Foi produtivo, jornalisticamente falando, o lançamento do plano de governo de Nildomar "Nildão" Freire, candidato do PT em Florianópolis. O evento, que cobri para o jornal Notícias do Dia, foi realizado ontem à tarde em um hotel no Centro da Capital e reuniu os líderes do partido no Brasil, no Estado e na cidade.
Além de Gilberto Dell´Pozzo, que dirige a sigla no município; Luci Choinaki, chefe em Santa Catarina; e de Ricardo Berzoini, comandante petista em todo o País; vieram de Brasília o deputado federal Claudio Vignatti e a senadora Ideli Salvatti. O objetivo do encontro - que reuniu vários militantes e candidatos a vereador - quase passou despercebido. Ficou nítida a preocupação em rebater os resultados das pesquisas eleitorais.
Luci e Ideli lembraram que o partido já ganhou eleição "perdida" antes. A senadora, habilmente, ainda desdenhou ao citar que no pleito que a levou ao Senado, o Ibope a mostrava em quinto lugar na véspera da eleição. "Doze horas depois, eu estava em primeiro lugar", comentou. Berzoini afirmou que existem institutos de pesquisa sérios e que outros podem ser comparados com pizzaria. "Me vê uma meia calabreza e outra meia muzzarela. Trabalham por encomenda", brincou.
Momentos antes da entrevista, Gerson Basso, candidato à vice na chapa de Nildão e presidente do PV em Florianópolis e no Estado, também questionou as pesquisas. "Na eleição passada, eu sozinho com 3 candidatos a vereador, fiz os 3% da última pesquisa", lembrou. Está intrigado como agora, uma coligação pode ter o mesmo desempenho, sendo que "o PV foi o partido que mais cresceu em Florianópolis". Fato, por sinal, comprovado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE).
Eles negam e vão negar sempre. E eu faria o mesmo. Mas o fato é que o desempenho está realmente muito abaixo do esperado. Nildão e Luci incitaram os militantes presentes ao dizer que "a campanha começa agora". O candidato chegou a citar que há militantes já desanimados. "É para isso que servem as pesquisas, para desanimar", sugeriu Ideli.
Particularmente, continuo achando que tudo ainda pode acontecer nesta eleição. Não há candidato eleito nem candidato derrotado. Bom, talvez uma das chapas não tenha a menor chance. Mas as outras seis, todas estão no páreo. Faltam poucas semanas, mas muita coisa ainda pode acontecer. O prefeito licenciado Dario Berger (PMDB) tem se preocupado demais em pedir direitos de resposta. E, justiça seja feita, seus adversários também já fizeram o mesmo. Mas não é isso que nós eleitores queremos. Precisamos conhecer as propostas deles. Não adianta Dário dizer o que já fez como prefeito. Também não nos interessa o que Esperidião Amin (PP) já produziu como governador e na prefeitura. Isso é passado. Isso era meramente a obrigação de ambos. Deles e dos outros cinco candidatos precisamos saber quais são as alternativas que propõem para melhorar o estado caótico que Florianópolis se encontra. Ou alguém realmente ainda acredita que aqui é o paraíso?
Ainda na coletiva de ontem, nem Berzoini nem Luci quiseram expôr as expectativas do PT no Estado. Se saíram com respostas paliativas. Algo bem compreensível. Não iriam se arriscar a divulgar altas expectativas. Ou baixas. Luci se limitou a dizer que alguns municípios a briga é promissora, mas prefere "esperar o 5 de outubro".
Para descontrair o ambiente e demonstrar otimismo, Nildão brincou que Marta Suplicy deve desculpá-lo, mas posse em 1o. de janeiro é muito melhor em Florianópolis do que em São Paulo. Então, Berzoini ficou convidado a vir para a capital catarinense. O presidente nacional do PT se saiu bem ao dizer que o ideal é marcar a posse de ambos em períodos diferentes do mesmo dia. Fé nunca é demais.
Em termos nacionais, minha colega Renata Moreira, do Diário Catarinense, questionou Berzoini sobre a provável indicação da ministra Dilma Russef para a vaga de substituta do presidente Lula em 2010. Muito político, o deputado federal alegou que Dilma lhe agrada muito e que ela tem potencial, mas que "outros filiados têm o direito de pleitear a vaga". Aproveitei a deixa para indagar se ela acha que ela está pronta, pois na cerimônia das obras do PAC, há alguns meses, o discurso da ministra foi entediante, cansativo e extremamente técnico, irritando até a militância petista. Berzoini não me contradisse nem deixou de concordar comigo. Deu a entender que ela pode melhorar.
Para Santa Catarina, Basso deixou claro que a coligação de 2008 em Florianópolis deve se repetir em 2010 para o pleito estadual. Praticamente, lançou a candidatura (óbvia) de Ideli Salvatti com o PV trabalhando em conjunto. "Se iniciou aqui um namoro que pode virar noivado e tem tudo para se transformar em casamento", argumentou o presidente dos verdes. Ideli sorriu, brincou, tentou despistar, mas não negou nada. E Nildão também não. Ao contrário, abriu um largo sorriso. Basso disse ainda que Florianópolis é a única cidade do País onde PV e PT estão juntos. Berzoini referendou a idéia ao dizer que vê com bons olhos a aproximação dos dois partidos e lamenta que isto não esteja ocorrendo em outros Estados.
Realmente, a eleição de 2010 começou.
Um comentário:
Sou petista antes mesmo de o PT ser fundado, mas acho que está pegando muito mal o Nildão - e a própria Ideli - dizerem que o governo federal pode investir mais em Florianópolis se for eleito um prefeito petista. A oração "imagina o que o Lula vai fazer se o prefeito for do PT" dá uma idéia de favorecimento e, portanto, de ilegalidade. Fica parecendo que nossa capital só vai receber o carinho do governo federal se um "da corja" for prefeito. Não digo que isso não possa ser verdade, mas que pega mal, pega...
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