quarta-feira, 3 de setembro de 2008

O balanço da Aliança

Ainda entendo muito pouco - ou quase nada - de Política para comentar isso. Mas fica difícil acreditar nos líderes da Tríplice Aliança, a coalizão que dá sustentabilidade ao governo Luiz Henrique da Silveira (PMDB). Na última segunda-feira, depois da vistoria às obras de restauro da Catedral Metropolitana de Florianópolis, ao responder minhas questões e às do colega Moacir Pereira, LHS respondeu que "não há crise".

Horas antes, na Assembléia Legislativa, o presidente da casa, deputado Julio Garcia (DEM) no seu eterno tom apaziguador me garantiu que "eleição na terra, tempo de guerra. Mas isso é passageiro e vamos resolver os problemas". Logo depois, o líder do Governo no parlamento, deputado Herneus de Nadal foi o único a reconhecer que a situação preocupa. "Não há como negar, mas é algo natural, pois são questões locais. E já passamos por isso antes", concluiu.

No início daquela noite, por telefone, o deputado Marcos Vieira, líder da bancada dos tucanos também amenizou o entrave. Perguntei se uma eventual cassação da candidatura do seu partido, Clésio Salvaro, em Criciúma - motivada por uma ação impetrada pelo PMDB de LHS - poderia gerar uma retaliação. Será que Salvaro não se rebelaria, passando a ser o voto decisivo para as CPIs que a oposição tenta, incansavelmente mas sem sucesso, abrir na Assembléia? "O deputado Salvaro tem dado mostras que está com o governo. Não acredito que ele vá fazer isso", argumentou Vieira. Segundo ele, apesar dos ânimos acirrados, "não é nada que uma boa conversa não possa resolver". O tom de boa vizinhança, porém, contrastou com a cobrança: "o que esperamos é que haja bom senso de todas as partes", citou o tucano.

Ontem, na volta dos parlamentares à Assembléia, para mais uma semana de trabalho dobrado por causa do Calendário Eleitoral, a expectativa minha - e, acredito, entre os demais colegas - era por uma pequena guerra no Plenário. Ao invés das críticas contundentes das bancadas do PP e do PT eu estava pronto para registrar bate-boca entre os aliados.

Que nada! O clima foi irritantemente morno. Nem mesmo um novo entrave surgido pela manhã impediu o clima de camaradagem e "tudo está bem" que os homens de paletó e gravata tentaram demonstrar. A reunião da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) deveria ter votado a liberação para um pedido de empréstimo junto ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). São US$ 300 milhões para investir em construção de rodovias e revitalização de outras. Mas Joares Ponticelli (PP), o crítico mais incisivo do atual governo na Assembléia, soliticou mais informações sobre o processo. O presidente da CCJ e relator da matéria, Romildo Titon (PMDB), queria a votação. Acabou ficando numa saia justa, pois o democrata Gelson Merísio deixou de lado o apoio que dele era esperado e apoiou a solicitação de Ponticelli.

"É melhor que seja agora do que lá na frente, quando tudo estiver encaminhado. Se alguém achar alguma falha, a perda de tempo será maior", despistou Merísio, com a intenção de assegurar que não foi uma retaliação pelo apoio que LHS tem oferecido aos candidatos do PMDB nas campanhas da Capital, Criciúma, Joinville e Balneário Camboriú. Cidades onde PSDB e DEM estão na briga e com chances. O líder dos tucanos também tentou me convencer disso. "O PSDB continua na base do governo", citou Vieira. Merísio, porém, deixou no ar que a aparente calmaria pode cessar. "Até as eleições não vamos criar problemas no Plenário ou nas comissões. Depois é outra história. Será um novo momento político que precisa ser avaliado", comentou.

Eles negam, mas a bancada do PMDB (com apoio dos deputados federais) lançou nota de apoio ao ex-governador Eduardo Pinho Moreira. Um afago no presidente estadual do partido, criticado publicamente pelo atual vice-governador, Leonel Pavan, que preside o PSDB em Santa Catarina. Em outro almoço, o da bancada tucana, quem ganhou solidariedade foi Pavan e Salvaro.

Será que algum mortal gostaria de estar no lugar de Luiz Henrique da Silveira? Estou fora. E eu que sempre pensei que apenas no jornalismo era preciso lidar com tantos egos e interesses. Na política a coisa é muito pior.

Boomp3.com

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