Hoje voltei, após quase um ano, ao consultório do doutor Ademar Valsechi, oftalmologista da família há... sei lá... mais de 20 anos. Estranhei que, apesar do mesmo jeito de sempre, do mesmo tom de voz e modo educado de tratar a gente, ele envelheceu. Lembrei da primeira vez que consultei com ele, mas não recordo qual era a graduação dos meus óculos de então.
Recordo agora de um episódio da série "Túnel do Tempo", que assisti quando era piá, em Curitibanos. Talvez uns 6 ou 7 anos. Os dois personagens, perdidos no tempo, foram parar em Pearl Harbor, exatamente no dia do famigerado ataque da Força Aérea japonesa. Um deles acaba encontrando a própria família, revê os pais e encontra a sua versão criança. Vem à mente que, muitos anos depois, isso já era 1990 ou 1991, na casa do Alex Caramez, ali no Balneário, estávamos assistindo TV a cabo, e poucos tinham acesso à tal modernidade em Florianópolis. Quando deu a propaganda que "Túnel do Tempo" seria exibido em seguida, comentei com o Alex sobre o tal episódio de Pearl Harbor. Coincidência pura, minutos depois, o canal pago transmitiu o mesmo episódio.
Lembro em detalhes de uma visita do padrinho Pedro na casa da minha avó Iracema, em Curitibanos. Era 1976 e eu brincava quando ele chegou junto com meu pai. Subiu as escadas com aquele sorriso infindável e mexeu no meu cabelo.
- E aí, piá? Brincando?
Lembrança: Os cientistas Tony Newman e Douglas Phillips antes de uma longa jornada pelo tempo
Minha mãe diz ser impossível eu ter esta memória, pois eu tinha apenas 4 anos de idade. Nem meu padrinho nem minha saudosa e amada avó estão vivos para confirmar tal lembrança.
A cada dia me surgem mais destas memórias, coisas da infância, de muitos anos, de décadas passadas. Detalhes das aulas na Escola Básica Arcipreste Paiva, o popular "Colégio das Freiras", também em Curitibanos, onde estudei entre os 5 e 10 anos de idade. Poderia contar aqui vários episódios, mas o sono me atrapalha. Só não consigo lembrar do que conversei na sexta-feira passada com meus colegas de trabalho. Também não sei mais quando foi a última vez que fui ao cinema, ou quando estive na casa da minha sogra. Tento me esforçar, mas saber quando passei por São Paulo recentemente é um problema. Também já desisti de tentar saber datas de aniversários. Então, caros amigos, não fiquem chateados se os esqueci. Nem o da minha noiva eu consigo decorar. E, espero, acho que ela, passado pouco mais de um ano, já se acostumou e sabe que não é má vontade minha.
Há algum tempo tenho enfrentado esta falta de memória recente. Assustado, afinal há histórico de doenças neurológicas graves em um lado da família, fui ao médico há umas duas (?), três (?) semanas. Me garantiu que não há com o quê me preocupar. Mas, por via das dúvidas, encomendou um eletroencéfalograma, cujo resultado busco amanhã pela manhã.
É estranho ter 36 anos e encarar uma parada destas. Eu mesmo tento fazer piada, mas já não consigo mais me fazer rir.
Um comentário:
Tenho uma matéria interessante para você ler sobre isso. Lembre de te passar quando nos encontrarmos. E não esquenta muito a cabeça com isso. A memória de longo prazo, que faz a gente lembrar coisas da infância, fica mais ativa com a idade. E por outro lado, a de curto prazo fica mais preguiçosa. É natural, mas é sempre bom investigar, claro.
Abraços.
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