conheço vários colegas que pensam diferente e respeito muito o direito destes.

E isso gera situações no mínimo cômicas. Acho engraçado que hoje, mais de um ano depois de eu atuar como assessor de imprensa de um integrante do PSDB, há quem:
a) duvide que eu não seja militante do PSDB
b) se revolte por eu não ser militante do PSDB
c) não entenda que trabalhar com o secretário de Estado da Educação não foi uma indicação partidária, mas de terceiros (valeu Stefanovich!) e de uma avaliação do meu curriculum (sei lá, acho que, à época, 13 anos atuando na imprensa tiveram um certo peso).

Para todos estes descrentes, para os políticos (mesmo os que não enviaram uma mensagem, afinal árvores natalinas e derrotas em eleições causam dor de cabeça) e, principalmente, para os fiéis leitores deste humilde blog, desejo um Ótimo 2010. Que todos tenham muita saúde, paz e sucesso, com as respectivas famílias sempre unidas e estejam sempre rodeados por amigos fiéis. Voltem sempre, mesmo que eu não mantenha o ritmo de atualização no ideal, volta e meia há novidade por aqui. Muito obrigado pelos comentários e pela leitura silenciosa. Aos leitores tímidos, por favor, não se acanhem, em 2010 deixem comentários ou simplesmente me enviem um e-mail caso algum post lhes agradar ou desagradar.

domingo, 20 de dezembro de 2009

Terror do que não se vê

Fiz as pazes com o cinema. Depois de um longo tempo sem me render ao maravilhoso mundo da fantasia, voltei à escuridão de um sala de cinema. A idéia era assistir o tão falado "Avatar", mas a versão 3-D não dublada ainda está sendo exibida somente na sessão da noite. Ao menos no Shopping Iguatemi. Como sempre mantenho os dois pés atrás com filmes muito pré-badalados, vou deixar passar uma semana ou duas. Tenho cá minhas dúvidas, apesar de confiar na real possibilidade do filme ser bom.

Fotos: Cinema em Cena/Divulgação

Psicológico: Nada se vê, muito se assusta

Não tive dúvidas, apostei em "Atividade Paranormal", dirigido por Oren Peli. Li algo sobre o roteiro ser bem semelhante ao genial "A Bruxa de Blair" e isso estava me intrigando. Quando vi "Blair" imaginei que o mercado seria infestado por várias cópias, versões, minisséries, álbum de figurinhas, gibis, games e tudo o mais. Isso seria péssimo, pois mataria um estilo muito interessante, mas que se tornaria insuportável caso a indústria o explorasse vastamente. Refrescando a memória de quem deixou passar batido o interessante filme: trata-se de uma história "baseada em fatos reais", onde "gravações feitas com câmeras de vídeo pelos personagens mortos e/ou desaparecidos foram encontradas". O clima era de puro terror psicológico, pois nada de assustador, nenhum demônio, serial killer ou bruxa aparece, ao contrário do normalmente feito em histórias de horror. Era tudo pura indução e a mente do espectador é quem faz o estrago.


Terror: Atriz Katie Featherston em cena chave para a trama

Levou oficialmente 10 anos para o sucesso se repetir. "Blair" é de 1999 e "Atividade Paranormal" é creditado como de 2009, apesar de ter sido produzido em 2007. O esquema foi o mesmo, filme de baixíssimo custo é lançado despretenciosamente e se torna um campeão de bilheteria. É considerado o mais rentável até hoje, pois teria custado 15 mil dólares e arrecadou 100 milhões de dólares nos Estados Unidos.


Relembrando Blair: Filme é feito com imagens produzidas pelo elenco

Desta vez, porém, não houve nenhuma estratégia de marketing viral e, duvido, o filme vai se tornar cult com a mesma intensidade de "Blair". A história é mais direta, menos complicada, bem mais simples. Mas a tensão é, talvez, maior do que a obra criada pela Hexan Films. Um casal tem uma vida normal até que a casa onde vivem começa a apresentar fenômenos estranhos. Ruídos, portas que se movem e coisas do gênero. Não é nenhum pouco original e o roteiro tem um ritmo lento, em alguns momentos, irritante. Mas os sustos surgem aos poucos e impressionam. Não são tão impactantes quanto em "Blair", mas funcionam. A sequência em que Kate (interpretada por Katie Featherston - sim, como na obra inspiradora, os personagens têm os nomes dos atores que os dão vida) é arrastada para fora da cama é antológica. Apesar de ter achado o final meio decepcionante, sinto que valeu o investimento no ingresso. Aviso aos navegantes, se você gosta de cinema europeu "cabeça" vá ao cinema do CIC. Se você não curte filmes de suspense/terror/horror afaste-se de "Atividade Paranormal"

sábado, 19 de dezembro de 2009

Glenn Hughes em Floripa

Acabo de chegar do já histórico show de Glenn Hughes na capital de todos os catarinenses. O lendário ex-vocalista do Deep Purple - cuja carreira iniciou no Trapeze e conta com uma passagem pelo Black Sabbath - fez uma apresentação de extrema qualidade no Floripa Music Hall.

Dos mortais que lá não estiveram tenho dó. A noite começou com uma burocrática performance do Immigrant. Desculpem, mas já são - sei lá, 15 anos? - vendo praticamente as mesmas músicas cover de dinossauros do rock. Não nego a qualidade dos músicos, o carisma da banda, merecem todo o respeito e o espaço que conseguiram. Mas não me convencem.



Por volta das 23h30, o mestre veio ao palco e abriu a festa com "Stormbringer" e "Might Just Take Your Life", clássicos de sua brilhante participação no Deep Purple. Depois foi só alegria e êxtase das quase 500 (??) pessoas no local. Ele mesclou faixas da sua boa carreira solo com mais clássicos do Purple. Ficou de fora, infelizmente, uma menção ao brilhante "Seventh Star", álbum do Black Sabbath que contou com Hughes nos vocais. Normalmente, ele toca apenas a balada "No Stranger To Love", sempre deixando de lado poderosas canções como "In For The Kill", "Heart Like A Wheel" e "Sphinx (The Guardian)". Desta vez, porém, nem a romântica peça composta por Tonny Iommi entrou no set list.



Em compensação, o restante do repertório foi um presente ao público de Florianópolis. Rolaram ainda "Mistreated" e "You Keep On Movin" e a ótima "Soul Mover", entre várias outras ótimas. E Hughes é um show a parte, demonstrando carisma imensurável e provando que idade não afeta o artista de verdade. Aos 58 anos de idade, ele mantém sua poderosa voz afinadíssima, com agudos impagáveis, muito feeling, afinação extrema e uma performance sempre inspirada. A maneira como ele improvisa no palco, compondo pequenas músicas inéditas, sempre explorando sua privilegiada voz, que em vários momentos se torna praticamente feminina, sem soar afetada, é impressionante. Não é a toa que nos anos 70 ganhou o apelido de "Voice of Rock".



O ano termina para nós do rock and roll de forma brilhante em Florianópolis. E este foi um ano que teve Deep Purple. Para uma cidade sempre distante dos artistas do rock e do heavy metal, 2009 foi até certo ponto generoso. Tomara que em 2010 isso se amplie ainda mais e que tenhamos a chance de não sermos obrigados a viajar para Porto Alegre, Curitiba e São Paulo para se divertir.


Post scriptum

Estou atualizando este post, agora com alguns vídeos que já localizei no YouTube. Aproveito para comentar alguns comentários sobre as minhas impressões do show. Alguém que se identificou como "Garden Studios" criticou minhas palavras sobre o Immigrant. Amigo, concordo que há quem se interesse pela banda e estes merecem vê-la. Como afirmei acima, não tenho nada contra o grupo em si, acho que sou contrário a presença de bandas cover abrindo para bandas com som próprio. Mas esta é apenas uma opinião, minha, portanto, não influi nem contribui em nada. Não me leve a mal. E, te garanto, eu jamais pediria para o grupo citado em seu comentário abrir quer seja para o Glenn Hughes ou para qualquer outro ser humano. E sobre a quantidade de pessoas presentes à festa, eu estava a menos de 2 metros do palco, então não tive uma vista privilegiada para checar o público em geral, por isso coloquei pontos de interrogação após minha estimativa.

Outro visitante, que não se identificou, lembrou do Joe Lynn Turner. Geograficamente falando, o show não foi em Florianópolis, mas eu, realmente, esqueci de citar. Valeu pela lembrança.

E muito bom ler o recado do André Lückman, velho comparsa do Curso de Jornalismo da UFSC e da inigualável e inesquecível redação do AN Capital. Muito bom rever o amigo depois de tanto tempo. \m/