Política e políticos não são mais surpreendentes. Ou, ao menos, não deveriam mais ser. Mas ver o deputado estadual Joares Ponticelli (PP) no palanque do PSDB na noite da última quinta-feira foi algo no mínimo curioso. Certamente o crítico mais aguerrido, feroz e ousado do governo catarinense (leia-se PMDB e PSDB), o parlamentar era só sorrisos ao lado de todas as lideranças tucanas que lotaram o palanque de Prezalino Ramos Neto, o Preto, que exatamente neste domingo, disputa a prefeitura de Maracajá.
Sim, eleição municipal. A bucólica cidade do Sul do Estado teve os vencedores do pleito cassados em 2010 e a segunda chance de eleição suspensa pela Justiça Eleitoral. Prezalino, presidente da Câmara, herdou o cargo interinamente. O caso é que, nos poucos meses que pilotou a prefeitura, conseguiu fazer uma boa administração e virou candidato. Mas para bater o PMDB local, foi necessário uma coligação com o PP. Coisas da política catarinense. Amigos lá nem sempre são amigos aqui e vice-versa.
Ponticelli foi recebido pacificamente no palanque em Maracajá. Mas era nítido o ar sério e distante de alguns tucanos de alta plumagem. Fiquei imaginando se o parlamentar do PP não iria fazer nenhuma crítica ao governo Leonel Pavan. Claro que não o fez. Está certo ele. Estratégia e estratégia. E a chance de conquistar mais uma vice-prefeitura deve fazer valer a pena a proximidade com adversários declarados. Por trás de tanta harmonia também deve estar o interesse de uma coligação para a eleição ao governo do Estado com os tucanos. O tema agrada parte do PSDB, mas desagrada outra fatia significativa do partido. É só mais um capítulo da confusa configuração do quadro eleitoral catarinense para este ano.
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