Ontem - sim, continuo correndo atrás do tempo - presenciei umas cenas impressionantes. Era dia de comemoração na Secretaria de Estado da Educação. Foram entregues menções honrosas aos funcionários que completaram 30 anos de serviço. Algo inimaginável para nós jornalistas.
Quero dizer, inimaginável um grupo de jornalistas trabalhando juntos por 30 ou mais anos. Na Educação, quer seja em uma escola, quer seja em um órgão burocrático, até é possível. Mas, em uma redação de jornal ou em uma assessoria de imprensa... du-vi-dê-ô-dó!
A rotatividade é insana. Culpa dos empresários do setor, que pensam com o bolso, culpa da categoria, que é desunida, culpa da sociedade, que pouco ou nada se importa com a necessidade de uma imprensa atuante e correta. Em assessorias de imprensa até é comum uma certa durabilidade, mas mantendo um time por 30 anos, ainda não conheci nenhuma. Nas redações, isso é história para foca dormir. Em todas as que passei - O Estado, A Notícia, Folha de S.Paulo e Notícias do Dia - "a barca" passava constantemente. Ou fulano era demitido por contenção de despesas, ou saia fora por ter arrumado um salário melhor, neste caso, em 95,7% das vezes, migrando para uma assessoria de imprensa (incluindo este que vos perturba).
É uma pena. Para o público, pois quanto maior o entrosamento, melhor serão os resultados da equipe, e para nós profissionais, que estamos sempre nos despedindo de colegas e incansavelmente buscando o entrosamento que raramente deixa de ser utopia. Por falar em despedidas, lembro de uma determinada fase na Rede Bom Dia, em Jundiaí. Não havia um só dia no qual algum colega perdia o emprego. Passava uma semana, e o mesmo se repetia em outra redação da rede, nas então quatro praças que a empresa estava montada. Sorte do povo que saiu, creio que todos estão bem instalados atualmente. Sorte do público, pois a empresa não só se manteve, como recentemente voltou a crescer: li que o J. Havilla comprou o Diário de São Paulo, isso depois de ter ampliado seus domínios na imprensa do interior paulista.
Profissão complicada esta de jornalista. Não recomendo não, apesar de todos os sabores e potenciais.
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