quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Para o bem ou para o mal

Agora não tem mais volta. Nestes últimos dias há pouco o que se fazer para tentar derrotar o adversário. Praticamente tudo o que Dário Berger (PMDB) e Esperidião Amin (PP) podiam utilizar como arma contra o rival, já o fizeram.

Somente um milagre vai mudar o destino dos dois candidatos à prefeitura de Florianópolis. Tenho certeza que o resultado está definido, para o bem ou para o mal da capital catarinense. Não votarei neste segundo turno. Viajo sexta-feira à noite para Jundiaí (SP), onde vou visitar minha doce namorada - e, espero, muito em breve futura senhora Bonassoli. Chegou a hora de tirar uma semana de férias, algo que não tenho há quatro longos anos. Ninguém é de ferro, então, não hesitei em abrir mão do meu sagrado direito do voto.

Na matéria abaixo, eu e o Marcelo Tolentino tentamos mostrar como é um dia. Ou melhor, parte de um dia dos candidatos. Haja perna e preparo físico. Quem diz que ser político é fácil ainda não experimentou fazer uma campanha. E olha que foi somente uma manhã de trabalho! Estes doidos fazem isso por quase três meses. E é preciso muita paciência para tolerar cidadão reclamando, gente histérica querendo beijar, abraçar, agarrar, tirar fotografia, vento, chuva, sol, sede, fome, barulho, buzinaços...



Na caminhada que acompanhei o ponto alto não foram estas situações que citei no parágrafo anterior. O prefeito licenciado até pode ser o personagem principal, mas o vereador reeleito Deglaber Goulart é, sem dúvida, o mais engraçado.

O homem não pára de fazer piada nem um minuto. Foi assim quando duas adolescentes gêmeas quiseram ser fotografadas ao lado do prefeito:

- Dário, as meninas querem uma foto!

O prefeito sorri, abraça as joves e lá vai retrato.

- Dário, a dona Rose vai ficar com ciúmes! - Emendou Deglaber, para riso de todos, inclusive da mulher do prefeito.

Mais adiante, ao notar o colega e candidato a vice-prefeito, João Batista Nunes de um lado para outro acenando para as pessoas e apoiando Berger no contato com o eleitorado Deglaber faz nova investida:

- João Batista, anda! Não fica parado aí! Se mexe, homem!

Só assim, com bom humor, para tolerar quase três horas de caminhada.

E viva Desterro!

No último dia 22, também conhecido como quarta-feira passada, recebi a grata visita do meu amigo João Werner Martins, filho do não menos ilustre Carlos Damião. João deixou um recado perguntando se ando cobrindo apenas Política e se deixei o glorioso Desterro Rugby Clube de lado.

João, meu caro, isso nem é pergunta que se faça. Não cubro mais Esportes, mas continuo torcedor do tricampeão brasileiro. E volta e meia eu cobro dos colegas "esportivos" lá no Notícias do Dia um espaço adequado para o rugby. Por sinal, semana passada, se não me engano, o Arthur Virgílio emplacou matéria de página inteira. Claro, daquelas básicas, explicando o que é a modalidade e um breve histórico do espetacular time de Florianópolis. Mas, segundo me garantiram, a idéia é passar a acompanhar as sempre instigantes campanha do clube.

Honestamente, dos bons tempos de cobertura no esporte em O Estado e, depois, em A Notícia, as matérias sobre o Desterro estão entre as poucas que me dão saudade. Em 2008 a equipe ficou em terceiro lugar no Brasileiro. É pouco diante do potencial que os guerreiros verde-rubros têm. Mas, diante do irrisório apoio que a modalidade recebe dos governantes, é um resultado para lá de espetacular.

Quebratudo, Desterrão!!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Imagem histórica

A assessoria de imprensa da coligação Amo Florianópolis (PP/PTB) divulgou nesta tarde uma foto histórica. A imagem, de 1992, mostra o atual prefeito da Capital, Dário Berger, ao lado de seu rival na disputa pela vaga no comando da cidade, Esperidião Amin.

"Dário Berger foi eleitor de Esperidião Amin até a eleição de 2002, quando o atual candidato da Amo Florianópolis à Prefeitura de Florianópolis perdeu a eleição para o Governo do Estado", diz uma singela mensagem enviada por e-mail para este jornalista e mais alguns colegas da imprensa florianopolitana.

É uma prova de que Amin não mentiu no último debate da RIC Record, domingo passado, quando mencionou o fato. Berger, negou. Não vai minimizar os estragos que a carta divulgada por Jorge Konder Bornhausen desmentindo uma série de afirmações que Amin fez sobre a autoria de obras como o Terminal Rodoviário Rita Maria e a avenida Beira-Mar Norte, por exemplo. Mas serve como mais lenha para os últimos momentos da fogueira em que se transformou o pleito aqui na vila de Nossa Senhora do Desterro.

Foto: Divulgação

Passado: Diga-me com quem andas que te direi quem és

Sem mulheres

Um título alarmante o deste post. Imaginem um mundo sem mulheres. É impossível. Ou melhor, nem existiria um mundo por causa das óbvias implicações biológicas. Só com espermatozóides a humanidade não teria existido. Bem, com eles a pobre humanidade já quase foi extinta umas trocentas vezes.

Todo este nariz de cera para resgatar uma matéria recém publicada no jornal Notícias do Dia. Os ilustres vereadores da Capital não terão mais a oportunidade de atuar ao lado de uma colega. Pelo menos, nos próximos quatro anos, Florianópolis voltou a ficar sem uma vereadorA. Bem mais do que o desespero da ala masculina heterosexual e maior do que as piadinhas machistas, a situação é grave. Como muito bem observou uma das entrevistadas para a matéria abaixo, vai faltar sensibilidade nas decisões do legislativo municipal.

Mas se as mulheres são a maioria na nossa sociedade como é que não dominam o mundo? Como não se elegem? Em eras de tantas conquistas, de quebras de tabus, como elas não estão no controle? Será que vale a velha máxima "mulher não vota em mulher"? Algumas militantes do cenário político catarinense concordam. Outras discordam totalmente. Fica a discussão em aberto.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mesmice

Participei ontem do meu último debate na campanha de 2008. Outra vez, saí decepcionado. Dário Berger (PMDB) e Esperidião Amin (PP), de novo, simplesmente não responderam as perguntas feitas por mim e pelos demais colegas.

Os dois candidatos enrolaram, enrolaram, e nos deixaram ali parados, sem resposta. Como o formato do programa não permite réplicas ou tréplicas para os jornalistas, era impossível cobrar "mas o senhor não me respondeu". Ambos optaram por duas estratégias: ou desviar o assunto ou utilizar o espaço para rebater críticas do adversário.

Fotos: James Tavares/Notícias do Dia

Berger: Um desempenho melhor

O Carlos Damião fez um acompanhamento "minuto a minuto" do debate. Está bem próximo do que aconteceu. Recomendo uma visita no blog dele para conferir. Na minha opinião, finalmente o prefeito melhorou sua performance. Ainda está muito longe do ideal, mas ficou menos nervoso que em todas as oportunidades anteriores. Reagiu até que bem nas críticas de Amin, mas, infelizmente para ele, não conseguiu vencer o debate.


Bastidores: Candidatos recebem orientação de suas equipes

Amin, como habitualmente faz, foi muito bem. Raciocínio rápido, memória privilegiada, discurso afinado, uma retórica à beira da perfeição. Mas, lamentavelmente, ambos desperdiçaram outra preciosa oportunidade de apresentar idéias, propostas novas. Limitaram-se ao duelo particular de troca de agressões e a contar as propostas que todos já estão cansados de ouvir.


Memória: Amin manteve a performance habitual

Foi menos cansativo do que os debates do primeiro turno. Mas ainda tenho dúvidas se a fórmula deste tipo de discussão é mesmo positiva. Muito pouco se apresenta, as discussões não têm o nível ideal e o eleitor, invariavelmente, sai sem saber o que fazer na hora de votar.

Charge do Dia



Frank Maia, como sempre, indo direto no nervo. Nas próprias palavras do artista:

"menino arrastado, menina atirada pela janela,

seqüestro de meninas por muleque...dá ibope."

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

Quem são eles?

Quem são os dois homens que tentam voltar ao comando da capital catarinense? Este foi o desafio proposto pelos editores do jornal Notícias do Dia para nós, repórteres de Política da publicação. Eu e o colega Marcelo Tolentino conversamos, respectivamente, com Dário Berger e Esperidião Amin por algumas horas. Poucas horas. O máximo que a tumultuada agenda de um candidato permite às vésperas da decisão.

As impressões que coletamos estão nos arquivos abaixo. A idéia não era falar de política, acusações, propostas ou relembrar o que ambos já fizeram em suas carreiras como adminitradores públicos. A intenção era mostrar um pouco do dia-a-dia, as origens, o envolvimento com as suas famílias. Deixar de lado o político e revelar o cidadão. Obviamente, em uma única página - ainda mais em jornal de formato tablóide - é impossível desvendar tudo. Mas a experiência foi riquíssima e, ao menos no meu caso, muito engraçada.

O candidato que acompanhei, Berger, é muito bem humorado. Um ser apaixonado pela família e que demonstra muito orgulho dela e da sua prória história. Mas não de um modo arrogante. Tenho cá minhas muitas críticas à primeira gestão dele, não lhe concedi meu voto, mas é possível, sim, separar o político do cidadão. Gostaria de ter tido a chance de fazer a mesma matéria com Amin, tenho certeza que seria outra experiência única. E isso, meu amigo Tolentino comprova. Para quem não leu a edição do final de semana passado do Notícias do Dia, boa leitura. Aos que leram, eis mais uma chance.

Faltou dizer que na foto do time de futebol, o atual prefeito está agachado, na direita. "Eu era um belo jogador", me garantiu ele. E é preciso afirmar também que a informação da aposentadoria do ex-governador é um furo de reportagem do Tolentino. Foi ele o primeiro a levantar a informação.



Exercícios de imaginação

Numa daquelas tradicionais rodinhas de jornalistas durante as pautas, a colega Adriana Baldissarelli - que atualmente presta serviço para o PMDB - levantou uma interessante teoria. O assunto veio ontem, no mesmo evento de apoio à candidatura da sigla, mencioado em posts anteriores.

O assunto chegou também ao blog do Cacau Menezes e rendeu por lá um certo bate-boca.

Na avaliação da Adriana, caso o prefeito Dário Berger se reeleja, Angela Albino, que concorreu pelo PCdoB, passaria a ser o nome mais forte para a próxima eleição. A boa votação em 2008 a catapultaria para o status mais elevado de oposição. Em 2012, Dário não poderá se reeleger (se ele concluir o mandato, claro). E Amin vem alardeando que está é sua última eleição (então tá, creia eleitor, creia!).

Não sei. É muito tempo até lá. E Cesar Souza Junior, por não ter se submetido à determinação do DEM e manter a neutralidade no segundo turno, vai se fortalecer também. Não acredito que o PT, por sua vez, consiga - finalmente - se superar. E, se o fizesse, seria uma repetição do erro de não se coligar com todas as ditas esquerdas. Então, neste momento, Angela e Cesar têm condições de crescer na próxima contenda. Mas é cedo demais. E eu ainda acho que o PCdoB pode tentar uma chapa ao governo estadual em 2010. Neste caso, Angela, obviamente, seria o nome mais apropriado. Mas tudo isso é mera especulação, exercícios de imaginação.

Imagem que fala

Foto: Hermínio Nunes


A imagem fala por si só. O impacto visual e os sentimentos que este retrato traz à tona são fortes. Com esta imagem, o colega Hermínio Nunes ganhou Menção Honrosa no concurso Vladimir Herzog. "Limpeza na Penitenciária" foi feita durante uma operação no Presídio de São Pedro de Alcântara, em setembro de 2007.

Trabalhei com o Hermínio no início da minha carreira, no extinto jornal O Estado. Um profissional excelente que faz falta em qualquer redação. Atualmente, presta seus serviços ao Grupo RBS. Parabéns, meu velho!

Piriquito e a transição

O deputado estadual Edison Piriquito continua vivendo a euforia da vitória em Balneário Camboriú. Ontem, ao chegar no evento de apoio à candidatura do seu partido na Capital, não parou de receber cumprimentos dos correligionários que vieram a Florianópolis para o afago coletivo na campanha de Dário Berger.

Foto: Eduardo Guedes de Oliveira/Alesc/Divulgação

Prefeito: Troca de comando em Balneário Camboriú tem início

Desceu ao meu lado para o salão do hotel Maria do Mar, onde foi realizada a "quase" convenção do PMDB. Me disse que ainda naquela tarde começaria a sempre delicada tarefa de transição entre gestões. "Tenho dois técnicos que iniciam tudo com a atual administração", me disse o novo prefeito, sem revelar maiores detalhes.

Sobre o resultado, preferiu dizer que foi "uma grande festa". Deixou de lado as alfinetadas costumeiras nos adversários.

Há vagas

Ontem pela manhã o PMDB trouxe seus prefeitos, vices e vereadores eleitos para Florianópolis. Reuniu ainda vários candidatos que não tiveram chance neste pleito e sua bancada na Assembléia Legislativa. Cerca de 700 pessoas para apoiar a candidatura do partido em Florianópolis.

"Ganhar na Capital e de quem vamos ganhar tem um gosto especial", avaliou o presidente do partido no Estado, Eduardo Pinho Moreira. A manifestação era um reforço para a possível reeleição do prefeito Dário Berger. Mas o alvo era o velho inimigo, Esperidião Amin (PP). O alcaide, por sinal, não compareceu. Nem o governador Luiz Henrique da Silveira, cuja presença fora confirmada pela assessoria do PMDB, na véspera.

Eu, pelo Notícias do Dia, e o colega Renê Müller, pelo Diário Catarinense, indagamos sobre a ausência do candidato. Moreira alegou que foi intencional. "Tem muito prefeito que veio para cá com carro oficial. Isso pode dar problema na Justiça", explicou o ex-prefeito de Criciúma e ex-governador. Faz sentido. A assessoria jurídica do PP não perderia a chance e provavelmente alegaria que Berger estaria usando a máquina de outros municípios em seu favor.

Na saída da festa, o sempre sorridente deputado Herneus de Nadal, líder do governo na Assembléia, veio nos cumprimentar. Renê perguntou sobre o velho boato que circula pelos corredores do parlamento, aquele que garante sua provável ida para o Tribunal de Contas do Estado (TCE). Como era de se esperar, Nadal se esquivou. Mas, no caminho da saída, deixou uma sintomática frase:

"Mas lá é um bom lugar".

Foto: Carlos Kilian/Alesc/Divulgação

Nadal: "No TCE, eu?"

Alguém duvida que a dança das cadeiras vai continuar no refrigerado Plenário da Assembléia Legislativa catarinense?

quarta-feira, 15 de outubro de 2008

Derrotados, mas vitoriosos 2 - A Missão

O post anterior gerou uma movimentação interessante neste blog. O meu velho amigo Marco Zanfra questionou o fato de eu ter citado a coerência da candidata do PCdoB ao apoiar o candidato do PP. Nem deu tempo de eu explicar, outro amigo de longa data, Marcelo Santos, disse muito bem em outro comentário. Mas, como um palmeirense e outro corintiano, nem vou me meter na conversa. :)

Brincadeira, ambos são bem inteligentes e não misturam futebol com conversa séria. No caso, Zanfra e todos que por aqui passam, as palavras do Marcelo expressam bem a situação. Seria incoerente a vereadora aceitar um "carguinho" qualquer se assim o prefeito oferecesse. Ouvi dizer que o governador teria oferecido até uma secretaria de Estado para ela. Nem vou entrar no mérito desta questão. Não tenho nada contra candidato algum, mas fica claro prá mim que a estratégia seria "todos contra quem está no poder", ainda mais que praticamente todos tiveram lá suas rusgas com Dário Berger (PMDB) no primeiro turno.

Para quem não tem paciência de ler os comentários, reproduzo aqui a avaliação do Marcelo:

"A coerência, meu caro Zanfra, está no fato de uma candidata que pautou sua atuação como vereadora pela honestidade no trato da coisa pública recusar apoio ao prefeito acusado de corrupção. Prefeito este duramente criticado por ela durante toda a campanha e nestes quatro anos de mandato de vereadora. Uma coisa é ser "de direita" ou "de esquerda", de acordo com aquelas definições anacrônicas. Outra coisa é querer que uma candidata como a Angela Albino apoie Dario Berger. Ou você também acredita que o Djalma Berger é socialista?".

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Derrotados, mas vitoriosos

Na última sexta-feira escrevi neste blog sobre a curiosa sina de Angela Albino (PCdoB) e Cesar Souza Junior (DEM). Me parecia que ambos foram os dois maiores derrotados do primeiro turno em Florianópolis. Despontaram como as novas opções da política - e não importa se tal característica foi formatada pelas respectivas assessorias ou se acabou incorporada por nós da imprensa. Acabaram fora da disputa final e viram seus partidos se orientando e indicando para ambos que o rumo era apoiar Dário Berger e o PMDB do governador Luiz Henrique da Silveira. Todos pela derrota do rival Esperidião Amin (PP).

Hoje, na volta do ex-candidato e agora, novamente, deputado estadual Souza Junior à Assembléia Legislativa, mudei minha opinião. O parlamentar convocou uma coletiva para anunciar a imprensa e aos seus eleitores a decisão que tomou de não oferecer apoio nem ao PMDB nem ao PP. "Vou ficar eqüidistante da eleição", citou. Notei que, do mesmo modo que Angela e Aderbal "Tico" Lacerda, vice na chapa da candidata, ele teve coragem.

Os três foram contrários às decisões de suas respectivas legendas. O DEM do senador Raimundo Colombo não demorou para oficializar que caminharia com Berger, afinal não se pode pensar em perder as vagas no governo estadual. O PCdoB chamou a vereadora da Capital em Brasília e deu opinião semelhante, alegando os laços que unem comunistas e peemedebistas na base de sustentação do governo Lula. Tico, neto do ex-governador Jorge Lacerda, encarou a mesma barra. O PDT capitaneado há décadas por Manoel Dias em Santa Catarina deixou de lado a oposição feita ao prefeito no turno inicial e agora vai de mãos dadas com o favorito ao título.

Cesar, Angela e Tico comprovaram que há esperanças na política. São, sim, renovação. Não cederam às pressões, demonstraram respeito aos seus eleitores e ao eleitorado em geral, pois confirmaram que são coerentes. Se todos criticaram o prefeito com veemência nos vários debates e no horário eleitoral gratuito como é que agora subiriam ao palanque de mãos dadas com ele?

Foto: J.L. Cibils

Coerência: Angela e Tico (à dir.) fecham apoio ao PP

Nenhum fala em futuro. O deputado disse hoje que vai trabalhar por Florianópolis como parlamentar. Não quis dizer nada sobre 2010, mas foi incisivo ao dizer que deixou plantada uma semente. A vereadora tomou atitude semelhante e vai, obviamente, concluir seu mandato na Câmara. Torço para que os três mantenham o excelente comportamento apresentado nesta campanha. E que outros sigam o exemplo.

Reta final

Faltam menos de duas semanas para a decisão da eleição em Florianópolis. Na reta final, Dário Berger (PMDB) e Esperidião Amin (PP) fazem os últimos retoques na campanha que vai - para o bem ou para o mal - mudar a vida de ambos. Com a oficialização dos últimos apoios possíveis para este segundo turno, ontem e hoje, agora só uma hecatombe, alguma denúncia muito forte pode mudar o rumo dos dois candidatos.

Fotos: Mauro I. Vaz/Divulgação

Da esq. para a dir.: No povão, Deglaber Goulart, dona Rose Berger, Alceu Nieckarz, o prefeito em um momento... hã?... star, Adriano Zanoto e João Batista Nunes

Creio que o cenário já esteja decidido. Mas, como dizem Dário e Esperidião, eleião só se decide na urna. O prefeito que tenta se reeleger conquistou ontem o PV - que esteve na chapa do PT no primeiro turno - e o PSDB, talvez o apoio mais difícil. Afinal, Dário saiu do ninho dos tucanos, levou consigo vereadores importantes e a legenda naufragou em Florianópolis. Não elegeu Dr. Juca como vice de Cesar Souza Junior (DEM) e perdeu todas as vagas que possuia na Câmara dos Vereadores. Foi preciso uma pressão da Executiva Estadual - leia-se vice-governador Leonel Pavan - para que os tucanos da ilha fechassem com o até então desafeto.

Hoje, Dário sela parceria com o combalido PDT, apesar de Tico Lacerda, que representou a legenda de Leonel Brizola como vice de Angela Albino (PCdoB) ter migrado para o lado de Amin. "Não houve nenhuma decisão formal do partido. Prefiro ser julgado pelo partido do que pelo povo", me disse ontem ao telefone. Lacerda impôs suas convicções pessoais e não se submeteu às definições da sigla. É nitído que o forte envolvimento no primeiro turno o levou a tomar tal atitude. A forma como o prefeito tratou Angela nos debates e no horário político foi fator decisivo.


Caminhada: Últimos testes de popularidade em uma das obras mais visíveis da primeira gestão, a revitalização de calçadas

Esperidião demorou demais para acertar parcerias no início da campanha. Acabou quase isolado com o PTB, de pouca força na atualidade. Repetiu a dose nesta etapa decisiva e só angariou o PCdoB. Contava com o PT, mas sabia das dificuldades disso realmente acontecer, apesar dos constantes e recentes flertes com a legenda em outras regiões do Estado. Os petistas preferiram tucanar e subiram no muro, liberando a militância para apoiar quem bem entender. Não é minha atitude preferida entre políticos, mas foi para isso que se brigou tanto para derrubar a Ditadura: democracia, liberdade de escolha.

Fotos: J.L. Cibils/Divulgação

Gravação: Amin e o candidato a vice, Renato Marques (PTB), jogam as últimas cartas

Uma pena. Os partidos continuam levando tudo muito a ferro e fogo. Oito ou oitenta. Velhas diferenças e desabenças ainda norteiam rumos e decisões. Mesmo que estas possam ser prejudiciais no momento.


Tradição: Não poderia faltar a foto com as criancinhas

O ex-prefeito e ex-governador vem dizendo que esta é sua derradeira eleição. Será? No passado, já afirmara que não deixaria a prefeitura para concorrer ao governo do Estado e seu vice, Bulcão Viana, acabou comandando a cidade. A oportunidade de enfrentar o rival Luiz Henrique da Silveira (PMDB) no pleito de 2010, por uma vaga no Senado, soa tentadora.

Dário, ao contrário do que circulou na mídia, garante que vai ficar quatro anos na prefeitura se eleito. Ontem, questionei sobre os boatos de que em 2010 ele migraria para o PSB, do irmão Djalma Berger, em função de uma suposta falta de espaço no PMDB para a tentativa de se tornar governador. Ganhei como resposta um sorriso e um longo discurso sobre as obras que ele pretende concluir em Florianópolis. Não confirmou. Mas também não negou.

Esta história está só começando.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Candidatos esquecidos II

Justiça seja feita. O blogueiro também é esquecido.

Há um update para um post anterior, no qual citei que os candidatos não me pediram o voto durante a campanha. Quem costuma ler os comentários, viu que Angela Albino (PCdoB) explicou os motivos pelos quais não faz isso. De um modo muito elogioso, acabou me pedindo apoio para sua eleição.

No dia 5, na casa do prefeito Dário Berger (PMDB), minutos antes de acompanharmos a ida do candidato à reeleição até o seu local de votação, ele fez sua parte. "Vocês não esqueçam de mim e me ajudem na hora de votar", encomendou.

Partido prá lá, deputado prá cá

Na última quarta-feira o deputado estadual Narcizo Parisotto (PTB) participou do almoço da bancada do PMDB na Assembléia Legislativa. Declarou, em alto e bom tom, seu apoio ao candidato Dário Berger no segundo turno da eleição para prefeito de Florianópolis.

Entre os demais parlamentares peemedebistas, o fato parecia ser de conhecimento comum. Entre nós da imprensa, no entanto, gerou estranheza. O partido de Parizotto, afinal das contas, indicou o vice de Esperidião Amin (PP).

Foto: Nikolas Stefanovich/Divulgação

Confusão: Parizotto (à esq.) no almoço polêmico

No dia seguinte, o PTB divulgou nota oficial criticando a postura do parlamentar. Até o Conselho de Ética da legenda foi citada caso o deputado insista em contrariar a orientação do partido. Hoje, Parizotto comentou que estranha tanta repercussão. Alega que nem vota em Florianópolis, mas em Chapecó. Então tá, deputado. É de estranhar mesmo.

Novatos na berlinda

O governador Luiz Henrique da Silveira liga para o ministro dos Esportes, Orlando Silva (PCdoB). Pede apoio da sigla e da candidata derrotada no primeiro turno, Angela Albino, ao prefeito Dário Berger. Raciocínio simples: PMDB e PCdoB são da base que apóia o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Apurei que Angela foi convocada a fazer "uma visita" em Brasília. Silva e o comando da legenda deixaram claro: é preciso apoiar o PMDB em Florianópolis. Fato confirmado no blog "Diários de Brasília", citado pelo professor Cesar Valente.

E agora? como fica a candidata que fez uma excelente campanha? Com estrutura minúscula, quase bateu Cesar Souza Junior do podero$o DEM. Fez duras críticas à administração Berger, marcou presença de modo exemplar. Será que seus eleitores e a militância vão entender que não é ela quem está virando a casaca?

O mesmo vale para Souza Junior. Ao notar que os caciques da sua legenda fechariam com Berger para o segundo turno, fez as malas e foi viajar. Buenos Aires, é o que se comenta. Será que, em nome da próxima eleição - 2010, praticamente amanhã em termos de política - os líderes não estão sacrificando duas opções de renovação no cenário político catarinense?

Enquanto isso, Esperidião Amin (PP) não reage. Não há certeza de um apoio de peso para superar a verdadeira máquina que se tornou a candidatura Berger. Começo a acreditar que foi uma sorte enorme o filho João Amin ter sido o segundo vereador mais votado. O risco de uma derrota atordoante é grande. Algo que abriria as portas para uma derrocada ainda maior em 2010 quando, se supõe, Esperidião concoreria ao senado e sua mulher, Angela Amin, tentaria o governo do Estado.

Por falar nisso, se ela for o nome do PP para a majoritária, Santa Catarina pode ter uma inédita disputa com três candidatas ao governo. Angela Amin, Ideli Salvati pelo PT e Angela Albino pelo PCdoB. A senadora e a deputada federal têm seus nomes comentados há tempos. A vereadora da Capital, com a boa marca de 29.537 votos (12,50%), passa a ser uma alternativa e tanto. Ainda mais que sua legenda está em franca campanha de expansão no País.

O assunto não pára de crescer. E, cada vez mais, aumenta a qualidade dos possíveis cenários que vão se formando. Ou que podem se formar.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Ficção ou realidade IV

E tem aquele deputado que garantiu ao repórter:

- É difícil isso acontecer hoje antes das 19h. Se mudar, eu te ligo para avisar. Te conto em primeira mão.

Cinco minutos depois, o mesmo parlamentar conversa com o colunista do mesmo jornal:

- Se mudar, eu te ligo para avisar. Te conto em primeira mão.

A volta dos que não foram. E dos que foram também.

A imprensa esperava bate-boca. Talvez a confirmação do racha na Tríplice Aliança. E até a discussão de algum projeto importante para o Estado. Certo, na verdade, a gente já sabia que não seria nada disso no retorno das atividades da Assembléia Legislativa ontem à tarde.

Clima de festa entre os deputados eleitos e a óbvia decepção dos derrotados. Edson Piriquito (PMDB), que venceu em Balneário Camboriú, ganhou um abraço de Dado Cherem (PSDB), a quem derrotou. No geral, foi um tal de parabéns prá lá, congratulações prá cá. A normalidade mesmo ficou por conta pela dupla Joares Ponticelli (PP) e Manoel Mota (PMDB). O eterno duelo entre os dois parlamentares garantiu o bom humor nas galerias. Quando um deles não vai ao trabalho, a imprensa sente falta. Sempre me pergunto se ambos se odeiam, se um acordo tático para garantir espaço na mídia ou alguma outra estratégia que meu ainda limitado conhecimento das artes políticas me impede de compreender.

Foto: Eduardo Guedes de Oliveira/Divulgação/Alesc

Cherem, Matos, Natal, Piriquito e Ada: Entre mortos e feridos, todos sobreviveram

E hoje tem mais!

Ronériolândia

Não há o que contestar, a administração Ronério Heiderscheidt (PMDB) impulsionou Palhoça. O prefeito da Capital, Dário Berger, reclamou no dia da eleição que não pode fazer em Florianópolis o que o colega de partido faz no vizinho município. "Lá ele consegue aplicar as parcerias público-privadas. Aqui, seu eu fizer isso, me crucificam", lamentou o alcaide.

Mas e o primeiro ato de Heiderscheidt logo após sua reeleição? O homem quer mudar o nome da cidade para "Nova Palhoça". Como assim? Existe uma antes dele e outra depois? Isso me parece propaganda política adiantada. A oposição já vai concluir o ano com munição contra o prefeito. É algo assim tão necessário trocar o nome? Quanto isso vai custar? Não era melhor se concentrar em conter a violência em Palhoça?

E depois os políticos reclamam que nós jornalistas só falamos em suas falhas.

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Alegria de JORNALISTA

Florianópolis, 9h30 de segunda-feira, 6 de outubro de 2008. Em todas as bancas da cidade, não havia mais nenhum exemplar do jornal Notícias do Dia. Toda a tiragem se esgotou nas primeiras horas da manhã. Era a população atrás das informações sobre o primeiro turno das eleições.

Horas depois, nem na redação do jornal se conseguia um exemplar. Satisfação completa de uma equipe de repórteres, editores, diagramadores, fotógrados, um chargista e dois motoristas (isso sem contar a turma dos departamentos comercial e administrativo da empresa).

Fazia tempo que eu não vivia a, talvez, mais rica das experiências de um jornalista: uma grande cobertura. Acompanhar um evento ou fato que mobilize toda uma equipe. Ninguém teve folga no final de semana. O primeiro a chegar entrou na redação por volta das 5 da manhã. Eu mesmo inicei o domingão às 6h50. Só parei às 21h.

Correria, cansaço, fome, stress. Há quem deteste isso. Mas só quem é repórter entende a alegria de se viver algo assim. O que importa, no final das contas, é o leitor ter, no dia seguinte - e que se dane a modernidade e o imediatismo da Internet - o jornal nas mãos. Com as notícias que vão mudar sua vida de um modo ou de outro. É utópico, eu sei. Mas quem diz que me importo?

Para quem não leu, eis a reprodução das principais páginas do Caderno de Eleições. O projeto editorial foi feito pela ex e pela atual editora de Política do Jornal, Ludmila Souza e Patricia Rodrigues. Além delas, todos os demais integrantes da equipe atuaram. Eleição é como Olimpíada ou Copa do Mundo ou como algum fato extraordinário, alguma catástrofe. É o que dá prazer ao repórter. Aquela - volto a dizer - utópica busca pela notícia mais "quente", melhor, mais completa, mais importante. A saudável competição com os concorrentes. Tudo em nome do leitor.













domingo, 5 de outubro de 2008

Uma nova eleição

Amém. Acabou o primeiro turno.

No final das contas, ao contrário do que eu imaginava, deu a lógica. Os candidatos apontados como favoritos vão, de fato, se confrontar no segundo turno. Confesso que eu não levei fé em Esperidião Amin (PP). Fiquei com a nítida impressão de que aqueles apontados como novidade - Cesar Souza Junior (DEM) ou Angela Albino (PCdoB) - pudessem surpreender.

E a campanha para o segundo turno já começou domingo mesmo. Ao menos foi o que me garantiu o prefeito licenciado Dário Berger (PMDB), na sua casa. Pelo Notícias do Dia, acompanhei com o repórter fotográfico James "Jacaré" Tavares o dia do candidato. Chegamos lá às 7h20. O atual prefeito desceu um pouco depois, confiante. Na entrevista, tentou não se mostrar eufórico, mas reconheceu que não descartava a remota possibilidade de liquidar a fatura ainda hoje.

Depois de um café da manhã, nós e a equipe do Diário Catarinense acompanhamos o carro que levou Dário, Dona Rose e o filho Paulinho, até o Colégio Santa Terezinha, em Ingleses. O candidato já saiu do carro sob aplausos. "Aqui espero fazer entre 60% e 70% da votação", comentou. Não consegui confirmar isso ainda, mas creio que tenha ficado nesta margem, pois a população do bairro realmente demonstrou muito apoio a ele.

No meio da tarde, retornamos para a casa do prefeito, em Itaguaçu. Cercado por alguns poucos nomes do PMDB, praticamente em silêncio, ele acompanhava pela TV os resultados da apuração. Novamente, tentou conter a euforia. Perguntou algumas vezes sobre o desempenho do irmão, Djalma, que viria a se eleger na vizinha São José. Quando a pesquisa boca de urna confirmou o que se esperava, o sorriso praticamente não lhe abandonou o rosto. A comemoração, à noite, foi com champanhe.

Berger me garantiu que agora "é uma nova eleição". Disse com todas as letras que vai buscar apoio com todos os partidos. "Até mesmo com o PT e o PCdoB. Não tenho problema algum com eles", argumentou, citando justamente dois dos maiores opositores à sua gestão e adversários ferrenhos nesta campanha. Apesar de também ter sido arduamente alvejado por Cesar Souza Junior na primeira fase, o prefeito espera contar com o apoio "natural" do democrata, já que o partido dele integra a Tríplice Aliança, que forma a base do governo estadual para o PMDB.

Assim que cheguei na redação, um passarinho já me confidenciou que um dos derrotados havia sido contactado pelo candidato à vice de Berger, o vereador João Batista Nunes (PR). Se o fato se consumar somando-se ao suposto apoio de Cesar Junior, creio que seria a reeleição assegurada. Fato para ser apurado segunda-feira.

Entre os eliminados, há pouco a se dizer. Ter Lula na presidência não ajudou em nada ao PT. Reafirmo: mais valia uma frente de esquerda. Quatro pequenos contra três grandes não dá, né? O PT não só amargou um contundente quarto lugar como fez apenas um vereador (manteve Márcio de Souza). O PCdoB, por outro lado, não chegou ao segundo turno, mas perdeu por pouco a terceira posição (1239 votos) e manteve a vaga de Angela Albino na Câmara, agora com Ricardo Camargo eleito. Todos, claro, alegam que o resultado não foi desastroso.

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

Candidatos esquecidos

Faltam pouco mais de 32 horas para o primeiro turno das eleições em Florianópolis. Há praticamente dois meses acompanho os sete candidatos que disputam a prefeitura da capital catarinense. E, neste tempo, entre todos, somente um lembrou que jornalista também é eleitor.

Apenas Esperidião Amin (PP) me pediu voto. Ele e a mulher, a deputada federal e ex-prefeita Angela Amin. Creio que os demais, na correria para conquistar a população, não lembraram de fazer campanha justamente junto aos jornalistas, que estão quase que diariamente acompanhando seus passos e atos.

Obviamente, não vou revelar qual destas pessoas vai receber o meu voto. Quem me conhece, provavelmente, até desconfie. Só espero não me arrepender, como sempre aconteceu desde a primeira vez em que desfrutei meu direito de escolher nossos representantes, no já distante 1989.