E venceu quem foi melhor. Para desespero dos joinvilenses, o Colegial conquistou ontem, em Joinville, o título da Divisão Especial do Campeonato Catarinense de futsal. Ginásio lotado, torcida engasgada com o vice na Liga Nacional, o terceiro lugar nos Jogos Abertos de Santa Catarina e a desclassificação na fase inicial da Taça Brasil de Clubes. E, pior, no outro lado da quadra, um time de Florianópolis.
Em Santa Catarina, nada mais irritante do que a rivalidade de um lado só. Florianópolis e seus atletas não estão nem aí para o revanchismo das cidades do interior. E olha que eu nasci no interior. Há enraizado um sentimento de guerra, de repúdio por parte das cidades interioranas, normalmente lugares decentes e formadas por pessoas decentes. No esporte então, a coisa toma ares de Brasil x Argentina.
Ontem, no ginásio Ivan Rodrigues, o que se ouvia era "au, au, au, pau no ** da Capital!". Ora, tenham paciência! Era só um jogo de futsal. A repercussão hoje, no jornal A Notícia, cuja sede fica em Joinville, era apenas "o time perdeu", "o time precisa mudar". Em momento algum, destacaram a qualidade do Colegial. Um time que sempre viveu no amadorismo - pois Florianópolis não tem tradição nesta modalidade. Ou melhor, não tem torcida, o público daqui não se interessa por futsal, ao contrário do que acontece no interior, onde este esporte muitas vezes tem mais força do que o futebol e os ginásios vivem lotados até na mais fria noite de inverno.
Mesmo sem apoio financeiro, toda vida quase mendigando, o time bancado pelo Colégio Catarinense e capitaneado pelo incansável Valci Moreira, vem sempre chegando entre os quatro melhores do Estado, quer seja na Divisão Especial ou nos Jogos Abertos. No último ano, em uma parceria com um clube de futebol, veio o apoio de uma marca esportiva que levou o clube ao semi-profissionalismo e a tão sonhada vaga na Liga Nacional.
O ponto algo desta nova fase veio com a vitória de domingo, em casa, por 3 a 1, e a de ontem, em Joinville, por 2 a 1. É óbvio que o Joinville era o favorito, pois tem um investimento alto, jogadores de Seleção Brasileira. A torcida só esqueceu que, no esporte, ganha é quem vence. Não quem é o melhor na teoria.
Parabéns para o Colegial, que não conquistava um título do Estadual desde 1980. E, para o interior, passou da hora de acabar esta rivalidade estúpida e sem sentido. As origens disso, segundo o que eu ouvia quando era criança, em Curitibanos, vêm da política. Como Florianópolis é a Capital, "tudo" acontecia aqui e "nada ia para o interior". Faz sentido. Mas é preciso lembrar que MUITA gente do interior vem morar aqui, vem GANHAR DINHEIRO aqui, normalmente trabalhando em repartições públicas. E é preciso lembrar que a população daqui não tem culpa dos políticos do interior preferirem manter a capital aqui. Já tentaram uma vez mudar a sede do governo parao Planalto, mas quem impediu? foi a população? Não.
2 comentários:
Ah, mas na hora de veranear e pegar uma prainha, aí a capital serve, né?
Eu joguei no infanto-juvenil do Colegial em 1985 e 1986, e o curioso é que o Moreira, além de continuar competente, está mais jovem agora do que há vinte anos passados.
O Moreira é um "felômeno". Está no Colegial desde agosto de 1972 e treina o time adulto desde 1979. Merece esse título.
Quanto ao AN, acho que o esporte é o espelho das mudanças do jornal. Há pouco tempo, vi uma legenda que citava um jogador do Joinville (Marlon, eu acho) e dizia mais ou menos que ele disputava a bola "com um adversário", sem citar o nome do pobre coitado (era do Avaí).
Abraço!
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