sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Aniversário com ar de lançamento de candidatura

O governador Luiz Henrique da Silveira (PMDB) completou ontem 70 anos de idade. Iniciou o dia ganhando bolo de parabéns pela manhã, na inauguração da rede wireless e de seis quadras cobertas do Instituto Estadual da Educação (IEE), em Florianópolis. Encarou tranquilamente um mínimo protesto de um grupo de 2 ou 3 alunos, fato exageradamente destacado pelo Diário Catarinense.

O ápice da data aconteceria horas depois, à noite, em Joinville. A festa estava programada para 1500 convidados, mas avalio que estavam lá pelo menos 500 pessoas a mais. Vereadores, prefeitos, deputados estaduais e federais, secretários de Estado, senadores catarinenses e o governador do Paraná, Roberto Requião, amigo de LHS há décadas, prestigiaram o atual gestor de Santa Catarina. Ex-prefeito de Joinville, a maior cidade do Estado, foi deputado estadual e federal, ministro, presidente do maior partido do País e entrou para a história como o primeiro governador catarinense a conseguir ser reeleito.

Em meio à crise institucional e política surgida com as acusações contra o seu vice, Leonel Pavan (PSDB), Luiz Henrique vê ameaçado o seu sonho de chegar ao Senado. Mas, ontem, a crise ficou de fora do restaurante onde a festa de aniversário aconteceu. LHS foi calorosamente recepcionado e aplaudido. E já não falou como governador de Santa Catarina. Seu discurso foi nitidamente nacional. O palco onde uma banda animava a noite minutos antes, se transformou em um palanque de campanha. Não faltou nem o apoio de outra referência política. Requião não se conteve: "E com pessoas como meu amigo LHS no Senado o Brasil vai caminhar para as verdadeiras e necessárias mudanças", bradou o governante do Estado vizinho para delírio da massa peemedebista.

E Luiz Henrique discursou pedindo um presente para o próximo aniversário. "Quero uma reforma política que revogue a presença do financiamento privado, que alimenta o Caixa 2 nas eleições". Pediu ainda que a mesma reforma "revogue a reeleição e a loucura de uma eleição a cada dois anos". Aparentemente, ninguém lembrou que o próprio LHS é governador reeleito.

Defendeu ainda mais ao citar a necessidade de programas gratuitos de televisão e rádio realmente gratuitos, "acabando com o pré-programa, fazendo com que os candidatos apareçam com a sua cra, sem maquiagem" para os eleitores. Curiosamente, LHS lançou ao público um argumento que, de certa forma, contradiz o seu apoio ao prefeito de Florianópolis, Dário Berger (PMDB). "Quero uma reforma política que reforce a fidelidade partidária. Em caso de mudança de siglas, o político fique duas eleições sem se candidatar", disse o candidatíssimo Luiz Henrique. Berger trocou de legendas sistematicamente, conquistando duas eleições consecutivas em São José e outras duas seguidas na vizinha Florianópolis.

Quem esperava um balanço sobre as duas gestões de LHS, ficou a ver navios. O tom do discurso foi claramente voltado às eleições de outubro. Para muitos, salvo revés gravíssimo, ele já seria o dono de uma das duas vagas do Senado reservadas para Santa Catarina. Resta aguardar.

terça-feira, 16 de fevereiro de 2010

O tempo é implacável

Mestre Marcelo Soares detectou os efeitos do tempo em uma das musas da década de 80. Tawny Kittaen, estrela de vários vídeo clipes do Whitesnake, era uma unanimidade entre os adolescentes e jovens da época. Os motivos podem ser vistos no clipe abaixo:



Mas o tempo é cruel e não perdoa nem mesmo as deusas da beleza. Atualmente, a senhora Kittaen está... digamos.. bem diferente.



Para feios ou bonitos, não há dúvida, o destino é um só. Perdoem, não resisti à tentação de encerrar o post com uma frase de boteco.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Lost ou Bud?

Tudo na vida é uma questão de prioridades.

domingo, 14 de fevereiro de 2010

Só entende quem é headbanger

Para minha surpresa e alegria, fui citado pelo mestre Renê Müller no blog Tra-La-lá. O post anterior alertou o meu velho amigo sobre os 40 anos do Black Sabbath.

Mestre Renê muito me deixa feliz com o crédito. De fato, a música é dividida em ABS (antes do Black Sabbath) e DBS (depois do Black Sabbath). Ao contrário do que muitos alardeiam, não foi o Led Zeppelin quem criou o heavy Metal. Como pode uma banda que gravou um reggae - "D´yer Mak´er" - (nada contra o Led e a música) ter criado um estilo como o metal? O jornal britânico Times também lembrou da data.

Mas Iommi, Osbourne, Butler e Ward, sim. Estes são os responsáveis pelo estilo mais pesado, polêmico e longevo do rock. A mídia e os detratores atestam constantemente que o heavy metal morreu, mas ele continua vivo, forte, firme, eterno. Não há moda que o supere. São 40 anos de nascimento, crescimento, êxtase, superação, renascimentos (sim! no plural) e alegria para a sua legião de fãs. Só entende quem é headbanger, quem vive o heavy metal, um estilo maior do que uma religião, do que uma associação, do que o clube de futebol mais famoso e vitorioso do mundo.

Nada se compara ao heavy metal em termos de devoção, dedicação e respeito por parte de seus fãs. "Black Sabbath", o álbum, iniciou tudo. E aquele sino continua soando a cada dia, 40 anos depois. A voz de Ozzy Osbourne continua perguntando "What is this that stands before me?", a guitarra do mestre Tony Iommy ainda ecoa, diariamente, ao redor do planeta. Os tons graves e soturnos do contrabaixo de Terry "Geezer" Butler ainda impressionam, assustam, enlouquecem, como uma história de H.P. Lovecraft, enquanto as batidas de Bill Ward conduzem o mundo rumo ao êxtase.

Long live the black witch!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

Black Sabbath

Há exatos 40 anos, Tonny Iommi, Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Bill Ward mudaram a história da música. Lançaram "Black Sabbath", o primeiro álbum da banda de mesmo nome. E, com ele, criaram um novo estilo musical, o heavy metal.

Ao contrário do que a mídia sempre prega, o estilo está vivo, novamente no underground, mas cada vez mais forte.

Fica aqui uma singela homenagem aos mestres.

sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Memória Valhalla

Há tempos que venho pensando em resgatar minha humilde colaboração com a extinta revista Valhalla, depois Rock Hard-Valhalla. Já pensei várias formas e formatos, mas sempre adiei o projeto. Há um longo tempo, conversei com o Eliton Tomasi, criador e editor da revista. Expliquei meu desejo de perpetuar o material que produzi, desta vez na Internet. Parceiro e compreensivo como sempre, Eliton me autorizou a reproduzir neste blog as entrevistas e resenhas que produzi naquele período excelente, onde pude - mais uma vez - unir minha profissão com minha paixão: a música pesada.

Hoje, do nada, veio a vontade de iniciar isso tudo. Ainda não sei se vou postar todo o material, mas um deles eu não poderia deixar ficar esquecido: a entrevista com Vladimir Korg, vocalista e compositor de bandas lendárias da cena heavy metal brasileira como Chakal e The Mist. Há aqui um orgulho pessoal pela oportunidade de conversar com um dos meus ídolos, a exemplo do que aconteceu quando da histórica passagem de Ronnie James Dio em Santa Catarina, ou a entrevista com Josh Christian, guitarrista do Toxik. Como sempre, as versões publicadas na revista foram editadas em função da limitação de espaço. Optei por baixar aqui a versão na íntegra. O texto é de março de 2005.


O lado instigante da lendária cena mineira

Por Alessandro Bonassoli

O Chakal foi uma das bandas mais importantes da frutífera e essencial cena metal de Minas Gerais nos anos 80. A banda está na ativa e lançou recentemente o agressivo "Demon King". O lendário vocalista Korg comenta mais sobre esse trabalho e toda a carreira dessa banda fundamental

Vladimir Korg é um dos principais cérebros do metal nacional. Líder do Chakal - grupo surgido em Belo Horizonte/MG, na criativa década de 1980, foi um dos responsáveis pelo fortalecimento da cena mineira enacional. Mais tarde, participou de dois álbuns clássicos do extinto The Mist, que o consagrou como um dos principais letristas do estilo no País. Depois de alguns anos afastados, Korg e o Chakal voltaram em 2003 com "Deadland". Em 2005, lançam "Demon King", CD do mais alto nível, pesado e agressivo como o thrash metal deve ser. Para falar deste trabalho e de sua carreira, Korg atendeu a Valhalla com exclusividade.


"Demon King" é a resposta para quem não entendeu que "Deadland" (de 2003) era um projeto conceitual? O novo trabalho é pesadíssimo e certamente vai figurar na lista dos melhores deste ano. A impressão é que somente agora o Chakal está voltando à ativa, que "Deadland" foi apenas um "ensaio". Na minha opinião, este é o melhor álbum do Chakal, mais forte até do que o clássico "Abominable Anno Domini".



VK)Não acho que o "Demon King" seja uma resposta para nada. Acho que ele é mais uma pergunta do que uma resposta. Todas nossas questões atuais estão nesse trabalho. A covardia da guerra em pleno século XXI onde agimos com ignorância e preconceito. E não é a nossa intenção apontar um ou outro país como culpado, todos nós temos nossa parcela de culpa em qualquer conflito que exista hoje no mundo. Mas não queremos fazer nada panfletário. Somos músicos e nos expressamos assim. Está é nossa maneira de dizer que estamos sofrendo e indignados. Não conte com a gente para liderar nenhum movimento pró-qualquer-coisa, somos músicos. Quanto ao "Deadland", o Chakal se sente recompensado por termos vendido a prensagem toda e termos conseguido bons resultados. Não foi um trabalho palatável e nos orgulhamos disso. Mas somos honestos o bastante para falarmos que nos orgulhamos dele e fizemos o que tínhamos que fazer. Sabíamos que muitos ficariam boiando, mas tínhamos que prosseguir. Pretendo um dia retomar esse tema e agora com Mark o trabalho terá uma outra cara, e isso só me instiga mais. Acredito que desde o "Abominable" todos os discos são apenas um ensaio. O Chakal é uma banda essencialmente palco. Temos agradecido todos os elogios e estamos muito felizes com a resposta. Até agora só tivemos uma resposta negativa e desdenhosa mas realmente não temos o perfil necessário para sermos reconhecidos pelos críticos daquela revista e realmente hoje temos orgulho de não sermos o que eles querem que nós sejamos. Somos o Chakal e não nos dobramos a ninguém.


Todo este peso e agressividade, este thrash de alta qualidade tem a ver com a nova formação, reunindo três dos integrantes da versão clássica do grupo com o Andre (ex-Vultur) na segunda guitarra? Seria aliar a experiência com a juventude?


VK)Estamos com as garras afiadas. Quem nos encontra fora dos palcos sempre fala que somos tímidos e inofensivos, mas quando adentramos aos palcos ficamos ferozes. Nossa formação agora será considerada no futuro como a clássica. Estamos nos sentindo começando a acertar onde dói. André é peça fundamental na banda. Posso dizer que o Chakal não existe mais sem ele. É como Mark, Wiz e agora o Giuliano que trouxe finalmente uma certeza na cozinha. A máxima de que “ninguém é insubstituível” não está cabendo muito no Chakal.


As letras são outro diferencial, como qualquer trabalho composto por você. Ao contrário da maioria das bandas nacionais, que se preocupam em falar sobre fantasia tipo castelos e dragões ou sobre satanismo, você sempre investiu em letras inteligentes. A crítica social de "Morlock Will Rise", que fala sobre preconceito, e a crítica política, algo latente em "War Drums" e "Mastered Dogs", são exemplos disso. Por sinal, não há como não ler estas duas últimas sem pensar em George W. Bush e na hipocrisia da sociedade norte-americana. Falar sobre estas temáticas é questão de engajamento? de tentar abrir os olhos do seu público para coisas realmente importantes na vida de todos nós ou é meramente uma questão de maior facilidade para tratar sobre isso?


VK)Poucos tem a sua paciência para escarafunchar as letras. Tento sempre deixar algumas coisas para as pessoas descobrirem e viajarem. Fiz isto muito no The Mist. Não posso falar que minhas letras são mais inteligentes do que outras e que nunca falarei de dragões. Adoro letras satânicas e muitas delas acho divertidas. Falo sobre satanismo mas de forma alegórica e isso com certeza não será desculpa para que eu não apodreça no inferno. Se o catolicismo estiver certo e tudo o que eles falam for verdade, eu estarei hierarquicamente confortável no inferno. Brinco com o imaginário coletivo. As coisas que falo estão todos os dias nos jornais. Tropeçamos nelas diariamente. Mas não tento com minhas críticas influenciar ninguém, posso estar errado e não quero esta responsabilidade. Sou um irresponsável... Se quisesse ser o bonzinho não estaria fazendo Heavy Metal, estaria buscando mais visibilidade na mídia e não tocando para um público restrito. Amo o Heavy Metal, apesar de que gosto de muitos outros estilos. Mas o Heavy Metal é algo que não consigo me desvencilhar. Encontro pessoas nas ruas que conheciam o Chakal na década de oitenta e eles sempre perguntam: “Vocês ainda estão nessa?” A maioria deles eram super radicais e hoje nem se quer ouvem Black Sabbath. Desconfio muito dos radicais de plantão, a maioria deles hoje estão em alguma igreja pedindo perdão e dando dinheiro a pastores evangélicos.


Ainda sobre a temática do CD, à primeira vista, a faixa título aparenta ser alguma exaltação ao satanismo. Mas lendo seu texto com mais calma, a impressão que tive foi novamente sobre Bush, Bin Laden e outros tiranetes que volta e meia aparecem com idéias de dominar o mundo através da guerra. Qual a mensagem de "Demon King"? É mesmo uma alegoria sobre as guerras e o terrorismo?


VK)Minhas letras estão abertas. Por favor, entendam-na como quiserem. Mas mexam nela, mudem de lugar as estrofes, brinquem à vontade. Só não me peçam para decifra-las. Aí não tem graça. É como contar o final do filme. Sua percepção é perfeita. Se você reconhece isso nas minhas letras é porque você está indignado também. Se minha letra for suporte para que esta indignação saia, me sinto muito feliz por isso.


Uma novidade neste trabalho foi a inclusão de um cover para "Evil Dead", do seminal "Scream Bloody Gore", do Death. Por quê um cover? Qual motivo levou vocês a optarem por esta faixa em especial? Além de ser uma homenagem ao saudoso Chuck Schuldiner, não há como não ver um link entre a letra da faixa com "Dead Walk" do primeiro álbum do Chakal.


VK)Eu adoro essa música. Eu tinha um show pirata do Death onde esta música era uma parte realmente evil no set list da banda. A música é grandiosa e é tudo que o Heavy Metal é. Adoramos toca-la. Ela é simples, direta e rápida. Tentei ser fiel ao original sem copiar o estilo do Chuck. Fizemos com respeito e temos nojo daqueles que acham que foi “oportuno” a inclusão da música no disco. O "Demon King" se comportaria da mesma forma com a não inclusão do cover. Não precisamos disso. Poderíamos colocar a "Metal Gods" do Judas mas preferimos a do Death. Esperamos que os fãs do Death, como nós, gostem da nossa versão. Quanto a "Dead Walk", ela sempre revive de alguma forma na nossa carreira....


O Chakal surgiu na década de 1980, em um momento único do metal no País, onde a cada mês aparecia uma banda nova e de qualidade. Vocês são de uma geração que impulsionou o estilo no Brasil, ao lado de Sepultura, Mutilator, Overdose e Dorsal Atlântica, entre outros. Mas era uma época em que não havia tanta facilidade para comprar instrumentos, para gravar e para lançar discos como hoje em dia. O que vocês mantém daquele momento para seguir sua carreira atualmente?


VK)Nossa garra para continuar. Temos visto pessoas que foram muito importante para a história do metal underground no País dizer que tem vergonha dos álbuns que compôs, dos show, das maquiagens e etc... Isto me deixa nervoso porque se eles estão falando isso agora é porque nunca foram sinceros no passado. Foi tudo vaidade estúpida! Só para terem fãs e darem autógrafos... Isto me enoja Sempre pensamos na música, no metal brasileiro, no terceiro mundo entrando pela porta da frente na música underground.


A cena atual é muito maior, com mais bandas gravando e aparecendo, mais shows nacionais e internacionais acontecendo país afora, apesar de ainda existir muita desunião e radicalismo. Parte do público reclama que não há espaço para o metal, mas, paradoxalmente, vira as costas para os grupos que conseguem espaço na mídia mainstream. Até que ponto este tipo de pensamento underground é correto?


VK)Existe uma auto afirmação estrutural no underground. Ser true ou não. Isto é uma bobagem. Música é música. A união sempre foi um target a ser atingido. Mas só que essas querelas de ser true ou não, ou ter cabelo ou não, ou ser capeta ou não fica uma coisa estúpida tipo: “Minha banda fede mais a enxofre que a sua.” “Meu cabelo é maior que o seu.” A banda que eu gosto é mais pesada que a sua”. Uma infantilidade, pois a música fica em segundo plano. Heavy Metal é música, arte underground. Espinhos, cara feia, cabelo grande são periféricos e que o Heavy metal pode muito viver sem isto. Mas se tirarmos a música, fodeu!

O público pode nos chamar de qualquer coisa contanto que ela venha acompanhada de metal no final. É claro que quem nos chamar de New Metal nós mandaremos ir tomar no cu. Somos velhos demais para sermos chamados de new. Repito que esses radicais de plantão tem o tempo contado no underground. Eles mesmos se expelem. O mainstream não tem nada de corrupto. Ele em si não. Ele dá uma estrutura melhor, maior. O glamour, as facilidades, os excessos, estes são pontos que se o artista for medíocre ele é engolido e sua mediocridade aparece nos atos e incomensuravelmente em seu trabalho. A honestidade do artista não pode ser corrompida se sua essência, sua vontade e seu respeito para com o próprio trabalho forem concretas. Você vê isso. Acredito que o vocalista do Nirvana foi totalmente exaurido de sua criatividade. Ele preferiu se matar do que ter o cheiro do tal desodorante Teen Spirit. Porque isto não aconteceu com um Neil Young, ou puxando a farinha para o meu saco, com o AC/DC. Nas configurações nacionais da MPB. Veja o pobre coitado do Caetano Veloso, rico mas imbecilizado, não pode mais viver sem vender um milhão de cópias. Enquanto isso, um Chico Buarque está mais preocupado com a pelada do fim de semana do que a possibilidade de ter um disco de ouro idiota pregado na parede. Ele não tem nada para provar para ninguém. A música dele é aquela, sempre foi e sempre será. Ele compartilha a arte dele da forma que ele conhece, sem criar polemicas, sem chamar atenção para si. Ele faz isso com a música. Não que eu goste imensamente do trabalho dele mas aprecio intensamente a sua honestidade. E é claro, aprecio a maneira como ele tem todas as mulheres do mundo nas mãos....


O que é necessário para a cena se fortalecer definitivamente?


VK)É isto. Honestidade! Respeito pelo trabalho do outro. Faça o que está a fim de fazer. Em 1994, todos estavam mais preocupados em parecerem com o Sepultura do que tudo. A música não tinha mais importância. O Heavy Metal nacional não tinha mais importância se não tivesse uma repercussão no exterior. Isso me cansou! As pessoas compunham com medo. Medo da música. Medo da própria música. Eu tinha uma banda de cover de Ramones e mandei tudo às favas e fui me divertir, fui viver e não ficar preocupado se minha composição iria render dólares. Fazer as “bases para gringos”. Acho quase todos os álbuns da década de noventa sem expressão, sem criatividade... O Sepultura nadou de braçada neste mar de bandas acéfalas. Eles provaram que estavam léguas a frente de todos porque não tinham medo da música que faziam. Enquanto isso, a maioria ficava se mijando de medo quando lançava um disco: “Será que vai dar certo?”


Falando no passado, não há como esquecer que você fez parte do, infelizmente, extinto The Mist. Sua presença nos dois primeiros trabalhos, "Phantasmagoria" (1990) e "The Hangman Tree" (1992) foi marcante. O grupo tinha nível para ter ido muito mais longe do que foi se tivesse mantido aquela linha musical. Por qual motivo você saiu? É verdade que a Music For Nations ofereceu um contrato para o The Mist, mas você recusou por achar que gravar por um selo que, naquele momento, até poderia ser apontado como mainstream, seria um afastamento do underground?


VK)De jeito nenhum! Isto nunca aconteceu. Um contrato com a Music for Nations seria muito bem vindo. E hoje também. Não tenho nada contra meu trabalho ser difundido fora do país. Isto é totalmente irreal. O motivo para que eu não continuasse foi que aquelas pessoas não tinham nada a ver comigo. Percebi que eu estava no The Mist apenas para estar em uma banda. Percebi também que eu não estava sendo honesto comigo mesmo. Gostei muito de fazer o "Phantasmagoria," mas detestei o "Hangman Tree". As letras do álbum talvez sejam as melhores que já fiz, mas o astral era uma bosta. Hoje percebo a importância do álbum na minha carreira e agradeço por ter tido paciência para fazê-lo.


A Cogumelo relançou “The Hangman Tree” em CD, mas nunca fez isso com o “Phantasmagoria”. Há algum plano para isso? Vocês certamente devem possuir material ao vivo ou sobras de estúdio que poderiam sair como bônus. Isso seria bom não só para os fãs do The Mist, mas para a nova geração, que não teve a oportunidade de conhecer o grupo.


VK)Isto depende da Cogumelo e não quero mais me meter nisso. O João paga os meus direitos e ponto final. Não tenho intenção em mexer com os trabalhos do The Mist. Agradeço a todos os fãs que respeitam o meu trabalho naquela banda. Gosto muito do "Phantasmagoria," como falei. Aquilo para mim é o The Mist.


Em “Demon King” há vários momentos, como a própria faixa-título, o riff de “Christ In Hell” e em “Human Remains Banquet”, que nos remetem à sonoridade do The Mist. Isto foi intencional, mera coincidência ou se deve ao fato dos grupos mineiros daquela época terem, em sua maioria, muita similaridade, à exemplo do que houve na Bay Area?


VK)Não tenho certeza disso. E nós não reconhecemos muito esses riffs. Se alguma coisa desse disco se parece com o Mist poderia ser o vocal, mas o riffs são do Mark e não é bem o estilo do Mark os riffs do The Mist, apesar do Mark gostar muito do trabalho do The Mist.


Houve um período em que você se afastou do metal, criando projetos completamente diferentes, mas sem nunca usar sua história do Chakal e do The Mist para se promover, numa prova de respeito aos seus fãs. Um exemplo disso foi com o (bom) grupo punk rock Junkie Jesus Freud (de 1993). Apesar da qualidade, aquele trabalho não chegou a ter a repercussão que merecia, mesmo tendo uma boa distribuição em todo o País. Ao quê você atribui isso? Faltou mais investimento por parte da gravadora?


VK)Aquele trabalho foi a coisa mais legal que aconteceu na minha carreira. Não sei o que deu errado ou sei lá se deu errado. Tivemos oportunidade de grava-lo e isso já foi uma grande experiência. A Cogumelo investiu no trabalho sem pensar em retorno. Investiu porque estava capitaneado por mim e tenho a sorte de ter a Cogumelo como parceira em tudo o que eu faço. As portas da Cogumelo sempre estiveram abertas para mim como artista, não posso reclamar. Se não fosse ela ter comprado a briga com o "Deadland", o Chakal talvez jamais teria voltado. Poderíamos até estar tocando mas com uma estrutura pior. Estamos conscientes que somos um produto de uma gravadora independente. Se existir uma gravadora interessada em nos dar uma estrutura melhor, estamos abertos. A Cogumelo tem mérito em nosso trabalho também e se formos um dia reconhecidos por uma gravadora de porte maior será um reconhecimento também para a Cogumelo.


Ainda pensando no passado, o Chakal resgatou na faixa “The Masque Of The Red Death” duas características do thrash oitentista: a alusão à obra de um escritor clássico como Edgar Allan Poe e a gravação de uma instrumental baseada no dedilhado em um violão. Por sinal, esta é uma das mais bonitas que já ouvi. Quem teve a idéia de retomar este tipo de música que andava meio esquecida?


VK)Mark. Dono da música. Eu só a nomeei. Mas não houve a intenção de recordar nenhum momento oitentista. Ele mostrou o dedilhado e pediu para incluí-lo e é claro que ninguém vai podar o Mr. Mark.


Durante a divulgação de “Deadland”, você chegou a dizer que não via problema no fato do Chakal não ter conseguido sair do país. Você ainda pensa deste modo? A banda e a gravadora não planejam nada para o exterior? Falo não só em licenciamento do álbum (como está isso?) mas, também, em tours fora das fronteiras brasileiras.


VK)Gostaríamos muito de sair do país, mas não vamos fazer nossa música para isso. Se ela tiver porte para atravessar as fronteiras, será ótimo. Para nós ainda é difícil ter estrutura financeira para almejar isso e sonhamos que isso um dia aconteça. Somos músicos e estamos precisando e procurando pessoas interessadas em trabalhar conosco para gerenciar nossa carreira fora. A Cogumelo está tentando ampliar seus horizontes na Europa e entrando em contato com gravadoras e distribuidoras. Nós estamos também tentando fazer nossa parte.


Belo Horizonte foi, por alguns anos, o centro do metal no país. Com o sumiço de grupos como Chakal, Overdose, Mutilator, Sarcófago e a decadência do Sepultura, a cena aparentemente estagnou. Qual a situação atual? Nomes como o Drowned e Eminence vêm tentando marcar seu território no país. Além deles ainda há aquela movimentação do passado, com intenso trabalho de fanzines e muitos shows? Quais nomes poderão se destacar em breve?


VK)Absolute Disgrace, Pathologic Noise, Extreme Hate, tem muitas bandas que tem potencial. Flagelador e Apocalyptic Raids do Rio também gosto muito. Gosto muito do Metal do Rio de Janeiro. Tenho saudades do saudoso Explicit Hate... BH é uma cidade insana. Aqui não tem braços cruzados na hora de show. É sempre uma zona. Tocar em BH deveria ser uma honra para as bandas iniciantes. Lembro do Krisiun falando isto em um show. O Krisiun é um exemplo de banda que não esquece o passado e por isso é respeitada em todo o lugar que vai. Por isso merece ser hoje o nome que nos representa lá fora.


Para finalizar, quais são as metas do Chakal a partir de agora?


VK)Tocar. Sempre tocar. Isto é que nos mantêm até hoje. Por isso, produtores estejam a vontade:chakal@bhzo.com.br. Gostaríamos também de expressar toda nossa alegria de responder perguntas tão bem formuladas. Foi uma entrevista muito legal e esperamos ter correspondido. Um abraço a todos e ouçam "Demon King". Seu reinado está chegando.... STAY METAL !!!!!

As moças da Esquerda e o Carnaval

Na volta do chopp lá no Botequim, encontrei duas políticas da Esquerda catarinense. Primeiro, a ex-vereadora Angela Albino (PCdoB), que ia com o namorado rumo a um dos blocos carnavalescos que iriam esquentar a noite no Centro de Florianópolis. Logo depois, no Largo da Alfândega, vi a senadora Ideli Salvati (PT), com o marido, também indo ao "esquenta" dos festejos de Momo.

Ambas são da oposição, ambas estão amando e são apaixonadas pelo samba e o Carnaval. Ideli é figurinha carimbada no desfile das escolas de Samba da Capital. Angela, dizem, aprendeu a sambar com a assessora Marja Nunes, outro destaque carnavalesco de Florianópolis.

Uma vez repórter, sempre repórter: tentei especular com a ex-vereadora e candidatíssima à uma vaga na Assembléia Legislativa se os boatos sobre uma - nova - aproximação com o PT para a disputa do governo do Estado são verdadeiros. Ela, como sempre, usou seu tradicional jogo de cintura para despistar jornalistas e se esquivou. São as velhas táticas do "ainda é cedo", "tudo pode acontecer", "deixa estar para ver como é que fica", que todo político usa para não revelar os bastidores.

Particularmente, mesmo conheçendo muito pouco da política, arrisco e aposto que a falta de união entre PT e PCdoB na eleição de 2008 em Florianóplis dificilmente será revertida tão cedo.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Molha tudo, prefeito

Depois do "sumiço" de parte da árvore de Natal com a qual o prefeito Dário Berger - ainda pré-candidato à governador - tentou alegrar as festas de final de ano na capital catarinense, agora a meta é mostrar algo a mais.

Para o Carnaval de 2010, a idéia brilhante é o Concurso da Garota Molhada. Sim, é sério. Certas coisas, só Florianópolis faz por você.

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

E se não existisse a Internet?

Sim, houve uma época em que a Internet não existia. Naqueles tempos, nós brasileiros difícil ou raramente tínhamos acesso a todas as informações. Um exemplo? Eram os idos do ano de Nosso Senhor de 1991 quando Roberto Medina anunciou que o mundo veria o poder de uma segunda edição do festival Rock In Rio, criado por ele na década anterior. Entre as várias atrações, uma então completamente desconhecida banda chamada Faith No More.

Aquele grupo de "loucos" norte-americanos viria, veria e venceria, transformando-se na revelação do evento e catapultando sua fama mundial. Em meio ao show, houve uma faixa que encantou a platéia. Não estava no álbum "The Real Thing", de cuja tournê a apresentação era integrante. Calma, com arranjos lindos, praticamente uma balada romântica. De curtíssima duração, servia como introdução para "Surprise! You´re Dead", uma "pedrada" praticamente death metal.



Pelo refrão, alguns imaginaram que o título da belíssima canção seria "Sweet Dreams". Como poucos eram os iluminados que tinham poder aquisitivo para ir aos Estados Unidos naquela época, e com a inexistência da Internet, praticamente nenhum dos fãs que o Faith No More conquistou naquela histórica apresentação do Rock In Rio II, em 20 de janeiro de 1991, sabia do que se tratava a canção.

Bom, atualmente, com o advento da rede mundial de computadores, pode-se matar a curiosidade. Agradecimento ao irmão Fausto Cabral pela dica.



Acompanhe a letra:

"Sweet dreams you can't resist,
N-E-S-T-L-E-S.
Nestles makes the very best,
N-E-S-T-L-E-S.

Creamy whites, dreamy whites
NESTLES makes the very best,
N-E-S-T-L-E-S.
Sweet dreams, you
ca-a-a-n't resist..."